quarta-feira, novembro 30, 2005

I'm cold

A chuva foi-se e o frio aí está. Estou em vias de me tornar no Chilly Willy, de Walter Lantz, porque também eu não quero sair tão cedo do meu igloo.

Schiller na TV? Dão-se alvíssaras

No ano de Schiller, tem sido notável a programação do notável canal televisivo que é o ARTE.

Confesso que só o sei por causa de uma dica do meu amigo FCA. Há muito que deixei de ter acesso livre ao canal franco-alemão (recuso-me a pagar seja que quantia a mais for, por um direito que adquiri quando aderia ao TV-Cabo), pelo que deixei de me maravilhar com a sua programação.

Alguém sabe onde poderei encontrar um programa que seja sobre o autor de "Do Sublime" na RTP, SIC ou TVI? A gerência agradece.

Mirada rápida em concurso da RTP1

- Qual o nome do realizador do filme português "A Menina da Rádio"? - pergunta o entrevistador.
- Woody Allen! - responde a concorrente.

O Quarteto está pelas ruas da amargura

Pode ler-se no Público de hoje:

"Quarteto baixa preços para atrair público ao cinema, por Diana Ralha. Jovens, estudantes e idosos passam a pagar dois euros a partir de Dezembro"

A questão é simples: o Quarteto já não é o que era, e não consegue voltar ao que era.

Era local de peregrinação de cinéfilos em demanda de cinema de autor e filmes de vanguarda. Durante metade dos seus 30 anos de vida (comemorou-os na semana passada!), o Quarteto rivalizou com os cinemas tradicionais, as grandes salas e os cinemas de bairro, apesar dos seus écrans diminutos e das escadinhas para cima e para baixo. Foi mesmo o primeiro multiplex a afirmar-se no mercado lisboeta. Tudo graças ao empenho, ao traquejo e ao bom gosto de Pedro Bandeira Freire.

O ambiente tinha uma certa fleuma urbano-depressiva, com muito fumo, discussão sobre o que se estava a ver, travo de café e mastigadelas do pão-de-ló de Alfeizerão, do barzinho do Sr.Juvenal. Os arrumadores e as bilheteiras faziam parte do mobiliário e aquilo era simpático. E assim foi sendo até alguns anos atrás, quando Bandeira Freire se cansou, farto de ser estrangulado pelo cartel dos distribuidores e por nítido cansaço físico. A crise instalou-se durante algum tempo (com direito a descontos de INATEL e tudo) , até que Bandeira Freire resolveu sub-alugá-lo à Castello Lopes, via LNK.

A coisa ainda funcionou nos primeiros tempos, com a exibição de alguns filmes em exclusividade, mas rapidamente a má influência dos herdeiros da CL se fez sentir ... CL que já tinha matado o seu bébé de sempre - o Condes - havia pouco tempo, e quase fazia o mesmo ao seu outro bébé lisboeta, o Londres; diz-se que os herdeiros dos manos Castello Lopes só pensam no dinheiro dos multimédia ...

Agora? Já não vou ao Quarteto há muitos, muitos meses. E só esporadicamente voltarei lá. Porquê? Porque não gosto de ouvir o projeccionista ao telemóvel enquanto o filme é exibido. Porque para ver os mesmos filmes que outros cinemas têm, com coca-cola e tudo, vou a outros cinemas. Porque não gosto de respirar o pó e os miasmas daquelas cadeiras. Porque fiquei sem o Sr.Juvenal e sem as minhas bilheteiras preferidas. Porque não gosto de ver os arrumadores sem uniforme, de sandálias e de camisa havaiana, como os vi da última vez. Porque não voltarei enquanto Bandeira Freire não tomar conta daquilo ...

Rendez-vous obrigatório com Anouk

A programação do TCM da nossa TV Cabo não presta para nada e é repetitiva, eu sei (inclusive, já tentei saber por várias vezes qual a razão dela não ser igual à fabulosa programação da TCM inglesa, por exemplo - e para não falar da americana -, mas sem sucesso). Mas há por lá um filme que me obriga a fazer STOP sempre que está a dar. Podia ser pela história de amor, que nem é grande coisa; podia ser pela realização de Lumet, que também não é nada de especial; podia ser pela magnífica música (de mestre John Barry) que acompanha o filme. Mas não é.

É por causa de Carla, aliás Nicole Françoise Dreyfus, aliás Anouk Aimée, que faço paragem obrigatória em "The Appointment" (1969). Nunca esteve tão bela, tão frágil, tão elegante, tão feminina.

terça-feira, novembro 29, 2005

Porque gosto do Mudo?

Há quem se interrogue "por que carga de água este tipo se interessa pelo cinema mudo, quando ninguém quer saber daqueles exageros mímicos, cheios de pó de arroz e sombras nos olhos, e daqueles cenários de cartão para nada, mesmo nada?!". Pois têm toda a razão. Mas a minha razão é tão só esta:

Devo-o quase em exclusividade à minha Avó materna, que me contava as suas aventuras enquanto menina e moça, no cinema dos Algarves, escapulindo-se para detrás da tela (era a única forma de ver filmes por ser menor de idade), usando um espelho para ler as legendas dos intertítulos. E de como gostava dos dramalhões italianos de Pastrone & Cia., ou das aventuras da Pearl White, em folhetins, que terminavam com ela na iminência de ser atropelada por um comboio, ou caindo de uma ribanceira; enfim, coisas dos anos loucos. Do Sheik de Valentino. Da Negri fazendo de gata das montanhas.

Mais tarde vi o programinha de Lopes Ribeiro, com aqueles intermináveis sketches de Charlot, Pamplinas, Bucha & Estica, mas também de coisas mais sérias como as coisas de George Pallu, por exemplo. De seguida, o Cine-Clube da RTP2, que nunca mais foi igual (enfim, era o tempo do verdadeiro serviço público, sem necessidade de se auto-propagandear). Mais tarde conheci Lon Chaney, Fairbanks, Valentino, Clarence Brown, Helm, Seaström, Murnau, L'Herbier, Lubitsch, Stroheim, Lang e tantos outros. Conheci-os na Cinemateca, no VHS e nos fora por aí fora. Em livros e fotos. E foi assim que tudo começou e nunca mais há-de parar... Apaixonei-me pela sua plástica, por aquele silêncio que puxa à imaginação, por aquele véu de conto de fadas que tudo envolve, ou quase tudo.

É difícil alguém falar melhor o inglês:

- My lips, two blushing pilgrims, ready stand To smooth that rough touch with a gentle kiss - Leslie Howard, aliás Romeu, em "Romeo and Juliet" (1936);

- I want you to live with me and die with me and everything with me! - James Mason, aliás Humbert Humbert, em "Lolita "(1962);

- Don't take such tone of voice with me! - Gywneth Paltrow, aliás Sílvia Plath, em "Sylvia" (2003)

- There isn’t much action in your play, it’s all—you know—lines - Vanessa Redgrave, aliás Nina, em "The Sea Gull" (1968)

segunda-feira, novembro 28, 2005

Directamente das Penhas Douradas para Gance e Eisenstein

Foi notícia durante o fim-de-semana: famílias excitadas rumaram à Estrela para brincarem na neve gelada.

E vi-me imediatamente pairando sobre aquelas fragas, que minha Avó paterna baptizou de Penhas Douradas, há 80 anos (+/-), inspirando a pintor retratista; e imaginei-me no pátio-miradouro da Vivenda Anita (de belo traço Cassiano), debruçado naquele corrimão torcido de tronco de cerejeira, mirando o vale até Manteigas em écran tríptico, de cinema desconhecido.

Vi-me jogando bolas de neve à garotada, rindo e saltando como um louco, correndo e sonhando lides napoleónicas de Abel Gance. Mas rapidamente viajei até junto de Ivan Groznij, idolatrando Nicolai Tcherkasov e aquele seu perfil, as sobrancelhas arqueadas, a barbicha; depois da fuga de Kazã, debruçado, mirando, também ele, o povo em peregrinação, em fila compacta, por entre a neve gelada para suplicar ao Tzar que regresse a Moscovo e acabe com a oprichnina.

{(Paltrow)2 + (Hopkins)2 = (Madden)2}?

Todo o teorema matemático precisa de demonstração, se quiserem, da prova dos nove. "Proof" fica-se pela prova real: filho de peixe sabe nadar. Isto é, filho de matemático brilhante, também louco, pode ser ainda melhor matemático, não necessariamente louco. Dito por outra palavras, o mais recente filme de John Madden é um filme de actores, e por isso nunca se chega a saber o que seria deles, do filme e de Madden, sem eles; e o que seria deles sem a peça que lhes serve de suporte...

Mas sendo um filme de actores, ele é-o em tudo quanto isso tem de bom e de mau. De bom, porque temos em cartel duas das maiores figuras do cinema actual: Gwyneth Paltrow e Anthony Hopkins - os dois estão bem, mais a primeira (nunca cansa) do que o segundo (já cansa) e os secundários Jake Gyllenhaal e Hope Davis também, embora ofuscados pelo brilho das celebridades. De mau, porque para além disso pouco mais há do que academismo filmado e algumas cenas de magistral dramatismo, muito por culpa do fulgor dos intérpretes.

"Bullit" (1968): Look, you work your side of the street, and I'll work mine

Em época de pré-Natal costumam aparecer por aí, à espreita de compradores compulsivos, algumas campanhas do género "compre 1 e leve 2 ou 3", mas também alguns produtos interessantes como caixas de 5, 6 e mais DVD, dedicadas a este ou a esta. Bom, este ano isso não foge à regra e ontem mesmo já vi umas quantas. Só não entendo (ou melhor, entendo) por que razão nessas caixinhas sempre escapam 1-2 filmes-chave, substituídos por coisas completamente dispensáveis.

Veja-se o exemplo da caixinha dedicada a Steve McQueen, um dos meus ídolos, onde não estão filmes como "The Getaway", "Le Mans", "The Magnificent Seven" ou "The Great Escape". Assim perderam um comprador...

"Chicken Little" faria corar Disney...

Se Walt Disney um dia voltasse do lado de lá, voltaria a correr para lá depois de ver «Chicken Little» ... e depois de despedir com justa causa Mark Dindal e demais equipa que realizou e trouxe até nós esta fitosa de animação digital.

No capítulo dos filmes de animação, «Chicken Little» é um produto menor, com uma história banal, feita de excessiva colagem a êxitos cinematográficos e composta por personagens «déjà vu», e ainda com músicas horrorosas! As gargalhadas são, na sua grande maioria, forçadas.

Enquanto produto do sub-captítulo da animação digital está mal feito e fica a anos-luz de um «Finding Nemo», por ex.

Não se chega a perceber como é possível encontrar-se «Chicken Little» a competir nos Óscares deste ano, ao lado de "Castelo Andante", "Wallace & Gromit" e "Corpse Bride", por exemplo. O nome de Disney não diz tudo ...

sexta-feira, novembro 25, 2005

Como emoldurar ou encadernar um filme?

Muitas vezes me interrogo se algum dia me será possível emoldurar ou encadernar alguns dos filmes lá de casa. Pois se já se escutam livros e vêem concertos, porque não emoldurar-se "The Duellists" (1977) em talha barroca, feita à mão pelos artesãos de uma Sufel, ou encadernar "In the Mood for Love" (2000) a meia-francesa de pele e cantos, com papel a condizer, a ferros em ouro fino, no Sr.Cmdte. da Paulino Ferreira & Filhos ou no voluntarioso Arménio? (sucessores, mas não herdeiros, da arte de Raúl Almeida)?

Carole Lombard e os meus fiéis amigos

Às vezes dou por fim folheando os 3 volumes da velhinha Hutchinson's Dog Enciclopedia, procurando os meus fiéis amigos defuntos, e outros que hão-de vir, em casa maior. E páro sempre, demoradamente, naquelas fotos e naqueles desenhos coloridos, sobretudo naqueles onde contracenam com algumas das estrelas de cinema do antigamente, posando nos estúdios da moda de antanho, ou nalguma corrida de cavalos ou de galgos. Ele são King Charles debaixo do braço das stars, ou trazidos pela trela um perfeito Bulldog francês, ou um imperial Borzoi; eles, os fiéis amigos, que tanto têm contribuído para a 7ª Arte, de Rin Tin Tin a Lassie, passando pelo Fox-Terrier de pêlo cerdoso - a atrevida Asta - dos filmes da dupla Dick Powell & Myrna Loy.

Uma das actrizes porque passo continuadamente é a malograda Carole Lombard (1908-1942), (paixão maior de Gable e grande dama da tela dos anos 30), poucos anos antes de tombar do avião de War Bond, grande amigo de Gable e actor obrigatório em Ford. Era realmente uma das mulheres mais bonitas e elegantes de Hollywood. Que pena ter tido uma carreira tão curta. Ficam as fotos.

quinta-feira, novembro 24, 2005

Todos a Sundance!!

"Want to hang with us in Park City and be a part of the action? We welcome you to join over 1000 other volunteers who will help us with everything from ticketing to transportation at the 2006 Sundance Film Festival."

É com este desafio que a organização do melhor festival de cinema independente do mundo dá as boas-vindas aos cibernautas que visitam o site do "Festival de Sundance 06", que se irá realizar em Park City, no Utah, de 19 a 29 de Janeiro. Aos maiores de 21 anos interessados, bastará fazer "click" e preencher um formulário. Daí a fazerem parte de um dos projectos mais aliciantes do actual mundo do cinema é um ápice. De que estão à espera?

quarta-feira, novembro 23, 2005

Obituário: Isabel de Castro (1931-2005)

O teatro e o cinema portugueses estão de luto pela morte da actriz, e a Avenida da Igreja fica consideravelmente mais pobre.

- Mes parents ne croyaient pas aux fées. Elles les ont punis en ma personne.

Lamenta Jean Marais a Josette Day, em "La Belle et La Bête" (1945).

São poesia na tela os filmes de Jean Cocteau, ele que dizia que o seu método para este filme foi simples: «ne pas me méler de poésie, elle doit venir d'elle-même». Considerava também que «un film doit distraire l' œil par des contrastes, par des effets qui ne cherchent pas à copier ceux de la nature, mais à trouver cette vérité que Goethe oppose à la réalité. (...) Chez la Bête, j' adopte une sorte de crépuscule qui correspond mal à l' heure où la Belle sort. J'enchaînerai peut-être même ce crépuscule avec du clair de lune si j' en ai besoin. Un film est une écriture en images. »

Mas a poesia é universal, como é fácil comprovar-se em "Ugetsu Monogatari" (Os Contos de Lua Vaga ), de 1953, do cineasta-poeta japonês Kenji Mizoguchi, mas também em "Ferro 3", do coreano Kim Ki-duk ...

A poesia ao swing do golfe

O que têm em comum um "ferro 3" de golfe e uma história de amor etéreo? À primeira vista, nada. Mas não é assim que Kim Ki-duk acha, e muito bem. Bem para nós, espectadores, que agradecemos mais este tributo ao amor do sul-coreano, ex-marine e apaixonado pela pintura, de apenas 45 anos e já realizador de filmes verdadeiramente notáveis.

Em "Ferro 3" impera, como em "Primavera, Verão, Outono, Inverno..." o silêncio, a contemplação, o ritmo piano. Mas também a ternura, a dedicação, a lealdade. As personagens centrais quase não falam. "Apenas" se exprimem, olhando, sorrindo, movendo-se, amando-se. Kim Ki-duk usa a obsessão oriental pelo golfe, importada dos americanos, como expediente para libertar a energia acumulada, descarregar a raiva, mas também como acto de justiça e contrição. Tal qual a barrela improvisada e as chapadas bem dadas.

Mas "Ferro 3" (club pouco usado no golfe) é também uma maneira de entrar pelo buraco da fechadura (como diz Kim Ki-duk) das casas sem chama, sem amor, feitas de pessoas sós. Por isso, aquilo que Tae-suk faz - entrar em casas desocupadas temporariamente - é dar calor humano e esperança àqueles espaços.

Enfim, trata-se de um filme absolutamente imperdível, saído de uma cinematografia que cada vez mais dá cartas no cinema, e impondo o cinema coreano como um dos seus maiores factores de desenvolvimento económico. Algo a aprender por muitos outros...

terça-feira, novembro 22, 2005

As maiores do Cinema Mudo

Já aqui falei a espaços da minha predilecção pelo Mudo, mas queria falar mais dele, começando (porque não?) por elas, pelas Divas do mudo, a maior parte delas com biografia mirabolante, história rocambolesca, mas sempre muito, mas muito, encanto e deslumbramento. Quero saber qual acham ser a maior de todas: a mais-que-tudo (*).

Para isso é só responderem ao inquérito do lado (podem escolher uma, várias, todas ou nenhuma), que não podendo ter todas as divas, vamps, marias rapaz e noivas daqueles tempos, tem aquelas que considero serem as 10 mais idolatradas, com a minha reverência e o meu sincero pedido de desculpas às russas Alla Nazimova e Olga Baclanova, às alemãs Leni Riefenstahl, Lil Dagover; e a Lily Damita, Lyda Borelli, Lya De Putti, Mae Murray, Mary Astor, Norma Talmadge, Pina Menichelli, Renée Adorée e a Talullah Bankhead.

E atenção às pérolas filológicas que são os nomes artísticos, de guerra, o que quiserem, de Renée Adorée (Emilie Louise Victorine Reeves), Theda Bara (Theodosia Burr Goodman) e Pola Negri (Barbara Apolonia Chalupiec).

(*) É evidente que a ausência de Greta Garbo é propositada, uma vez que Garbo é única no Mudo e no Sonoro; por isso ficará para outra sondagem e captação.

segunda-feira, novembro 21, 2005

Para todos uma Elisabethtown

Cameron Crowe é apenas uma das mais sérias confirmações do cinema norte-americano. E ainda por cima é notoriamente fiel aos cânones que fizeram de Hollywood o centro do mundo cinematográfico; sem contudo nunca abdicar da sua contemporaniedade, de que o telemóvel e a sapatilha de ténis são exemplos maiores nesta soberba mensagem de optimismo que é «Elisabethtown». E para cúmulo, Crowe tem dois dotes extra: sabe dirigir actores de forma excelente, especialmente as duplas de protagonistas; e tem um notável sentido de aplicar a cada cena, a cada sequência a canção perfeita, na sua esmagadora maioria proveniente dos mais recônditos espaços da nossa memória.

«Elisabethtown» é uma comédia melodramática, assente numa série de diálogos notáveis, que giram à volta de um frustrado de uma grande empresa, pronto a tudo para expiar os seus pecados, que é salvo de uma tentativa engenhosa de auto-flagelação pela persistência infantil de uma hospedeira de província, quando vai a caminho de resgatar para a mãe o corpo do falecido pai, algures numa cidadazinha americana, própria de pintura naïf.

A química entre a fabulosa Kirsten Dunst (cuja prestação lhe vale imediata re-admissão no grupo das minhas eleitas) e o surpreendentemente verosímil Orlando Bloom, vale por inteiro a deslocação. E no fim, deseja-se que todos os frustrados deste mundo (e ele são tantos) consigam achar a sua rota, o seu «recorrido histórico»; com ou sem a ajuda de Claire ... por sinal, estive todo o tempo do filme esperando, esperando que Crowe fosse buscar para uma cena com o anjo de guarda de Bloom, a música «Claire», de Gilbert O'Sullivan; mas não, Kirsten Dunst só teve direito a O'Sullivan em «Virgin Suicides», Naturally ....

Em Lisboa é preciso clonar o exemplo de Boise

Ai, ai, amigo, amigo Greg, porque é que na tua Boise, capital do Idaho, dos lagos, dos grizzly e dos salmões, vocês puderam conservar para a posteridade esse magnífico cinema que é o Teatro Egípcio (e que belo site têm!); e nós, aqui em Lisboa, deixámos demolir o Monumental e o Eden, deixámos esventrar o Cine-Royal e somos indiferentes à sorte do Capitólio, do Paris e do Odéon? Porquê?

Porque vocês vão recuperar a «nossa» Nova Orleães e pô-la num brinco, coisa que nós nunca conseguiríamos fazer ...

A aprender com os pinguins imperadores

«A Marcha dos Pinguins» é um filme a ver e reter, pois daqui a umas décadas, quiçá, o azul e o branco da sua Antárctida já serão bem diferentes ...

Poderá estar sem pinguins, mas coberta de bandeirinhas e estações de observação; poderá estar com muito menos blocos de gêlo, mas com mais alguns destroços de barco debaixo de água.

Enfim, se por um lado o homem filma, ri e se comove com a dedicação familiar e a paixão pela propagação da espécie que o pinguim imperador teima em garantir, por outro é capaz das maiores barbaridades ao nível da destruição do seu «habitat».

Sob o ponto de vista documental, este filme não sendo soberbo (nem perto disso) tem uma faceta tremendamente romântica que faz com que seja mais fácil o seu êxito comercial. Falo por mim, claro.

«D.Quixote» de Welles? Vou ali e já venho...

Nem o facto de ser viciado em Welles me impede de dizer no pasará a este pseudo-filme do génio norte-americano.

Com efeito, o que há ali de Welles é muito pouco, talvez mesmo só aqueles planos em que a fotografia é gravura de Doré (como bem diz a «produção»), e os planos em que o próprio gigante se nos apresenta em pose, como só ele sabia posar.

No resto sobra um Akim Tamiroff prodigioso, como sempre, na figura de Pança. E uma Espanha que, felizmente, pouco já tem desse encantamento parolo que tanto enfeitiçava as celebridades estrangeiras.

sexta-feira, novembro 18, 2005

Ainda sobre o Disco Sound

Sinceramente, não percebo a indignação contra a Disco, já que ela fez tanto mal a uma geração inteira, como o fizeram Ian Dury ou Nina Hagen, ou fazem The White Stripes ou os "Air", por exemplo. O problema, a haver mesmo, está em cada um de nós. Aos indignados, dedico os versos de Dorival Caymmi:

"quem não gosta de samba
bom sujeito não é,
é ruim da cabeça,
ou doente do pé
"

E, já agora, os Boney M., s.f.f.

Só se fala nos "Village People", que actuam hoje no Pavilhão Atlântico, em noite dedicada ao Disco Sound. Simplesmente, eu, se fosse lá (que não vou) só iria para ver e ouvir os Boney M.

Que relação têm eles e o cinema? À primeira vista, nenhuma; mas quando se vê "Aaltra" (2005), o que fica é a interpretação desconcertantemente pimba que um inspirado motard finlandês faz do inesquecível tema "Sunny":

"Sunny, yesterday my life was filled with rain.
Sunny, you smiled at me and really eased the pain.
The dark days are gone, and the bright days are here,
My Sunny one shines so sincere.
Sunny one so true, I love you.

Sunny, thank you for the sunshine bouquet.
Sunny, thank you for the love you brought my way.
You gave to me your all and all.
Now I feel ten feet tall.
Sunny one so true, I love you.

Sunny, thank you for the truth you let me see.
Sunny, thank you for the facts from A to Z.
My life was torn like a windblown sand,
And the rock was formed when you held my hand.
Sunny one so true, I love you.

Sunny

Sunny, thank you for the smile upon your face.
Sunny, thank you for the gleam that shows its grace.
You're my spark of nature's fire,
You're my sweet complete desire.
Sunny one so true, I love you.

Sunny, yesterday my life was filled with rain.
Sunny, you smiled at me and really eased the pain.
The dark days are gone, and the bright days are here,
My Sunny one shines so sincere.
Sunny one so true, I love you.

I love you.
I love you.
I love you.
I love you.
I love you.
I love you
."

Para os românticos, com votos de bom fim-de-semana

Ficam três citações de "Casablanca" (1942), considerado o filme mais romântico de todos:

Sam: [cantando] You must remember this / A kiss is still a kiss / A sigh is just a sigh / The fundamental things apply / As time goes by. / And when two lovers woo, / They still say, "I love you" / On that you can rely / No matter what the future brings-...

Rick: [sobre Ilsa]: Of all the gin joints, in all the towns, in all the world, she had to walk into mine.

Capitão Renauld: [a Ilsa]: I was informed you were the most beautiful woman ever to visit Casablanca. That was a gross understatement.

As "minhas" recordações do Tivoli

A propósito de um comentário amigo, e no meio dos filmes que lá vi, recordo com mais emoção "O Terramoto" (1974) e o seu sistema sensurround - em que parecia que as cadeiras se mexiam quando o sismo atacava -, "A Torre do Inferno" (1974), "Os Amantes de Maria" (1984), "Blue Velvet" (1986), e, claro, a reprise de "E Tudo o Vento Levou. E há 11 anos, no âmbito de "Lisboa Capital Europeia da Cultura", as incríveis exibições de dois dos marcos do cinema: "O Ladrão de Bagdad" (1924) e "Intolerance" (1916), acompanhadas por orquestras ao vivo, regidas, respectivamente, por Carl Davies e Joana Carneiro.

Mais atrás (e sem cinema), há para aí 30 anos, a recordação da minha prima direita, Vera, dançando um ballet de meninas, vestida de Pai Natal, ao serviço do Externato Princesa Santa Joana. Mais à frente, muito mais à frente, os concertos do maluco, e malcriado, saxofonista de jazz, Gato Barbieri (não me batam, mas fui vê-lo e ouvi-lo por causa do "Último Tango em Paris"), e da virtuosa pianista que é Eliso Virsaladze.

O registo mais impressionante de todos: o seu projeccionista residente (e hoje funcionário da Cinemateca), declarando, emocionado, quanto chorou ao ser-lhe comunicado que o Tivoli deixaria de exibir filmes.

O Tivoli hoje? Lá se vai aguentando de pé, e isso é que interessa. Amanhã? Um dia, quem sabe, alguém o comprará para o devolver à sua função nobre: cinema.

quinta-feira, novembro 17, 2005

O Expressionismo alemão à distância de um click

Aos fãs dos tempos áureos da Ufa, Nero, etc.; dos tempos de Lili Dagover, Emil Jannings, Klein-Rogge, Brigitte Helm, Lorre, Conrad Veidt, etc., etc., só há dois sítios electrónicos possíveis para tudo saberem sobre "Der Golem", "Der Letzte Mann", "Tartüff", "Spione", "Metropolis", "Dr.Mabuse, der Spieler" ... e para tudo encomendarem: as eminentes Fundação Murnau e Transit Film, especializadas na divulgação, restauro e edição em DVD das obras-primas do Expressionismo alemão, e não só.

Dos cromos a Bergman

Por causa de um e-mail do amigo MS, anunciando-me o seu blogue Cromo dos Cromos, fiz um «flash-back», seguido de «flash-forward», digno de Soderbergh: vi-me mexendo nos cromos da minha infância (das Olimpíadas, F1, História de Portugal, Animais, Futebol, etc.), colando os repetidos dos meus heróis da bola a rectângulos de cartão duro, e, a alguns deles, preferencialmente aos da minha predileção, reforçava-os devidamente com fita adesiva (os guarda-redes, os líberos, os nº 10 e os avançados-centro). Dos berloques perdidos de algum colar de minha Mãe, fazia a bola. E toca de campeonatos atrás de campeonatos. Repletos de falcatruas, claro, mas não tantas quanto as dos campeonatos de verdade, claro.

A infância no cinema? Essa fica em Fanny e Alexandre (1982), de Bergman (obrigado, JA!).

Música no Coração já leva 40 anos!

Vi "Música no Coração" no Monumental (em reprise, claro, que era muito novinho para poder ter assistido à sua estreia, há 40 anos) pela primeira vez. Depois, vi-o mais umas 2-3 vezes em cinema, sendo a de que mais guardo recordações aquela vez no saudoso Cinema S.José, em Cascais. Mais tarde vi-o "n" vezes na TV, onde continuarei a vê-lo sempre que passe. Vem isto a propósito da reunião em NYC da "família" Von Trapp (a que só faltou Plummer) por ocasião do lançamento de um DVD comemorativo dos seus 40 anos de sucesso. E continuarei a fazer o tour de Salzburgo, sempre que lá for, e de preferência ao som de "Edelweiss":

"Edelweiss, Edelweiss
Every morning you greet me
Small and white, clean and bright
You look happy to meet me

Blossom of snow may you bloom and grow
Bloom and grow forever

Edelweiss, Edelweiss
Bless my homeland forever
"

As Bonecas Russas de Klapisch

As celebérrimas Matrioskhas dão o mote ao novo filme de Cédric Klapisch, «Les Poupées Russes», sequela do aclamado «Residência Espanhola» (albergue, teria sido o termo certo mas, enfim, coisas dos tradutores) e percebe-se porquê, logo ao primeiro encontro amoroso de Xavier, e que este explica praticamente no fim.

O filme tem uma boa ideia original, uma imensa energia, um humor contagiante, diálogos vivíssimos, algumas belas fotos de São Petersburgo, Londres e Paris, e soluções técnicas imaginativas ( uso apropriado do ralenti, divisão do écran fazendo a ligação temporal entre cenas, etc.).

Só há um pequeno (grande) problema: «Les Poupées Russes» é um filme que quebra após a primeira 1/2 hora, e só na 1/2 final volta a ter chama, ritmo. Talvez a razão esteja em que cena onde não esteja o sotaque (do Surrey) da marota Kelly Reilly ...

De qualquer maneira, trata-se de um filme muito engraçado, com «happy end» e tudo. Romain Duris, como Xavier, está um senhor actor e de Kelly está tudo dito.

As melhores cenas são as dos encontros do terceiro grau entre o técnico de iluminação, William, e a bailarina, Natacha, seguidinhas por aqueles planos de profundidade, varanda-rua, entre Xavier e Martine (Tautou), e Xavier e Celia. E, claro, o murro que Xavier leva nas ventas, literalmente.

Voltando às verdadeiras Matrioskhas, nunca as tive, apenas as tive e ainda tenho sob a forma de barris de várias cores, em plástico dos anos 50, que se abriam a custo, uma a uma, até que chega a final, a minúscula, onde há um coelhinho encarnado impertigado, como dizendo et voilà!

quarta-feira, novembro 16, 2005

(...) wie ich muss, muss... will nicht, muss! Will nicht, muss (...)

Há muito que Peter Lorre, alias Hans Beckert, em "M" (1931), de Lang, nos confessara o porquê dos seus crimes pedófilos. Lá como cá.

O prazer de ver bom cinema português

Deixem-me que vos diga o prazer que senti ao ver «Alice», filme que apesar de padecer, aqui e ali, dos sintomas da doença crónica que costuma minar o nosso cinema (ex. mau som a exigir legendagem - especialmente quando as personagens falam -, alguns maus desempenhos dos actores - neste caso alguns dos secundários: a empregada que fala com Nuno Lopes, no cimo do edífício defronte à gare do Rossio, o amigo da rave, por exemplo -, etc.)fez acabar com a minhe abstinência em ir ver filmes, de quase 15 anos.

A razão é óbvia: detesto a cadência monocórdica de Oliveira e afins, quase tanto como os policiais de pechisbeque para inglês ver, que os nossos costumam fazer só para dizerem que têm público.

Será «Alice» um caso isolado? Repetir-se-ão num futuro próximo magníficos enredos como o de «Alice»? Haverá mais realizadores por aí a monte, como Marco Martins? Mais Nuno Lopes (onde estava este fabuloso actor?) e Batardas? Voltará Lisboa a ser filmada neste tom quase monocromático, neste registo tão dramático? Será «Alice» um sinal de mudança, finalmente?

Não sei. Só sei que resisti meses a fio, antes que me decidisse a ver «Alice». E ainda bem que o fui ver. Ainda bem que cedi aos argumentos de muitos de vós.

P.S.- Quanto aos porquês da observação "Mas, sinceramente!" de outro post, percebo-a perfeitamente. Queríamos outro final, mas só pode ser aquele. Caso contrário, o filme teria sido um logro.

terça-feira, novembro 15, 2005

O meu Tio das Américas

Tem muito que ver com o seu homónimo, de Alain Resnais, pois também ele se vê em luta e discute sobre a (sobre)vivência. A dele, a da minha tia e a das minhas duas gerações de primos. Por culpa de Chávez. Nestas quase 9 h de vôo de penoso regresso, apenas o abraço e espero que volte súbito.

Dão-se alvíssaras a quem achar estas miniaturas

Já coloquei esta pergunta em vários sites, fora e caixas de e-mail, mas sem resultados: alguém me sabe indicar onde (loja, coleccionador em Lisboa ou arredores) poderei recuperar as (minhas) miniaturas, as originais (Corgi Toys,) do Batmobile (com respectivo barco e atrelado), do Aston Martin prateado do 007, e do Louts Élan branco e do velhinho Bentley encarnado, da dupla Mr.Steed & Miss Peel ("Os Vingadores")? Todos com as respectivas figurinhas, claro, e em boas condições. Eu sei, eu sei, posso pedir pela Net ... mas é melhor examiná-los bem, antes de os comprar...

Ontem, discutia-se cinema português no Metro

Ontem, um casal dos seus 50, discutia junto a mim, na carruagem do nosso duplo-decímetro, perdão, Metro, o filme português "Alice".

Ele: "Estão todos muitos bem."
Ela: "O actor, e a Batarda ou Betarda. Mas, sinceramente!"
Ele: "O rapaz está bem melhor, o tal Lopes."
Ela: "Sim,mas ela, também tem um papel muito pequeno. Mas, sinceramente!"
Ele: "O rapaz, muito seguro, espontâneo, as frases eram mesmo dele."
Ela: "Sim. Mas, sinceramente!"

Fiquei sem saber o que significava o "mas, sinceramente!". Talvez venha a descobri-lo, se for ver o filme.

Sudoku de (mais alguns) vícios

Império Romano: os dois "Ben-Hur", de Niblo (1925) e Wyler ( 1959). "The Fall of the Roman Empire" (1964), de Mann ( no Monumental). E, claro, "Júlio César" (1953), de Mankiewitz; "Spartacus" (1960), de Kubrick; "A Túnica" (1953) e o indispensável Ustinov de "Quo Vadis" (1951), de Le Roy (no Eden).

Corridas de automóveis: "Bullit" (1968),"Le Mans" (1971), "To Live and Die in L.A." (1985) e "Bobby Deerfield" (1977), de Pollack. E, claro, "Vanishing Point", de Richard Sarafian.

Gargalhadas: todos os filmes, sem excepção, dos Irmãos Marx, Buster Keaton, Laurel & Hardy, Max Linder, W.C.Fields e Monty Python, e quase todos de Jerry Lewis.

9ª Arte: "Flash Gordon" (serial dos anos 40 ), com Buster Crabbe, vs. "Batman"(1989), de Tim Burton, mais os dois "The Mark of Zorro", de Niblo (1920) e Mamoulian (1940), e "Tarzan, the Ape Man" (1932), de Van Dyke, embora Zorro e Tarzan não sejam, obviamente, personagens originárias da BD.

Jazz: "The Cotton Club" (1984), de Coppola, "Bird" (1988), de Eastwood, e a guitarra de Django em "Sweet and Lowdown" (1999), de Woody Allen.

Biografia de Truffaut

Estou a ler um livro sobre François Truffaut (1932-1984). Que diabo, nunca pensei que a sua infância tivesse sido tão parecida com a de Doinel. Gosto mais ainda do pequeno grande realizador que foi, e é, o autor de "La Femme d'à Côté".

segunda-feira, novembro 14, 2005

Last night, I dreamt I went to Manderley again

E isso é culpa de Olivier, Fontaine, Judith Anderson, Hitch, Du Maurier, e daquela música fantástica de Franz Waxman para "Rebecca" (1940).

Jodie Foster a quanto obrigas

Jodie Foster pertence àquele número restrito de actrizes (mais Kidman, Paltrow, Sevigny, Uma, Scarlett e poucas mais)de quem vejo quase tudo quanto delas estreia. Acho mesmo que é uma das melhores actrizes vivas. Acho-o desde «Alice Já Não Mora Aqui» , e continuo a achá-lo depois de «Flightplan». E isso torna-se mais evidente quanto se vê o quão desperdiçada é Jodie à medida que o filme descola, e quão pobre é este «Flightplan» sempre que a câmara não capta Jodie. Sem ela o que fica é muito pouco:

Um filme que começa bem, com as alucinações no Metro e no pátio nevado, e a música de James Horner a dar o mote; o mesmo no aeroporto e no «take off» , isto apesar dos lugares comuns (comentários dos passageiros, etc.) que já se vão fazendo sentir, aqui e acolá. A partir daí, o filme entra em piloto-automático - personagens estereotipadas, a criança desaparecida que ninguém viu, etc.- e só não entra em queda livre (altura em que se desvenda a risível e banalíssima trama policial - Wes Craven já nos fizera semelhante maldade em «Red Eye») porque Jodie ( e também Sean Bean) segura as pontas.

Enfim, um filme que distrai, q.b., e que não augura nada de excepcional a Robert Schwentke, seu realizador. A Jodie, espera-se que seja mais bem tratada por Spike Lee, em «Inside Man».

Três notícias breves, sobre três premiados:

Sean Connery irá receber o prémio de carreira do American Film Institute (link aqui ao lado), o 34º prémio dos que aquela instituição costuma brindar os maiores nomes da 7ª Arte.

Por sua vez, Liz Taylor, Tom Cruise e Mike Newell foram premiados no passado dia 10 com os BAFTA (idem), respectivamente, de International Entertainment, Stanley Kubrick Britannia e John Schlesinger.

domingo, novembro 13, 2005

Uma pergunta aos meus amigos na Grécia

Hoje falo da S e do B, desterrados (quem me dera!) em Vouliagmeni, em terras de deuses e de Mikis Theodorakis e Irene Papas (caso contrário, não sabia como havia de falar de vocês!), mas também de muita desorganização! Que nesse vosso novo endereço vos saia tudo de feição, com muita «moussaka», «baklava», e «ouzo» sob a forma de alfa, beta, gama, delta líquido. E não se esqueçam de ir dando notícias ... por falar nisso, ainda estou para saber como se chama aquele café-bar (será um «ouzeri»?) decorado à moda antiga, com colunas e retratos já gastos, algo decrépito e escondido na área residencial por debaixo do Lycabetus, onde fui uma vez beber um café magnífico (parecidíssimo com o café turco), mas onde quis depois voltar, de outras vezes, mas nada. Digam-me onde ele fica!

sexta-feira, novembro 11, 2005

Planos picados, contra-picados e outros

Um parêntesis para falar da terminologia usada na produção cinematográfica, e colocar a lista quase exaustiva que é esta, a partir do estudioso destas coisas, James Monaco. Mas não chego a perceber porque razão a terminologia inglesa mantém o termo francês «découpage» mas elimina «plongée» e «contre-plongée», os meus dois termos preferidos, por sinal, a par de «close-up». E os vossos, quais são?

Nos sapatos de Toni Colette

Curtis Hanson não será um génio como realizador, mas também não é, certamente, um tarefeiro de trazer por casa. Por isso, «In Her Shoes» nunca poderia ser tão mau quanto alguma crítica afirma - e talvez o mal do filme seja o dedo de Tony Scott, produtor executivo, nunca se sabe.

É «apenas» um filme que «não faz mal a ninguém», com um argumento simples, daqueles que se faziam para as comédias dramáticas (sentimentalonas, mesmo) de outros tempos, e que tem nos fabulosos sapatos dos estilistas norte-americanos (em Portugal, contam-se por os dedos de uma mão) o seu «leit motif».

Mesmo sabendo de antemão que se vai ver um punhado de «clichés», e coisas que só no mundo do cinema (e na América, talvez) são realidade - por ex. ganhar-se dinheiro a passear cães durante o dia, ou a aconselhar-se velhotas na escolha do vestuário -, «In Her Shoes» é um filme que sabe bem ver.

Cameron Diaz vale a deslocação, claro, mas 90% do filme é feito de talento, talento e mais talento, de Toni Colette; que senhora actriz!

O Andrade voltou e eu não sabia

Tinha saudades d' Um Blog Sobre Kleist, dos anúncios a gatos desaparecidos, e sobretudo das leituras em lugares públicos, mais propriamente nas linhas do Metro. Mas também do xadrez e de Rohmer. Vai daí, resolvi visitá-lo para este post. Eis quando me surpreendo: o Andrade voltou das cinzas. Ainda bem.

Encontrados poemas de Marlène

Foi notícia a semana passada: foram encontrados poemas de Marlène, poemas de amor, a Hemingway, sobretudo, mas também a outras paixões do passado, como Yul Brynner e Erich Maria Remarque, por ex., e a amigos, como Reagan e Welles. Ao que parece, escreveu-os nos últimos anos de vida, à noite, no seu quarto de hotel, em Paris, usando a velha máquina de escrever de Noël Coward. Foi a filha, Maria Riva (por sinal, autora de uma biografia polémica sobre a diva alemã, e que brevemente será encarnada na tela por Gywneth Paltrow) que os encontrou e publicou, a bem de todos os admiradores, a começar por mim.

É pena que a Dietrich não tenha escrito os versos que a imortalizaram enquanto Lola - tal como ela, "feita para amar" -, no «Der blaue Engel» (1930), e se entretinha a judiar com um mestre-escola (perfeito Jannings) e com todos nós:

"Ein rätselhafter Schimmer
Ein je ne sais pas quoi
Liegt in den Augen immer
Bei einer schönen Frau

Doch wenn sich meine Augen
Bei einem vis-a-vis
Ganz tief in Deine saugen
Was sprechen dann sie?

Ich bin von Kopf bis Fuß auf Liebe eingestellt,
denn das ist meine Welt
und sonst gar nichts.
Das ist, was soll ich machen, meine Natur.
Ich kann halt lieben nur
Und sonst gar nichts.
Männer umschwirr'n mich wie Motten um das Licht.
Und wenn sie verbrennen, ja dafür kann ich nichts.
Ich bin von Kopf bis Fuß auf Liebe eingestellt,
ich kann halt lieben nur -
und sonst gar nichts.

Was liegt in meinen Händen
In ihrem heißen Kuss?
Sie möchten sich verschwenden,
sie haben nie genug.
Ihr werdet mir verzeihen,
ihr müßt es schon [halt] versteh‚n.
Es lockt mich stets von Neuem, ich find es so schön.

Ich bin von Kopf bis Fuß auf Liebe eingestellt,
denn das ist meine Welt
und sonst gar nichts.
Das ist, was soll ich machen, meine Natur.
Ich kann halt lieben nur
Und sonst gar nichts.
Männer umschwirr'n mich wie Motten um das Licht
Und wenn sie verbrennen, ja dafür kann ich nichts [nicht].
Ich bin von Kopf bis Fuß auf Liebe eingestellt,
ich kann halt lieben nur -
und sonst gar nichts
"

quinta-feira, novembro 10, 2005

Abençoadas bandas sonoras

Já alguém imaginou o que seriam os épicos de David Lean sem as sinfonias de Maurice Jarre? O suspense de Hitchcock sem as partituras de Bernie Herrmann? As aventuras de Spielberg sem o empolgante John Williams? A pintura em movimento de Greenway sem o romantismo de Michael Nyman? As obsessões de Lynch, sem os acordes inebriantes de Badalamenti? Até mesmo os filmes mudos nunca deixaram de ter musiquinha a acompanhá-los, do realejo ao piano, passando pela pianola e a caixa de música.

Pois é, a música, o soundtrack, como agora se diz, é um elemento fundamental do filme. Acentua ou dilui efeitos, situações, pormenores. Até há filmes que valem pela música, mas o que é raro mesmo é que um bom filme, o seja com uma música má. Por tudo isso é que muitos realizadores (de gabarito ou não) optam por usar músicas conhecidas, consagradas, da pop à clássica, conforme. E é também por isso que cada vez mais se vendem bandas sonoras, e ainda falta vender-se muitas mais, a começar por esta, para vergonha das nossas discotecas, FNAC, inclusive. Porquê? Por causa de Conte e Tenco.

Sudoku de (alguns) vícios

Alma russa: "Ivã, O Terrível" (1944), de Eisenstein, vs. "Mãe e Filho" (1997), de Sokurov, e ainda "Guerra e Paz" (1968), de Bondarchuk, e "Noites Brancas" (1957), de Visconti.

Comida francesa: "Babette's Feast" (1987), "The Cook, The Thief, His Wife and Her Lover " (1989), de Greenaway, e ainda "La Grande Bouffe" (1973), de Ferreri.

Itália: "Room with a View "(1985), de Ivory & Merchant, vs. " Il Postino" (1994), "Profumo di Donna" (1974), de Risi, e "Riso Amaro" (1949), de De Santïs .

Lovecraft: "Re-Animator" (1985) vs. " In the Mouth of Madness" (1994), de Carpenter.

Música barroca: "Le Roi Danse" (2000) vs.
"Tout Les Matins du Monde" (1991), de Corneau, e "Farinelli" (1994).

Xadrez: "Chess Fever" (1924), de Pudovkin, vs. " La Diagonale du Fou" (1984), e "The Thomas Crown Affair" (1968), de Jewison.

Alan Bates, diz-me o JA

Alan Bates!, que saudade do seu "Homem de Kiev". Dele e de Julie Christie em "O Mensageiro", de Losey e Pinter. Ou nas "Mulheres Apaixonadas", o melhor (o único?) filme do maluco do Ken Russell, ao lado de outro dos meus favoritos: Oliver Reed. Mas talvez a sua maior interpretação fosse aquela em que apenas serviu de partenaire ao espalhafato pirotécnico de Quinn: "Zorba, o Grego". Se alguém quiser ouvi-lo dizendo porquê e como decidiu ser actor, ouça-o aqui.

E lá salta outro vício: Welles

Por causa deste artigo malandreco de PM, assinado no Diário de Notícias (a quem peço não se lembre de um dia vedar o acesso grátis aos conteúdos da edição electrónica), a propósito da estreia nacional (estreia hoje em Lisboa, nos King, mas terá uma sessão especial, no Domingo, comentada pelo próprio PM) do filme "Dom Quixote"(versão livre), compilado sobre os restos deixados pelo génio à posteridade, saltou-me de dentro outro dos meus vícios: Welles.

Não, não vou falar de charutos nem de espectáculos de magia, nem de touradas ou do fausto com que vivia, muito menos de como ele aniquilou, ou não, a carreira de Rita, nem da polémica à volta de muitas das suas posições ou atitudes públicas. Muito menos vou falar dos seus filmes, que venero e a que limpo o pó quase todas as semanas. Nem dos livrinhos ou demais crónicas de quem se acha melhor (ou pior) que Welles. Perante um génio assim, o melhor mesmo é deixá-lo por si próprio, à solta, completamente livre; é ouvi-lo, lê-lo, e, já agora, vê-lo. Aonde? Em "Othello", "Macbeth", "Citizen Kane", "The Stranger", "Confidential Report", "Touch of Evil", "Jane Eyre", "The Third Man". Mas também onde esteve mas não aparece: "The Magnificent Ambersons". E pronto, lá falei do que não queria falar.

quarta-feira, novembro 09, 2005

O dilema de quem substitui vídeos por DVD

Aqui há tempos resolvi começar a dar cabo da minha videoteca, com mais de 20 anos, talvez, e mais de 450 títulos, feitos de mudos e sonoros; comprados, uns, outros gravados por mim, ou por amigos atenciosos, directamente da TV, ou fruto de alguma operação ilegal envolvendo cabos e adaptadores, e cassetes alugadas em clubes-vídeo de antanho. Razões: está aí o DVD, e os vídeos ocupam demasiado espaço e acumulam pó a mais. O problema foi escolher por onde começar.

Usei o critério seguinte: comecei pelos filmes gravados, claro, que os outros custaram mais (e na maior parte dos casos ofereceram-mos). E nesse grupo, que eram para aí metade do espólio, usei um critério adicional: a minha cotação mental (aquelas coisas que agora se usam, como estrelinhas, pontos, etc.), o meu patamar imaginário, abaixo do qual iria tudo para o lixo. Só que a operação não teve grande impacto, eram tudo obras-primas, filhos dilectos, de Lang, Murnau, Eisenstein, Ophuls, Ford, Welles, Kubrick, Coppola, Scorsese e demais ídolos.

Como tal, seguiu-se novo critério: procurei deitar fora tudo aquilo que já foi editado em DVD. Mas aí a coisa era grave pois perderia quase todo o espólio, à excepção daqueles que são autênticas raridades, essencialmente mudos, cuja exibição rareia não só nas televisões como nas póprias cinematecas; o que faria com que a minha videoteca desaparecesse. Bom, resolvi parar para pensar.

O melhor mesmo seria visionar todos, um por um, sistematicamente, os primeiros segundos de cada um deles, para ver quais os que estavam em más condições. Resultado: duas sacas para o lixo. Coisa pouca. O grosso continuava.

Pelo que fui ao IKEA comprar arquivadores, para melhor proteger os meus mais-que-tudo na arrecadação possível. Até que o DVD os substitua um a um. Vai demorar tempo, oh se vai. Mas não me posso separar daqueles filmes, não posso.

Este é um blogue sem fotos

Ainda pensei começar a colocá-las quando a minha verve se voltar para alguma das minhas divas da tela, ou para algum dos locais míticos do cinema, uns bem reais, outro inventados por mim como sendo tal. Mas agora já não, agora é deliberado: fotos, no pasarán.

Os Três Reis do meu amigo de NYC

Já que falo de amigos, falarei agora do meu amigo nova-iorquino OL, que passou por Lisboa há uma semana, e uma tarde inteira comigo (ele é um dos directores da Theatre Historical Society of America - link aqui ao lado - e, por isso, feroz defensor das velhas salas de cinema de NYC) falando e visitando alguns dos nossos cinemas velhos, Paris, Império, Roma, São Jorge, Odéon, Tivoli, Capitólio, etc. Tarde que teve um momento do burlesco: OL queria ver uma sala de cinema, que estava rotulada no seu guia de Lisboa como sendo a nossa sala cinéfila por excelência, a nossa sala urbano-depressiva, por assim dizer. "Os Três Reis", dizia ele, no seu português americanizado (ou será o contrário?). Bom, depois de puxar pela cabeça eu lá descobri o que ele queria dizer, que garantia existir em Lisboa pois estava recomendadíssima no seu guia, mas que ele não conseguia encontrar na Baixa. Pudera, estava a falar das três salas dos Cinemas King!

Por falar em Berlim

Por causa de um comentário - o primeiro (obrigado, Daniel Pereira) - a um post aqui do burgo, em que era referida Berlim, a minha cabeça voou até aos Estúdios Babelsberg, vá-se lá saber porquê. Talvez porque sempre pensei: se um dia for a Berlim, não posso deixar de visitar duas coisas nas redondezas, por sinal, bem juntinhas; Sans-Souci e Babelsberg, mesmo sabendo que não vou encontrar nem Frederico O Grande, no primeiro, nem Brigitte Helm, e respectivo pessoal da Ufa, na segunda.

Obrigado, ao meu amigo da Suécia

Pois foi ele, JA, quem me falou do meu anterior blogue, que era engraçado e que ia lendo umas coisas que já houvera esquecido. Sem saber disso, ele serviu de detonador ao meu vício. O meu obrigado para Gotemburgo!

O meu amigo em Londres

O meu amigo Fer, perdão, Herr Graf, Ferdinand von Galizien, cuja paixão cinéfila oscila entre Louise Brooks, Uma Thurman e Christina Ricci (curioso tríptico, não é?), está por terras do Big Ben. Encantado com a perspectiva de passar 15 dias, 24 h ao dia, defronte ao écran da Cinemateca de Londres, resolveu, pela enésima vez, preterir outros destinos. Este ano preteriu a Florença dos Medici e do Ebro, em favor da chuva e do celulóide junto ao Tamisa, para desespero da sua consorte. Eu, no caso dele, teria feito o contrário e ido outra vez deitar 1 € naquele javali da loggia dos mercadores de Florença: para regressar mais uma vez.

terça-feira, novembro 08, 2005

Le Carré num cinema perto de si

Confesso: nunca li John Le Carré. Não sei se por desmazelo - fruto de uma resma de livros que vou lendo - ou se por pensar que já sei o que vou ler - culpa dos espiões que devorei ao longo do tempo, de Fleming a Greene, e culpa do cinema e dos filmes a que perdi conta que foram beber quase tudo ao autor de O Espião que veio do Frio -, o certo é que nunca o li. Batam-me.

Mas desta vez fiquei com ganas de recuperar o tempo aparentemente perdido. É que fui ver «O Fiel Jardineiro» (parece que o argumento do filme é parecido com «O Espião Perfeito», mas como quem o disse costuma ler livros na diagonal, acho melhor confirmar tudo lendo os dois), passado no Quénia, perfeitamente actual e verosímil, superiormente dirigido pelo brasileiro Fernando Meirelles e interpretado por uma dupla de luxo: Ralph Fiennes, Rachel Weisz. Além do mais parece-me o melhor filme adaptado de obras deste escritor, incluindo o espião a que Richard Burton deu corpo.

Com Wallace e Gromit viajo à plasticina da Primária

Verdadeiro manual de como fazer animação com plasticina, "Wallace & Gromit in The Curse of the Were-Rabbit" é um dos mais divertidos e imaginativos filmes do ano.

Das beiças escarlate de milady, à dentuça de fora daqueles coelhinhos mariolas; das engenhosas soluções inventadas por Wallace para ajudar à preguiça do seu dia a dia, até às inventivas piscadelas de olho a filmes como "King Kong" ou "Malucos das Máquinas Voadoras", por exemplo, passando pela crítica humorística ao English establishment (o festival de legumes, os bobbies, os párocos, etc.), este é um filme que merece a pena ver, custe o que custar (versão original, claro).

Viva a passagem da dupla Wallace & Gromit das curtas para as longas-metragens. E que continuem por muitos e bons anos.

Os nossos amigos ursos

Enquanto documentário de Herzog é bom de se ver, filmado sem exageros barrocamente dramáticos ou comentários abusivos de fim de página; sendo a discrição a mais-valia inesperada do autor de «Fitzcarraldo». Um regresso que se saúda, portanto.

Enquanto filme-documentário de Timothy Treadwell é excelente e sabe a pouco; e a melhor homenagem que podemos fazer a este alucinado, mas lúcido defensor dos ursos do Alasca, é irmos imediatamente ao sítio da Grizzly People, deixarmos os nossos comentários, assinarmos a sua newsletter e aceitarmos o que nos pedem. Ou seja; quem puder dar donativos que os dê, quem puder comprar o livro do vigilante das ilhas Kodiak, que o compre.

segunda-feira, novembro 07, 2005

O meu primeiro autógrafo do cinema

Há quem o deteste, ao inglês Sacha Baron Cohen. Mas eu gosto dele e das suas malcriadices, assim assim do gay Bruno, muito do rapper Ali G, e muito mais do inconveniente e incorrigivelmente obcecado por sexo, Borat. O homem esteve em Lisboa a apresentar os MTV Awards. E qual não foi o meu espanto quando dei de caras com ele, sem bigode, e com a namoradinha Isla Fisher, na Loja das Meias, do Rossio. Ainda hesitei um segundo mas lá inaugurei o meu livrinho de autógrafos de estrelas do cinema: "Hi, can you give me your autograph, Mr.Borat?", perguntei. "Hi, yes. What is your name?". "Paulo. I'm from Kazakistan", respondi. "Paulo. I love Sex. Borat", deixou ele. Thanks a lot, bye.

E começo por outro vício: Kubrick

Estou excitado por que chegue o Verão de 2006, altura em que o legado de Stanley Kubrick (1928-1999) será exposto definitivamente em Londres, num pavilhão a construir especialmente para o efeito, na zona londrina de Elephant and Castle. E partilho em absoluto o entusiasmo da Universidade de Artes de Londres. Mas sinto-me frustrado por ver que Lisboa passa mais uma vez ao lado da autêntica procissão mundial porque irá passar o legado do autor de 2001: a Space Odyssey, antes de rumar para a sua casa londrina.

Rebobinando

Prometi a mim mesmo que não voltaria ao cinema feito de blogues. Mas um vício é isto mesmo: quebrar promessas. Por isso cá estou eu a arvorar que sei de cinema, para quem tiver a pachorra de me ler. Se quiserem escrevinhar algum comentário, ainda melhor. Vamos a ver quanto tempo isto vai durar, provavelmente enquanto não me sentir repetitivo. Aqui vai.