quinta-feira, novembro 30, 2006

Comemorações dos 75 anos do CAPITÓLIO, dia 4 de Dezembro, 21.30h, na Cinemateca



Para comemorar o 75 aniversário da inauguração do Capitólio, a Cinemateca Portuguesa - Museu do Cinema, em colaboração com o Grupo de Trabalho "Cidadãos pelo Capitólio", vai exibir o filme «The Harder They Fall», de 1956, realizado por Mark Robson e com Humphrey Bogart e Rod Steiger. O filme estreou no Capitólio a 19 de Novembro de 1956.

O Capitólio, projectado em 1925 pelo Arquitecto Luís Cristino da Silva e considerado a primeira grande obra do Movimento Moderno em Portugal, foi classificado como Imóvel de Interesse Público em 1983 e integra, desde 21 de Junho de 2005, a Lista World Monuments Watch-100 Most Endangered Sites do World Monuments Fund e, como se sabe, apesar do seu valor patrimonial, o edifício encontra-se devoluto e em processo de degradação acelerada.

Apesar da escolha poder ter recaído sobre outro filme do Capitólio, vou tentar ir.

Mais uma achega à adivinha de Peniche

JA recorda-se de uma reportagem de Fernando Pessa na RTP em 1972 em que uma célebre actriz norte-americana tinha sido vista no Aeroporto da Portela. Crê que ele levou a reportagem até à entrada da Quinta do Gato Cinzento, sem nunca dar resposta sobre quem era de facto a actriz.

Diz que já entrou em contacto com o "fotógrafo" do site, e que este tinha escutado vagamente que a casa tinha sido construída para uma actriz americana, mas que não sabia quem.

Sobre o copo de vinho:

"A balaustrada e tudo o mais na sala oval estava a ficar pronto, e F. achou que aquilo necessitava de mais um pouco de vida. Numa das passagens de senhora X, F. (que não sabia inglês) chamou-lhe a atenção, e perguntou-lhe se podia pintar um copo com vinho na balaustrada. Ela, que não percebeu nada senão a palavra vinho, deu meia-volta com aquele sorriso encantador, e desapareceu. Passados poucos minutos surge ela com um copo com vinho, convencida que F. estava som sede. F. sorriu e percebeu imediatamente que X não tinha arrecadado toda a mensagem. Com gestos ele lá se fez entender...e foi a gargalhada geral. O copo com vinho serviu para modelo, e lá ficou. E esse vinho não era nada mau, pois era produto da quinta! "

Adivinha que não lembra ao diabo (*):


O meu bom amigo JA lançou-me ontem uma adivinha via Net:

Dizia ele que não via esta casa há..... 34 anos .......e que pensou nunca mais rever os seus interiores, que ajudou a pintar! Esta é a casa.

Disse-me que fica ali poucos km de Peniche, e que a proprietária nessa altura era uma star de Hollywood das décadas 30/40. Uma senhora simpática, de olhos vivos e bonitos. Diz que falou com ela várias vezes e que passou lá muitos fins-de-semana. E que aquilo tem mais pinturas do que se vê no site. E, ainda, que um dia destes me vai contar a história daquele copo de vinho na balaustrada, e mais algumas outras.




Lamiré: na pintura decorativa da casa, vê-se uma menina na balaustrada, que simboliza a neta da senhora em causa.

Alguém consegue adivinhar? Eu não advinhei.

(*) Fotos: Sodperfido

Combater-se as células cancerígenas e outras é ...

Evitar-se a carne e a gordura, estar-se a tofú e a anti-oxidantes: abacate e romã, de preferência, embora a primeira só a consiga comer com açúcar, comme il faut, pese embora haja quem a defenda com camarões. Estraguei tudo, não estraguei?

Here I was born, and there I died. It was only a moment for you; you took no notice.


«Vertigo» (1958)

Los olvidados #20: Lucia Bosè


La Bosè, Miss Itália em 1947, nasceu em 1930 como Lucia Borlani e foi dando corpo a uma personagem denominada Lucia, que se estreou no cinema, em 1950, num dos filmes neo-realistas de De Santïs. Lucia, já aí, era objecto de disputa apaixonada ... no mesmo ano, Antonioni lança-a definitivamente para o estrelato, merecido. Desde então até hoje, foram quase 70 aparições, entre cinema e televisão, sob a batuta dos mais variadíssimos realizadores - curiosamente, a Bosè que começa a ser cultivada como uma dama da alta burguesia, tão ao jeito do Norte de Itália, tem proveniência humilde. Curiosamente, também, será a Espanha a tomar parte activa e principal na sua vida: o seu casamento com o celebérrimo toureiro Dominguín fá-la retirar-se de cena, infelizmente, pois só quase na década de 70 se ouvirá falar dela. Graças a Fellini e a «Satyricon». Mas mesmo assim, terá sido essa ausência de mais de 10 anos que evitou que Bosè fosse maior que Loren, Gina e Silvana. Aliás, ocorreria nova ruptura com o mundo do cinema, em 76, e só 11 anos depois voltaria em Crónica de uma Morte Anunciada, de Francesco Rosi. Acumula papéis de mãe e de avó, na tela e fora dela. O cinema ficou a perder. Um filme para sempre? «A Dama sem Camélias» (1953).

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quarta-feira, novembro 29, 2006

Ainda o efeito xadrez


Para alertar para um filme recomendável: «La Diagonal du Fou», de Richard Dembo, de 1984, em que um campeão em título, Michel Piccoli (fabuloso), defronta um pretendente, perante uma imensidão de tiques, truques e extravaganzas dignas da realidade Karpov versus Korchnoi ou Kramnik versus Topalov.

Não tem nem a magia, nem a arte de «Chess Fever», de Pudovkine, nem tem o confronto erótico insuperável de «The Thomas Crown Affair», de Jewison, mas é um filme notável ... mesmo que tenha impedido a «Ran» a conquista do Óscar para melhor filme estrangeiro em 1985.

«Kramnik vs. Deep Fritz»


Alertado pelo bom amigo PB e devoto ao jogo mais bonito de todos, fico a par do confronto entre Kramnik e «Deep Fritz», que é como quem diz, entre o campeão do mundo e uma máquina. Esta vence aquele por 1,5-0,5.

Assobiando Laurel & Hardy


Hoje, dou por mim a assobiar a música característica dos genéricos dos filmes dos insuperáveis Bucha e Estica. Não sei bem porquê.

terça-feira, novembro 28, 2006

«Tout Les Matins du Monde», desde 1991


E, por agora, chega de americanos. Silêncio, por favor, que se vai ouvir Marais, Couperin e Lully. Ao serviço da gamba orquestrada por Savall, e da câmara prodigiosamente sensível de Corneau.

Filmes em revista sumária # 21

Richard Donner mostra aqui todo o seu talento enquanto realizador de filmes de acção. Simples, escorreito e directo, estes dezasseis quarteirões de «16 Blocks» são mesmo um huit-clos à boa moda antiga. Policial duro, mas sem deixar de lado a piada certeira; o filme dá conta do à-vontade de Donner no tratamento de sequências em crescendo de emoção, na colocação da câmara no lugar certo, e revela a sua pontaria certeira na revelação de novos actores: Mos Def está excepcional, enquanto que "melga" insuportável, de um polícia que teima em limpar a face.

A TV cabo tem destas coisas:


Ontem, fez-me estar defronte à pantalha, das nove à meia-noite. Motivo? «The Deer Hunter», o melhor filme de Cimino (antes deste encomendar a alma da United Artists ao criador). Um filme absolutamente fantástico, que não revia há muito, que não está datado, e do qual basta ouvir os acordes da guitarra dos The Shadows, para te rever nos teus 60 anos cheios de vida, oferecendo-me o respectivo 45 rotações, e dizendo: "que música tão bonita, e que filme tão bom, ah, e o Robert de Niro!". Saudade! Este filme enche-me as medidas.

segunda-feira, novembro 27, 2006

Shakened, not stirred?


Vamos por partes: este «Casino Royale» tem várias semelhanças (os nomes e as marcas, sobretudo) com o livrinho de Ian Fleming, que inicia aquela colecção da Europa-América que preenche um parte daquela prateleira, mas tem ainda mais diferenças: o casino não é em Montenegro, mas na Normandia; Vesper é agente da S.M.E.R.S.H. e confessa-o a Bond, e não uma vítima de chantagem; Leiter não é negro; etc., etc. Daí que a história deste filme tenha muito mais de Paul Haggis, e das suas habituais linhas cruzadas, do que propriamente do universo linearmente aventuroso da pena do ex-espião Fleming. E, depois, quem acredita que no Montenegro de hoje há pictórico como a Menaggio do Lago de Como? E casinos para milionários excêntricos?

Mas falando estritamente do que se vê, vê-se que os herdeiros Broccoli puxaram, bem, a brasa à sua sardinha, e conseguiram fazer com que o que parecia morto, voltasse a ser um filão: o agente secreto mais famoso do mundo torna-se musculado, acrobata, sempre em pé, um Action-Man louro. A canção-tema deixa de ser passível de entoação ou memorização, porque se tornou barulho moderno. Bond não quer saber se o dry Martini é mexido ou abanado, e, de metralhadora em punho, qual herói-gangster, avisa que vem aí uma sequela.

As sequências de acção estão muito bem feitas, e o filme só cai - e que tremenda queda ele tem - quando ela desaparece, na sequência do jogo de poker, por sinal naquela sequência em que nunca devia ter caído. Pouco talento de Campbell? Actores mal dirigidos? Atmosfera inexistente? Contudo, nem isso nem o facto de na sequência da derrocada da veneziana os transeuntes dos barcos estarem a olhar noutra direcção (e as discrepâncias em relação ao livro), evitam que este «Casino Royale» deixe de ser o que é: um bom filme de espionagem, acção e pancadaria.

Quanto a Daniel Craig, como vão longe os papéis de inspector da polícia em séries televisivas. É um excelente actor - até «Sylvia» praticamente sempre secundário - e só temo que se deixe estigmatizar pela personagem, agora que ascendeu ao estrelato. Eva Green está muito bem enquanto Vesper, mas daí a considerá-la uma Bond Girl, vai uma grande distância...Os vilões? Mas há algum?

sexta-feira, novembro 24, 2006

I need your love, like the sunshine...

Neste dia de chuva e vento, cinzentos e fel, preciso dele, do teu, tal qual essa canção mágica que é capaz de me imobilizar esteja eu onde estiver.

Obituário: Philippe Noiret (1930-2006)


Começa a época fatídica para os nossos velhos amigos. Desta vez morreu um dos melhores actores franceses de sempre e, antes de mais, um homem bom de quem vamos todos sentir muita falta. A começar pelos românticos que o indissociarão do velho projeccionista do cinema de todas as ilusões de «Cinema Paradiso», ou de como deu vida a Neruda em «Il Postino». Mas também dos cínicos e sarcásticos que verão nele aquele bébé adulto, debochado e mimado de «La Grande Bouffe». Seja como for, este homem que faz parte do lote de maridos convictos (estava casado desde 1962 com Monique Chaumette), começou por ser entertainer ao vivo e depois actor de palco, filmou ainda com gente como Tavernier, Chabrol, De Sica e Ferreri, e deixou-nos mais de 150 papéis, entre a TV e o grande écran, para o revermos sempre que quisermos, em paródias, policiais, dramas e muita souplesse. Acho que foi um excelente relojoeiro. Adieu.

quinta-feira, novembro 23, 2006

Sondagem: qual o melhor cowboy?

Depois de rever «The Naked Spur», de Anthony Mann, com Jimmy Stewart, Janet Leigh, Ralph Meeker e Robert Ryan, decidi-me sobre qual a sondagem seguinte. Pode votar, aqui ao lado.

Os pontos nos is!


- My name is Pussy Galore.
- I must be dreaming.


Para que conste: o meu 007 é só um, Connery e mais nenhum, e o meu filme preferido é «Goldfinger», de 1964.

Até que ponto interessamos aos outros?


Essa parece ser a pergunta evidente a que ninguém parece querer responder, em «The Trouble with Harry», um exercício sublime de Hitchcock, outro dia na TV. E que diálogos espantosos! Aqui ficam alguns:

Captain: Marriage is a good way to spend the winter

Miss Graveley: How old do you think I am young man?
Sam Marlowe: Hmm... fifty. How old do you think you are?
Miss Graveley: Forty-two! I can show you my birth certificate.
Sam Marlowe: I'm afraid you're going to have to show more than your birth -certificate to convince a man of that.


Jennifer Rogers: He looked exactly the same when he was alive, only he was vertical.

quarta-feira, novembro 22, 2006

Hoje, o meu primo Zé faz 37 anos

E tão longe vão os tempos das corridas de caricas, nos muros das Arcadas do Estoril. Do Monopoly e do Risco, em cima daquela secretária de estante. Das batalhas com soldadinhos, dos jogos com cromos de futebol, até das raquetas de praia e da famigerada bola de borracha. Um grande abraço de parabéns!

Obituário: Robert Altman (1925-2006)

Nunca tendo sido fã do autor de «M.A.S.H.», a verdade é que sempre vi em Altman uma imensa grandeza de espírito, uma vontade férrea e um toque de génio. Fico muito triste pelo seu desaparecimento, não tanto pelos seus filmes, feitos de altos e baixos (mais estes do que aqueles, até), mas porque desaparece, realmente, um «senhor». Ainda por cima, a sua morte como que estava anunciada já que se previa o pior desfecho desde que se soube que Altman tivera um realizador substituto, para o que desse e viesse, em «A Prairie Home Companion» (2006), por sinal um filme onde a personagem da morte, interpretada por Virginia Madsen, se pavoneava pelos bastidores do espectáculo tocando este e aquele para a acompanhar. O meu Altman preferido? Sinceramente, não tenho.

terça-feira, novembro 21, 2006

Que tijolo mais chato!


«Brick» passa à história como um pedregulho compacto de drogas duras, cujo pêso é proporcional à carga sombria, desencantada, doente, mesmo, com que os seus protagonistas e, por relação causa-efeito, o seu realizador, o encarnam. Mau hábito, aliás, que está cada vez mais presente nos filmes independentes ... ou será que os indie tendem a escorregar nessa armadilha, quiçá, para obterem um outro estatuto, ou na esperança de só assim serem levados a sério?

Os adolescentes já não vão às aulas (what's the point?), os pais não existem (ou quando existem, demitem-se ... who cares?), dedicam-se às drogas e ao crime organizado (a personagem de Lukas Haas, ao jeito dos arqui-vilões da BD, deixa muito a desejar), as meninas já o foram (mesmo que no caso vertente sejam duas jovens actrizes, Nora Zehetner (Laura) e Emilie de Ravin (Emily) as verdadeiras estrelas do filme), etc., etc.

É que a história até está bem contada, em flashback e em confluência à volta da boca do túnel, com boas soluções técnicas, mas mesmo assim mais vale uma lambidela nos pastéis e guloseimas que saem disparados das metralhadoras de «Bugsy Malone» (na foto), do que todo o tijolo a snifar do mundo, de «Brick».

Mais um episódio de la comédie humaine

O incrível almadense mal acaba de ser subserviente, especialmente quando fazendo favores aos do (seu) topo, fica com sede e com a boca seca. E é vê-lo a engolir litrada de água de seguida, carregando e tornando a carregar na pobre e sebosa tecla do bidon de plástico do corredor. Depois, volta a si e caminha em passo de dino em direcção à toca. Como sofre. Abata-se o animal!

segunda-feira, novembro 20, 2006

Marty & Jack, dupla irresistível

Em «The Departed», mais do que saber até que ponto Scorsese consegue suplantar, ou não; com toda a sua paleta de competências (câmara, montagem, olho clínico, sentido de ritmo, direcção de actores, capacidade de inovar, etc.) o hong-konguiano «Internal Affairs» (não consegue! mas, também, seria essa mesmo a ideia?), é ver até que ponto um actor é o próprio filme: Jack Nicholson. A resposta é óbvia e imediata: os minutos, poucos, em que Jack não aparece em frente da câmara, são como a dor de um viciado, quando lhe falta o vício, são nada. Nicholson está sublime, esmaga tudo e todos, como sempre, aliás. Custou a Scorsese ter um filme com ele como actor, foi longa a espera, mas valeu a pena.

No mais, o filme é um daqueles exercícios de estilo, curtos, duros e secos, com que Marty nos brinda de tempos a tempos, entre os seus devaneios mais encorpados, quando resolve pincelar outros géneros com o seu talento de artífice inspirado. E é no filme de gangsters que o autor de «Cape Fear» se sente bem, como peixe na água. Desta vez, contudo, o produto final não é vintage (aliás, nem se chega a perceber porque foi buscar Scorsese o nome de um famosíssimo gangster do período mais fértil da Máfia norte-americana, Frank Costello, que viu morrer Anastassia e Genovese, por exemplo, e que morreu na reforma dourada, há relativamente pouco tempo ... para figura central desta adaptação americana de um sucesso oriental. Terá sido o nome? terá sido um herói-vilão do seu tempo?), e está mesmo alguns furos abaixo da bitola do realizador (sobretudo por falhas evidentes a nível da história - o envelope que teima em não ir para o lixo; o volte-face de Damon contra Nicholson; a não denúncia do camarada de armas contra Di Caprio; um não desconfiado Martin Sheen na sequência do Metro, etc.), o que quer dizer acima da maior parte da dos outros...

Há momentos bons, sublimes, até, como a matança defronte ao prédio abandonado, por exemplo, em que a fotografia de Ballhaus, a montagem de Shoonmaker e a precisão cirúrgica de Scorsese fazem com que pareça fácil uma sequência deveras difícil de compilar, grau a grau de frisson, aproximando-nos do clímax, passo a passo. E há aqueles planos iniciais em que vemos a silhueta negra de Nicholson, atravessar-se-nos à frente, de um lado ao outro da tela, várias vezes, puxando pela palavra e narrando o estado de coisas, em voz off. E, depois, há os outros actores, uns mais (Di Caprio e Mark Wahlberg) e outros menos (Baldwin e Damon), e, sobretudo, uma actriz, Vera Farmiga, que irá fazer carreira.

Há dinheiro na Cinemateca, amanhã e depois!


(«L'Argent», de 1983, de Robert Bresson)


Não, não se trata de nenhuma operação da Mão Invisível, de Adam Smith, mas tão somente dos dois melhores filmes cujo título é o dinheiro, e que passam amanhã na casa dos cinéfilos de Lisboa: «L'Argent», de L'Herbier (um dos meus filmes preferidos), e «L'Argent», de Bresson, de que coloquei foto, e que é um filme que não vejo há muito tempo....

Às 19h30 e 19h, de amanhã e depois de amanhã, respectivamente. Eu sei que é pena os bilhetes ainda não serem de borla ... mas 3 € por sessão é pouco, não acham?

Acabadinhos de entrar no Metro ...

E acabadinhos de sair do bailarico da Ribeira:

- Isto está uma desgraça.
- Sim, dantes tínhamos tudo e éramos os maiores.
- Tínhamos Angola, Moçambique, Guiné, São Tomé, Timor, Goa, Damão e Diu.
- E tínhamos a Índia.
- Pois, a Índia, e tínhamos Goa, Damão e Diu.
- Vou-me sentar ali com a minha mulher.
- Qual delas?
- A terceira, que as outras duas já morreram
.

sexta-feira, novembro 17, 2006

Entre balizas, tenho um caleidoscópio «chez-moi»

Entre «Ben-Hur», de Fred Niblo,



Um caleidoscópio de recordações, sonhos e emoções!
Tudo fruto do engenho e arte da Elastolin!
(atenção, a minha é a da esquerda, genuína)



e «Ben-Hur», de William Wyler.

quinta-feira, novembro 16, 2006

Daqui a poucos minutos e poucas centenas de metros ...

Um sonho meu vai tornar-se realidade.

Por sinal, as minhas séries favoritas sobre médicos, dizem respeito a dois veterinários:


«Veterinário de Província» (da qual já aqui falei) e «Daktari», que me acompanhava durante os trabalhos de casa da Primária ... desta, por sinal, tive um magnífico kit, que destruí e quero reaver, um dia.

E a anatomia de Grey?


Confesso que nunca fui particular fã de filmes ou séries sobre médicos, consultórios ou hospitais. Que me perdoe, por isso, o Dr.Kildare (da BD à série com Richard Chamberlain, na imagem), pioneiro dos demais. Nunca gostei de «Serviço de Urgência» nem vou gostar da sua versão pop, estreada ontem entre nós e de nome «Anatomia de Grey». Em coisas de catéteres, blocos-operatórios e batas, ainda sim, prefiro a desaparafusada «Scrubs», responsável por algumas das minhas maiores gargalhadas dos últimos anos televisivos.

quarta-feira, novembro 15, 2006

Enquanto isso ...

Enquanto isso, Homer, doravante apelidado de incrível almadense, visita Cascais e fica deslumbrado: "será que algum dia vou viver aqui para poder dizer que posso ir almoçar a casa?", pensa com os seus botões de retrosaria de pechisbeque.

Bugs Bunny junto ao Quarteto?


Naquele passeio da Av.E.U.A., alguém tem andado a cavar túneis à enxada, esventrando os limites dos canteiros de erva, para instalação de sistema de rega. As escavações mantêm-se há semanas e mesmo as lajes dos caminhos já foram destruídas. Alguém quer fazer-me o favor de acenar com uma cenoura àquele Perna-Longa?

Itú, a cidade dos exageros

Desconhecia esta cidade. Entre Portugal, dos pequeninos, e Itú, aplica-se a máxima: nem oito nem oitenta.

Descobertas 2 pinturas de Fra Angelico, em Oxford


Vinte anos depois de terem desaparecido. Como a maioria esmagadora das obras de arte roubadas pelas tropas napoleónicas, também estas andaram a monte , tendo ido parar por artes mágicas atrás da porta de uma reformada recém-falecida, cujo pai as houvera comprado por 300 Euros, nos anos 60. Agora, serão vendidos por mais de 1,5 milhões de euros.

Se é certo que são notícias como a desta decoberta que me fazem ter fé neste mundo, também é certo que tanto dinheiro teria feito muita falta àquela senhora, e isso já não vai a tempo.

terça-feira, novembro 14, 2006

Enquanto isso, Homer Simpson ...

Ia à rua de fato e gravata, levando dependurada uma mala gorda, como o dono, e aparentando ar de preocupação, como se daquela criatura micro-céfala saisse coisa que se visse. Que levaria ele na mala? Restos de leitão assado? Pacotes de vinho Casal Garcia? Caixas de donuts? Escova e pasta de dentes? Rolos de papel higiénico? Ou, simplesmente, calhaus?

No Dia Mundial das Diabetes...

Uma mosca gigante dançava ao som de «Olhos Negros», saídos do acordéon de Jo Privat. Teimava em não sair pela janela, talvez à espreita de restos de doces da véspera. Não teve sorte.

Nariz entupido


Não tendo lido o livro de Süskind, mas sendo feroz defensor do meu nariz desde que li Gogol, foi com muita expectativa que dei por mim a direccionar o meu dito cujo para «Perfume, the Story of a Murderer», exercitando o meu olfato para lá do simples detectar de odor a pipocas e a sovaco que preenchia cadeira sim, cadeira não, da sala onde o filme passava - os best sellers têm destas coisas!

Vamos por fases: esta gigantesca produção alemã não fica a dever, em nada, às dos seus competidores americanos ou franceses, ou seja, o filme é mesmo uma estopada na maior parte do tempo, banal e estereotipada na reconstituição histórica da época, dos seus costumes e perversões (ambientes escuros como breu, desdentados por todo o lado, vapores saindo dos becos, meninos à la Dickens, etc., etc.). Tem uma ficha técnica impressionante, uma música a justificar a Filarmónica de Berlim, e cenários naturais (perto de Girona) a valerem por outros (a Grasse das flores). Se isso é suficiente para transpôr para a tela a(s) essência(s) do livro do alemão, não sei.

Só sei que do ponto de vista cinematográfico, este filme de Tom Tykwer é apenas um thriller medianamente construído (o suspense mora em apenas uma ou duas cenas), assimetricamente desenvolvido (a pituitária do assassino ingénuo e a(s) ruiva(s), e pouco mais), má exploração de actores como Dustin Hoffman ou Alan Rickman (o melhor actor é a voz ... de John Hurt), nunca chegando sequer a uma resposta plausível à questão essencial: como filmar um cheiro? Visualmente falando, a cena mais bem conseguida é a da orgia pasoliniana depois do contacto com a fragrância virgem do Amor. Dramaticamente falando, é a do encontro do protagonista (uma boa prestação de Ben Whishaw) com a ruiva das ameixas.

Voltando aos cheiros, que tudo o resto pouco importa, a mais valia real do filme (e, suponho, do livro) está na assumpção de que a virgindade tem cheiro (por contraponto ao estatuto de inodoro do assassino) e, mais importante, a pomba da paz e do amor reside no perfume da inocência. Uma bela solução para os males do nosso mundo.

Geba

Enquanto isso, o flácido-acéfalo-gelatinoso confundia backhand com forehand, foot fault com passo de dança, Coca-Cola com isostar e afundava-se no piso, estatelando-se ao comprido e contorcendo-se com dores, para gáudio da assistência. Bravo, bronco!

Sharapova

A semana passada só deu Masters na minha tv. Até Sábado, altura da meia-final.

Borat, "repórter do Cazaquistão", proibido nos cinemas russos

A notícia anda por aí. É pura estupidez a censura, porque, no mínimo, aguça o apetite.

Na 6ª Feira Arte na FIL

Na penúltima tarde da 6ª Feira de Arte Contemporânea, defronte a uma imensa tela de um ilustre desconhecido, e à margem da recauchutada Srª. Damásio, das telas engraçadas de uma galeria espanhola, dos "obrigatórios" Graça Morais, Paula Rego e Cabrita Reis, e dos amachucados atraentes da Adriana Molder, uma mãe dizia ao seu petiz: "Anda, filho, são só bonequinhos colados no quadro". Pérolas a porcos? Não, era mesmo verdade.

segunda-feira, novembro 13, 2006

Obituário: Jack Palance (1919-2006)


Shane: So you're Jack Wilson.
Jack Wilson: What's that mean to you, Shane?
Shane: I've heard about you.
Jack Wilson: What have you heard, Shane?
Shane: I've heard that you're a low-down Yankee liar.
Jack Wilson: Prove it.


Longe do sucesso que haveria de ter décadas mais tarde, Walter Jack Palahnuik - de origem ucraniana, e para muitos "the best of the bad boys" - foi mineiro, criado de mesa, cozinheiro, modelo, poeta, boxeur de pêsos-pesados, pintor, graduado por Stanford, militar condecorado e reputado coleccionador de arte, além de ter sido suplente de Brando, em «Um Eléctrico Chamado Desejo». Um dos meus actores preferidos, a que nem os murros que levou no ringue, ou o incêndio de que foi vítima a bordo de um B-24 (e que lhe desfigurariam a cara), puderam evitar a que na minha memória perdurem os seus papéis de homem em guerra com o mundo, e esgar desafiante, de «Shane» (foto acima) a «Panic in the Streets» e a «I Died a Thousand Times», e as acrobacias que fez em palco aquando da entrega do seu único Óscar, em 1992, por sinal uma comédia.

De Miss You a Whiter Shade of Pale



Na ressaca pantagruélica, depois de lembrado o inolvidável Walken dançando ao som de Miss You, em «At Close Range (1986)», foi a vez da balada dos Procol Harum, ao som da qual um portentoso Nolte pintalga a tela que Scorsese lhe deu, em «New York Stories» (1989). Enquanto isso, alguns membros desta mesma banda viam-se envolvidos em mais um episódio jurídico à volta de royalties.

Mon Oncle d'Amérique está de partida!

Esta semana é mais um adeus, até ao meu regresso, para o ano que vem, se Deus quiser. E com ele, mais um ano em que a latrina não vira w.c. Até quando?

quinta-feira, novembro 09, 2006

Desde o dia 11 de Novembro de 1989, que a folia toma conta de nós!


Fotos do evento? Remeto para «Russian Ark», um dos últimos fenómenos de Sokurov, e para «Le Plaisir» (1954), o meu preferido de Ophuls, e que para Godard era ... "Le plaisir est le plus ophulsien des films de Max Ophuls […] . c’est le romantisme allemand dans une porcelaine de Limoges. Et c’est aussi l’impressionnisme français dans un miroir de Vienne"".

Hoje há lagosta, gambas e mayonnaise

E mayonnaise, gambas e lagosta. E Murganheira. E, depois, castanhas e tintol. Greve à jeropiga e à água-pé. Que me perdoem o ataque de pato bravismo, mas juro que nada tenho da Cintura Industrial de 75 em diante. Raras vezes como marisco. Adoro, mas é-me proibido.

Gostava de voltar a sonhar acordado com este tecto de Luca della Robbia


Promoções até Florença ...desde... 79€. Período de Venda: Até 30/11/06. Período de Viagem: Até 15/12/06.

Richard Galliano traz ao CCB um ...


espectáculo de homenagem a Astor Piazzolla, que, como se sabe, era único. Por isso a minha indiferença pelo anúncio. Prefiro saturar a aparelhagem.

Donde virá tanta raiva?

E os ataques continuam ao bom do Bénard. No Corta-Fitas!

E se assim for, que venha Carpenter!


There's something in the fog! («The Fog», 1980)

Estará fitossanitariamente morta?

No Diccionáro, figueira vem do latim ficaria, que, em botânica, é substantivo feminino de árvore frutífera da família das moráceas. Mas o que eu vejo à minha frente é um ser abjecto, repulsivo, balofo e gelatinoso. Estará fitossanitariamente morta? Porque se estiver, é altura de a cortar rente. Eu ofereço-me!

quarta-feira, novembro 08, 2006

Enquanto isso não acontece ...


Fico-me com o cheque de Ricky, de «Casablanca» (1942):

- Perhaps if you told him I ran the second largest banking house in Amsterdam.
- Second largest? That wouldn't impress Rick. The leading banker in Amsterdam is now the pastry chef in our kitchen
.

E na calha já está ...


... o magnífico conjunto da Corgi Toys, de Os Vingadores, ou seja o par Lotus Élan branco-Bentley encarnado, da parelha Mr.Steed & Miss Peel. Novo rombo lá para a Páscoa.

E cá o rapaz acaba de fazer uma loucura!


Esta quadriga da Elastolin, que me fugia desde há quase 30 anos, altura em que me custaria 500 escudos, acaba de ser reservada a meu pedido, após consulta ao melhor toy broker de Lisboa e arredores. Será um corte forte no meu pecúlio natalício, mas vale a pena, não acham?

«Pedra de Toque», uma loja a visitar!

É uma loja de joalharia de autor, e a Joana Simões merece, pois é uma jóia de simpatia. E há peças bem bonitas, que valem a pena a deslocação até às imediações do Carrefour de Telheiras. Fica dado o lamiré.

terça-feira, novembro 07, 2006

Foi você que ofereceu 1 Pau?

Paus, ouros, copas e espadas, pontos de honra e pontos de distribuição, leilão e carteio, passagens e baldas, cabides e robber. De tudo isso e muito mais, há no Lusodridge, no 4º andar do nº 163 da Avenida António Augusto Aguiar. É escusado o bluff, que neste jogo não pega.

Filmes em revista sumária # 20


«O Ilusionista» é um filme completamente falhado a partir da primeira meia-hora. Assim, um projecto que tinha tudo para dar certo - enredo (é sempre fascinante a magia), época (é sempre inspiradora a Viena do pré-Grande Guerra) e actores excelentes (Edward Norton e Paul Giamatti) - vê-se cair na mais pura das ilusões a partir desse momento, altura em que esgota os tons e o grão da fotografia, e, sobretudo, a inventiva forma de utilização de contra-campo e plano de profundidade. A partir dos 30 minutos iniciais, o filme passa a ser também uma ilusão, discorrendo sobre uma trama imaginária (tenta-se iludir o espectador com uma nova versão da tragédia de Rudofo, em Mayerling), encenada em cenários húngaros e checos travestidos de vienenses, e, sobretudo, um twist artificial e excessivamente meloso. Os efeitos especiais são sabiamente usados, e a música neo-clássica de Philip Glass é um fiel ajudante; não sendo por aí que o filme cansa, mas sim pelo bloqueio da história. No fim, fica a prodigiosa interpretação de Giamatti, como esbirro de Leopoldo, e o franzir de sobrancelhas de Norton, um daqueles actores a quem basta um tique para conquistarem uma plateia.

segunda-feira, novembro 06, 2006

Por falar em séries:

Enquanto «Carnivàle» (chancela HBO) continua sem arrancar da linha de partida, «Invasion» (chancela ABC) começa a aquecer, e é já a minha eleita da grelha da nossa (?) televisão.

Almoçando ao som de Badalamenti


Chegado cansado das pernas e com o estômago faminto, nem por isso Badalamenti tem dó de mim. Viro anão dançarino num ápice. Engulo os donuts e as doses cavalares de café que Kyle MacLachlan engolia em «Twin Peaks»: a melhor série dos últimos 20 anos.

«Mãe e Filho», de Sokurov, na Cinemateca, Quarta-Feira!


A propósito da reposição do prodigioso poema cinematográfico de Sokurov, Quarta-Feira, no dia 8, pelas 22h, na Cinemateca, revi aquele velho pires azulão, rendilhado da nossa olaria, oferta de meu Tio a minha Avó:

"Com três letrinhas apenas
Se escreve a palavra Mãe.
É das palavras pequenas,
A maior que o mundo tem
."

Aviso aos passageiros #2

-We've been screwing for 21 hours non-stop.

Esta é uma afirmação de uma das personagens de «What Planet Are You From?» (2000), no qual um ser de um planeta distante vem e vai até à nossa Terra com o fim de procriar para salvar a sua espécie, feita de homens, ou se se quiser, meios-homens. Para chegar a vias de facto com as terráqueas, ele aparece de surpresa em vários vôos, em pleno avião, por breves momentos de grande turbulência. Este é um aviso muito mais sério!

Aviso aos passageiros #1

A Alitalia avisa:

"Segundo disposição da União Europeia e do Instituto Nacional de Aviação Civil, a partir de 6 de Novembro de 2006, todos os passageiros quep artam de aeroportos da UE poderão transportar pequenas quantidades de líquidos nas áreas de segurança restrita e cabine do avião. Essees líquidos deverão ser colocados em recipientes individuais, com a capacidade máxima de 100ml/3,4oz cada ou equivalente 100g), e inseridos num saco plástico transparentes e selável com capacidade máxima de 1 litro, ou com dimensões de 18X20cm. Quantidade máxima permitida de um saco por passageiro. Por líquidos deve entender-se gel, pastas, loções, misturas de substâncias líquidas/sólidas, conteúdos de recipientes pressurizados. Ex: dentífricos, gel para o cabelo, bebidas, sopas, xaropes, perfumes, espuma de barbear, aerosol e outros produtos de consistência similar. Notar que tais produtos poderão ser transportados nas bagagens registadas. No caso de passageiros que tenham a necessidade de transportar a bordo medicamentos, substâncias dietéticas particulares e/ou comida de bebé, em quantidades superiores às anteriormente mencionadas, mas necessárias em proporção à duração da viagem, deverá ser apresentada uma prova de efectiva necessidade de transporte."

sexta-feira, novembro 03, 2006

Anúncio:


Procuro desesperadamente decalcomanias (de preferência ainda virgens) Letraset Action Transfers. Razão: voltei a ser menino.

Na pior repartição do mundo

Via-se, reflectido no vidro da porta do gabinete em open space, o chefe de 5 pobres desgraçados, provavelmente sem sítio melhor para estarem, a retirar burriés do nariz, qual Homer Simpson defronte do écran do computador.

A propósito da estreia de «O Ilusionista»,


que ainda não vi, lembrei-me do espantoso e tremendamente olvidado, «Night Has a Thousand Eyes» (1948), do ainda mais esquecido John Farrow, em que um prodigioso Edward G.Robinson manipula as mentes como bem quer.

quinta-feira, novembro 02, 2006

No Dia de Todos os Santos

Ontem, enquanto o Prof.Marcelo fazia o seu número diário na Praia da Conceição, o arco de Casals e o vibrato celestial de Bach davam som e alma a um prédio inteiro.

Walden, Capítulo "Onde e para que vivi"

"O menor poço, quando olhamos para dentro dele, mostra-nos que a terra não é continente, mas insular." (pág. 104)

"Tenho lamentado sempre não ser tão sábio como no dia em que nasci." (pág. 116)

Filmes em revista sumária # 19

O problema de «Children of Men», do mexicano.Alfonso Cuarón, é a total previsibilidade do argumento, que satura de tão «imaginativo» que é: imigrantes franceses em Inglaterra, mafiosos russos humanistas, 2021 como sendo a data da esterilização apocalíptica, a salvação da humanidade no ventre de uma clandestina africana, cenários dignos dos confrontos no Iraque, etc., etc. Salva-se Clive Owen, perdido entre tanta trapalhada, e viúvo das duas únicas personagens porque valia a pena estar ali: a de Julianne Moore e a de Michael Caine. No resto é um filme de acção, bem construído, com algumas boas sequências de toca e foge.