terça-feira, outubro 31, 2006

You've fooled them, haven't you Michael? Well, you haven't fooled me


(«Halloween, John Carpenter, 1978)

No Dia Mundial da Poupança há que poupar uns cobres para logo à noite, para o trick or tree.

A Turma da Mónica

Confesso que foi a primeira vez que a li, quando ta comprei outro dia. Tem piada, e deve ter tido muito mais.

Há 17 anos, lambámos!

A menina dança?

Chorando se foi quem um dia so me fez chorar...
chorando se foi quem um dia so me fez chorar...

Chorando estar, ao lembrar de um amor
que um dia nao soube cuidar
Chorando estara, ao lembrar de um amor
que um dia nao soube cuidar...

A recordacao vai estar com ele aonde for
A recordacao vai estar pra sempre aonde eu for

Dança, sol e mar, guardarei no olhar
O amor faz perder encontrar

Lambando estarei ao lembrar que esta amor
por um dia um istante foi rei

A recordacao vai estar com ele aonde for
A recordacao vai estar pra sempre aonde eu for

chorando estara ao lembrar de um amor
que um dia nao soube cuidar
cancao, riso e dor, melodia de amor
um momento que fica no ar

Filmes em revista sumária # 18

Esperando uma coisa, saiu-me outra bem diferente. Esperando uma comédia musical, homenagem às emissões radiofónicas em directo de música country, do Teatro Fitzgerald, no Minesotta, mas essencialmente dedicada aos bastidores e àqueles anos em que tudo vindo do rádio era mágico, a verdade é que fui surpreendido em «A Prairie Home Companion» com 2h intermináveis de canções country, género que não admiro por aí além. Altman lembrou-se dos amigos, e fez bem, mas o resultado tem pouco de objecto cinematográfico (aliás já outros realizadores fizeram o mesmo, a começar por Scorsese...). Para o bem e para o mal. Ficam os números radiofónicos, algum virtuosismo dos músicos, a foto e o busto de Fitzgerald, e o fôlego de Meryl Streep, Lily Tomlin, Woody Harrelsson e John C.Reilly. E que toque o banjo!

segunda-feira, outubro 30, 2006

Foi você que pediu ...

Filmes em revista sumária # 17

Embrulho magnífico que esconde a moral da história de qualquer novela brasileira de vão-de-escada: pobre é feliz e honrado, rico não é. «The Devil Wears Prada» vale por duas coisas, ou seja, pelo magnífico e insuperável guarda-roupa que veste Meryl Streep (há muito que não a via tão estimada) e Anne Hathaway, e pelas interpretações da primeira e de Stanley Tucci, enquanto assistente amaricado da primeira. Sessão à cunha, pelo que gostava de pensar que o filme traria alguns efeitos práticos no nosso quotidiano. Puro engano: a rubicunda espectadora da fila à minha frente, comia restos de cachorro e bebia furiosamente Coca-Cola, enquanto se ria com as situações do filme, acotovelando o namorado sonhador. Mais palavras para quê?

Ataque de piroseira pela manhã

Parvinho, dei por mim a assobiar o refrão de «Salut», canção de 1975, do malogrado Joe Dassin, antes da praga blogosférica da You Tube, e que reza assim:

Salut, c'est encore moi!
Salut, comment tu vas?
Le temps m'a paru très long
Loin de la maison j'ai pensé à toi

J'ai un peu trop navigué
Et je me sens fatigué
Fais-moi un bon café
J'ai une histoire à te raconter

Il était une fois quelqu'un
Quelqu'un que tu connais bien
Il est parti très loin
Il s'est perdu, il est revenu

Salut, c'est encore moi!
Salut, comment tu vas?
Le temps m'a paru très long
Loin de la maison j'ai pensé à toi

Tu sais, j'ai beaucoup changé
Je m'étais fait des idées
Sur toi, sur moi, sur nous
Des idées folles, mais j'étais fou

Tu n'as plus rien à me dire
Je ne suis qu'un souvenir
Peut-être pas trop mauvais
Jamais plus je ne te dirai

Salut, c'est encore moi!
Salut, comment tu vas?
Le temps m'a paru très long
Loin de la maison j'ai pensé à toi

sexta-feira, outubro 27, 2006

Barrigas de água

Gente a beber água a torto e a direito, pelo gargalo de garrafinha ou garrafona. Na generalidade, gordos, obesos e proto-barrotes. Coisa irritante, por culpa dos médicos modernaços, ilusionistas ... quem sabe, se não accionistas das companhias de água engarrafada. O acto é repulsivo, só de ver. Não contem comigo para o peditório.

You're a big man, but you're in bad shape. With me it's a full time job. Now behave yourself.


«Get Carter» (1971)

Pela primeira vez de acordo!!

«A ministra da Cultura, Isabel Pires de Lima, anunciou o fim da organização das capitais nacionais da Cultura (...) Segundo as palavras da ministra, "não houve retorno" do investimento feito. "As cidades não se renovaram através da cultura", afirmou. (...) A ministra disse que é preferível canalizar os dinheiros públicos para apoios estruturantes, nomeadamente para o programa Território/Artes, que será anunciado em breve, e para a rede bibliográfica.» (Fonte: Público online)

Uma boa medida que inviabilizará possíveis candidaturas de Matosinhos, Vila Nova de Gaia, Oeiras, Odivelas e Amadora. "Capitais Nacionais de Cultura"? Só de me lembrar que da "Lisboa' 94", Capital Europeia de Cultura, o que sobra é uma 7ª Colina ameaçada pela expeculação imobiliária, o esventramento de logradouros, a descaracterização da traça e pelo estado de abandono do seu edificado; e a memória de uma tenda montada em pleno estaleiro de obras no Rossio, que servia de bilheteira para espectáculos já esgotados para os amigos ... vou ali e já venho.

Vêm aí mais gangsters!


Vem aí o novo Scorsese, «The Departed», cuja figura central é Frank Costello, ícone mafioso do período pós-Lei Seca, e que conseguiu escapar ileso às balas e à prisão, e ainda pôde gozar a sua reforma. E como se isso não bastasse, há Nicholson!

Mais um pacote cá para casa?


Outro dia, em plena «loja-âncora», dei com uma colectânea de DVD da série «Les Inquêtes du Comissaire Maigret», com o saudoso Jean Richard, o «verdadeiro» inspector criado por Simenon. Infelizmente, o pacote à venda por cá é uma ínfima parte dos 20 anos de Richard, em formato Maigret.

500? ena, tantos!

Ainda sobre o mega-concurso televisivo dedicado aos "Grandes Portugueses", fiquei espantadíssimo por os iluminados autores de tão iluminada iniciativa terem descoberto 500 "grandes". Não sabia que havia tantos! E os espanhóis também não, imagino, porque será por isso mesmo que nos obrigam (tal como aquando da auto-estrada) a pensar mais além e a fazermos o TGV entre Badajoz e Lisboa, cuja construção começará já em 2008 ... caso contrário iria directamente para Vigo, via Salamanca, e adeus Porto. Haja visões largas!

quinta-feira, outubro 26, 2006

A culpa foi do trompete


Alucinado pelo som único do trompete de Miles Davis, que tocava por todo o prédio, dou por mim a atender o telemóvel e a responder ao meu ilustre e prezado amigo interlocutor por monossílabos, enquanto demorei a entender realmente quem era do outro lado e o que me estava a dizer. Parecia uma conversa de filme dos Irmãos Marx. Já lhe pedi desculpas mas, realmente, a culpa foi mesmo daquele CD.

Porquê tanto militantismo anti-Bénard?

Gosto imensamente do que gosta João Bénard da Costa, inclusive de folhados de salsicha e de boa comida chinesa. Por isso não compreendo muito bem a agressividade dos posts de Pedro Correia, no Corta-Fitas, "O prazer de rever bons filmes" e "Ódios e paixões", a propósito do ciclo "Como o Cinema Era Belo" da Gulbenkian, programado pelo director da Cinemateca.

Onde pára o Reguengo do Alviela?

É impressão minha, ou neste filme das cheias ainda ninguém falou ou ouviu falar do reguengo mais mediático e celebérrimo do país?

Filmes em revista sumária # 16

Não fosse o paralelismo imediato com a trágica vida e a trágica morte de Diana de Gales, e este manifesto anti-monarquia em jeito de paródia corrosiva, que é «Palais Royal» teria muito mais razões para ser visto do que tem: Deneuve, alguns cenários em Malines e alguns gags bem apanhados. No resto, impera essencialmente o mau gosto. Uma chamada de atenção para o pior título em portuguès (?) dos últimos anos: «Dondoca à Força».

quarta-feira, outubro 25, 2006

Ainda no rescaldo do esmagador «Marie Antoinette»,


há que falar aqui em dois adereços que tomam conta das cenas em que entram: os sapatos do gurú da alta costura, o espanhol Manolo Blahnik, e os «macarons» da divina Ladurée, cujo salão nos Campos Elíseos é de fazer morte súbita aos incautos. É natural que a austríaca se passasse dos carretos...

Urticária à flor da pele

Há uma personagem neste filme do poder, que me repugna mal a vejo nos escaparates ou na pantalha. Não tem emenda, mas vai-se escapando. Só posso dizer que é ruiva e pertence a uma quota de cativo.

terça-feira, outubro 24, 2006

Mais outra sondagem que acaba


E a sondagem sobre "Qual o melhor filme de gangsters de sempre?" acaba de ser fechada, por ordem da gerência. Motivo: há mais que tempo que já ninguém votava. Resultados: «The Godfather» e «Once Upon a Time in America» ganharam com 9 milhões de votantes, cada um. «Scarface», de De Palma, foi votado por 3 milhões. «Casino» e «Goodfellas», ambos de Marty, ficaram-se pela unidade. Em qual votaria a gerência? «Godfather».

Los olvidados #19: Carl de Vogt (1885-1970)

Foto: «Der Weg des Todes» (1916)

Por causa de uma pergunta de AA durante o intervalo das «Aranhas», aqui fica o resumo sobre este olvidado da 7ª Arte:
Carl de Vogt começou por ser tipógrafo, este futuro actor, mas foram os primeiros trabalhos de Fritz Lang que lhe deram fama, fama que o tornaria em um dos actores alemães mais utilizados e mais populares do seu tempo (de Lang a Grune, passando por Rippert ou Froelich), sobretudo do mudo e princípio do sonoro. Ele e sua mulher, Cläre Lotto, por sinal. E, por sinal também, haveria de ser o sonoro a matar a sua carreira, oficialmente, claro. Porque seria difícil de acreditar que ele, que começou a pisar o palco exactamente como cantor, tivesse algum problema de voz. Terá sido antes, sim, a sua passagem pelo partido nazi, ao qual aderiu em 1933, a causa de ir parar à inevitável lista negra.

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segunda-feira, outubro 23, 2006

Que viva Maria Antonieta!

Que me lembre, esta «Maria Antonieta» de Sofia Coppola é "só" o melhor filme alguma vez dedicado à memória da raínha que nunca disse para darem brioches aos parisienses esfomeados, e que está longe de ter sido a megera que os discípulos de Marat resolveram "vender" à posteridade. Mas é mais: é também uma belíssima bofetada de luva branca a todos quantos teimam em manter-lhe a fama de execrável, debochada e conspiradora, no seu país de adopção, ou os outros, os que teimam em ignorar, de forma envergonhada, os martírios porque passou a filha dilecta da última grande imperatiz da Áustria, totalmente evitáveis se os seus irmãos tivesse agido como lhes competia. Mas vamos ao filme:

Historicamente, «Maria Antonieta» é um filme respeitador da verdade histórica (como tudo de subjectivo que isso possa ser ...), pelo menos da que vem nas enciclopédias e em bios insuspeitas, como é o caso da escrita pela pena fabulosa do austríaco Stefan Zweig. Mas é-o com pequenas «nuances», talvez por necessida de manter o ritmo do filme, exigências de tempo, ou porque era necessário a Sofia misturar o protocolo com o universo Pop, e alguns «miscast» (propositados?), como Daria Argento fazendo de Mme.Du Barry, Rip Torn como Luís XV, ou Danny Huston, como José II da Áustria. Algums pequenas mentiras e omissões? O início do romance com o sueco Fersen, que na realidade só começou depois dos 4 filhos terem nascido, e não antes. O excelente retrato que é dado do rei míope e barrigudo, que era Luís XVI. A morte de Luís XV, que na realidade morreu completamente coberto de pústulas, que o faziam mal-cheiroso por toda a Versailles. O esquecimento de episódios rocambolescos como a encenação do colar de diamantes; a fuga para Varennes; o envolvimento duplo de Mirabeau; as invejas do futuro Luís XVIII, Conde da Provença. A premonição de Goethe ao mirar o tapete que decorava o pavilhão nêutro onde Maria Antonieta passou a ser francesa. O destino trágico de Fersen. Etc. Tudo perdoável dada a excelência do objecto final, em que, afinal de contas, a habitual "verdade" dos estúdios norte-americanos ficou de lado.

Cinematograficamente falando, que dizer de um filme que é puro encantamento do princípio ao fim? A realização a meias (ou terá sido 90%-10%) entre os manos Coppola está verdadeiramente impecável, sempre com as melhores opções, no momento certo, no que é de realçar a fotografia assombrosa, quer nos interiores quer nos exteriores. A encenação, a reconstituição de época, o guarda-roupa, a gestão dos pormenores nos grandes planos (Maria Antonieta depois de consumado o casamento; tomando o primeiro banho; a sequência com Fersen; à janela da carruagem, durante o caminho para Paris (talvez a melhor cena de todas), mas também nas cenas de grupo (as caçadas, a ópera, o baile de máscaras, os jogos de salão, a coroação, as refeições). Ritmo em vários registos. Cor em város cambiantes. Música em sons diferentes: Rameau e Couperin para a pompa e circunstância. Os Air, Cure, New Order ou Siouxie and the Benshees para a folia. E quanto à tão falada mistura pop que Sofia dá ao filme, ao jeito de pontuação anti-tédio (os ténis no meio do acesso consumista da raínha por sapatos; os mascarados a dançaram ao som de música pop; etc.) é uma excelente opção, digna de uma grande realizadora, nada a opôr, antes pelo contrário.

Uma palavra final para Kirsten Dunst. Está de regresso aos grandes papéis, depois de uma fase de algum desperdício em prol de comédias, mais ou menos medianas. A partir de agora, a raínha guilhotinada passa a ter um rosto definitivo na tela, tal como Falconetti é o de Joana d'Arc. Já tinha sido Lux Lisbon, aquela virgem suicida que nunca mais nos deixa; agora ficou Antonieta...ainda bem que o filme não chegou à Conciergerie e à guilhotina... Óscar imediato para Kirsten!

Auf wiedersehen Schumi


E obrigado pelas vitórias e pelos títulos e recordes que deste à Ferrari, que é isso que conta para mim; e que foi coisa que desde Niki Lauda nunca tinha acontecido. Danke schön.

sexta-feira, outubro 20, 2006

A luta acabou


E Kramnik ganhou e é o campeão do mundo "unificado". A genica de Topalov revelou-se kamikaze.

Auto-questionário de Proust

Há anos, podia procurar Milton por todo o lado, que não existia. Até que encontrei uma edição de finais do séc.XIX, encadernada a rigor, em meia-francesa, em pele completa, papel amarelado quase nada aparadoe ainda com sêlo do encadernador (não, não é o Raul Almeida!). Era «Paraíso Perdido». Demorei a lê-lo, não tanto como «Ulisses» mas demorei. Cada palavra uma parábola, que tem de ser lida, absorvida e processada convenientemente. Desde que o li, que está no meu questionário do dito cujo. Há pouco tempo, surgiu uma nova edição do livro em capa colorida, com Adão e Eva como Deus os deitou ao mundo. Peguei nela e perguntei-me por que razão os livros velhos não podem ser clonados... E Milton no cinema, é infilmável? A única referência registada nunca a vi, será uma coisa (simpática?) feita por um dos realizadores em voga no período de ouro do cinema mudo italiano: Luigi Maggi, e tem o título de «Satana». O resto são mil e um plágios para isto e para aquilo. Será que algum dia alguém pega na obra máxima de Milton, como Murnau pegou na de Goethe?

Curiosidade: a casa de Hedy

No mundo da fofoca e do voyeurismo que é o sítio de «Seeing Stars», dei por mim curiosíssimo em conhecer a casa da minha diva, comprada, por sinal, a um dos meus actores preferidos, o fleumático Leslie. Acho piada a estas histórias.

quinta-feira, outubro 19, 2006

As aranhas de Lang, na Cinemateca!


É verdade. Uma rara oportunidade, esta a que a casa da Barata Salgueiro nos oferece para podermos ver «Die Spinnen, 1. Teil - Der Goldene See» (1919) e «Die Spinnen, 2. Teil - Das Brillantenschiff» (1920), o díptico que Fritz Lang realizou sobre a sociedade secreta criminosa, baseada em Feuillade e no exotismo das aventuras de Karl May. Ainda por cima tem Lil Dagover no papel principal. A não perder, este Sábado, às 15h30 e 19h30.

The roots of our Soccer Tribe lie deep in our primeval past (Desmond Morris)

Os uivos. Os insultos. Os cânticos. Os líderes. Os ícones. Os uniformes. Os emblemas. Os cativos. Les enfants du paradis. As superstições. As faixas. As luzes. As cores. Os esquemas. A organização à entrada. A desorganização à saída. Os culpados. As vítimas. As paixões cegas. As apoplexias. As correrias. As ilusões. As frustrações. As vitórias. Mob vs. crowd?

No rescaldo do jogo mediano entre os meus dois amores futeboleiros...


ganhou o meu lado civilizado, mas o outro lado vingou-se, ficou com o meu guarda-chuva. Posto dentro de um contentor do lixo à entrada, por exigência da steward da filapergunto como é? Diz-me que à saída o encontro. Tretas. Desapareceram todos. Só por isso, o sporting devia descer de divisão quanto mais ombrear com a nata da nata, mesmo que bolorenta.Os "pipis", de fatinho esticadinho e tiritando de frio, acabram todos molhados à saída. No jogo propriamente dito, valeu o golaço, a categoria de Kahn e dois lances do inconsequente Yannick. No resto, o habitual: carga de ombro e matraquilho ao chão, seguido de insultos e assobios; penalty por marcar; faltas a pedido; bola pelo ar; defesas a sobreporem-se à inépcia dos ataques. O estádio tem um fosso para leões (in)domáveis. O terminal de autocarros é terceiro-mundista, os carros estacionam por tudo quanto é lado, e o Metro está dimensionado para Liliput. Uma vez e ... tão cedo.

Ou seja, a vitória do anti-jogo, para uns, e uma Ten-man Bayern battle to precious win, para outros.

quarta-feira, outubro 18, 2006

Os 4 minutos de «How deep is your love»

Considerei esta canção um obra-prima mal a ouvi (e vi) em «Saturday Night Fever». Ficou imediatamente uma das minhas mais-que-tudo. Mas agora que os Bee Gees passam freneticamente na publicidade infernal do Metro, caio na tentação de considerar aquela cena em que Travolta chora no cais do Metro, como uma grande idioteira.

I know your eyes in the morning sun
I feel you touch me in the pouring rain
And the moment that you wander far from me
I wanna feel you in my arms again

And you come to me on a summer breeze
Keep me warm in your love and then softly leave
And its me you need to show

Chorus:
How deep is your love
I really need to learn
cause were living in a world of fools
Breaking us down
When they all should let us be
We belong to you and me

I believe in you
You know the door to my very soul
Youre the light in my deepest darkest hour
Youre my saviour when I fall
And you may not think
I care for you
When you know down inside
That I really do
And its me you need to show

O último dos homens


Contam-se pelos dedos de uma mão os porteiros que podem ombrear com Emil Jennings, mas aquela profissão deve ser magnífica. Quem tenha dúvidas, que veja «Der Letzte Mann» (1924). A arte de Murnau é insuperável.

As partes íntimas de Stern

Outro dia dei por mim vendo na TV um filme que já ia adiantado. O ambiente não me era estranho (seria «Radio Days»?, não, não era), e as personagens também não. Demorei a reconhecer o protagonista: Howard Stern, himself, about himself. Tratava-se de «Private Parts» (1997), a auto-biografia do jornalista de rádio mais amalucado, malcriado, cómico e desconcertante dos E.U.A., que é como quem diz, do globo...falando em termos televisivos. O genuíno. Que todos passaram a imitar, aqui e ali. A minha reacção quando o vejo e ouço é sempre a mesma, e aplica-se-lhe aquela máxima do poeta: ao princípio estranha-se, depois entranha-se.

terça-feira, outubro 17, 2006

Eu também acho que...


«Morangos Silvestres» (1957) é um dos melhores filmes de sempre.

segunda-feira, outubro 16, 2006

Nem a correr se foge ao destino?

«Little Miss Sunshine» - em português tem o título alarve de «Uma Família à Beira de um Ataque de Nervos» - é uma das melhores surpresas deste princípio de Outono, e a prova que afinal Sundance continua a ser a melhor montra de filmes norte-americanos da actualidade.

Foram 10 meses de espera, mas valeu a pena. Não sei se o casal de realizadores, Jonathan Dayton e Valerie Faris, terá algo em comum com o par de protagonistas representado por Greg Kinnear & Toni Colette, mas só sei que este seu filme é a melhor pedrada no charco das receitas de sucesso anti-frustração, a solução que todo o sociólogo, psicólogo social, sociólogo de organizações procura incansavelmente e nunca encontrou. É a teoria da pirâmide das prioridades de Taylor completamente invertida, são as receitas de Dale Carnegie a vir por água abaixo, a mobilidade social de pantanas.

Em suma, um belo filme, esta comédia dramática, rodada em jeito de «road movie» e em que a moral da história é: o que for soará. Ou como a verdade na boca das crianças deixa qualquer um desarmado. Um filme meio ao jeito de Wes Anderson, mas de personagens mais consistentes e fascinantes, sem diletantismo, e que tem na força e originalidade do argumento, e na segurança e talento dos actores (todos) duas razões de pêso para não se deixar de ir ao cinema para ver... sobretudo numa altura em que o resto é paisagem; até à semana que vem. Além disso é o melhor argumento para se acabar com os concursos de beleza infantis ... por muito que isso custe a papás e mamãs de Temple ou Shields. E um excelente revigorante de noite chuvosa.

Obituário: Gillo Pontecorvo (1926-2006)

O seu filme mais célebre é «A Batalha de Argel», com que venceu, aliás, Veneza, em 1966, mas também «Queimada», com Brando, ficou registado na história do cinema. Foi assistente de Joris Ivens. E foi, basicamente, um jornalista-crítico social, a que não terá sido estranha a sua militância comunista. Que me recorde, nunca vi nenhum filme dele, nem no cinema, nem na tv.

Do you have the slightest idea what a moral and ethical principle is? Do you?

(«The Shining», 1980)

Filmes em revista sumária # 15

Que Kevin Costner é bom rapaz (e disseram-me uma vez que isso era a pior coisa que se podia chamar alguém!, será?), um pouco tímido, até, e que gosta de filmar heróis americanos, isso já se sabia. Por isso, quem for ver «O Guardião» já sabe o que o espera. Nada de novo, portanto, salvo (e já me esquecia) que Costner é um excelente nadador-salvador. E esta, hein?

sexta-feira, outubro 13, 2006

De cavalo para burro, de burro para asno, mula ou jumento?

«Un condamné à mort s'est échappé», de Robert Bresson (1956)

Prefiro a queda de buraco para alçapão. Há a possibilidade de fuga. Para quando?

A pouco mais de 200 km a norte do Castel dell Ovo

No Dia Mundial do Ovo


Quem me dera estar .

quinta-feira, outubro 12, 2006

Los olvidados #17: Ulla Jacobsson (1929-1982)


Nunca teve o estatuto de nenhuma das damas de Bergman (Bibi Andersson, Harriet Andersson, Liv Ulmann ou Ingrid Thulin), nem muito menos o estrelato da diva Ingrid, quanto mais da Garbo. No entanto, a delicadeza e a feminilidade de Ulla não deixam ninguém indiferente em «Sorrisos de uma Noite de Verão». Ainda fez uma incursão pelos States, sem grande resultado. Rapidamente caiu no esquecimento. Foi pena.

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Entre Walden e Lovecraft, regressei por horas ao último terço de

... «Condessa d'Edla A cantora de ópera quasi rainha de Portugal e de Espanha (1836-1929)», da editora de Zita. Bom, o livro é um pastelão, sim, mas esta parte tem mais interesse, sobretudo por causa das peripécias diplomáticas entre Portugal e Espanha, na tentativa de usar o Rei Consorte a jogada estratégica ibérica. Também tem interesse para se rever fotos do outro chalet, o da Pena, completamente olvidado, entre projectos e promessas.

People of Valencia! I bring you bread! («El Cid», 1961)


Un Chien Andalou», de Luis Buñuel, 1929)

A «grande» notícia na RTP, e em metade dos muppies de Lisboa, é o regresso de Maria Elisa à pantalha, com o programa Grandes Portugueses. Há quem ache que fazer regressar a jornalista-entrevistadora-deputada-adida aos estúdios foi a única coisa positiva de todo o mandato de Freitas do Amaral enquanto MNE. Eu sou mais mais modesto: apenas acho que é uma boa notícia para todos os sofredores de mialgia. Enquanto isso, aqui ao lado, celebra-se o Dia da Hispanidade. Regimento após regimento, província após província, milhares desfilam ... até uma cabrita engalanada. Mau agoiro?

quarta-feira, outubro 11, 2006

Enquanto isso, no Festival de Sitges, ...

Darren Aronofsky era aplaudido por «The Fountain», e nos E.U.A., Clint juntou-se a Spielberg para parceria sobre Iwo Jima.

11ª partida, ao 11º dia de Outubro



No tabuleiro, a luta continua. Aceitam-se apostas. A culpa não pode ser só de Faye Dunaway, ou pode?

Filme gore no 7º

Depois de chuvada torrencial, restos de lagartixas bébé desprevenidas jaziam junto à janela da sala, de pescoço torcido para trás, e entalados no estore do quarto. Flácidos como bonecos de borracha de carnaval.

terça-feira, outubro 10, 2006

A propósito da Anita, vai uma volta de carrossel?


O «Carrosssel Mágico» («Le Manège Enchanté») preenchia 5 minutos da minha vida diária por alturas da infantil e primária, até, bom, até aos 8-9 anos, altura em que passei para «Os Pequenos Vagabundos», o «Kimba» e os «Thunderbirds». De qualquer forma, foram muitos dias a ver o Franjinhas, o Saltitão e o meu preferido de todos, o tocador de realejo. Na TV e na colecção de miniaturas que proliferava em tudo quanto era tabacaria e loja de brinquedos... voltarei um destes dias aos brinquedos...

Filmes em revista sumária # 14

«O Coleccionador de Olhos» («See No Evil», no original) consegue ter, apesar do traço mentecapto que configura o seu perfil (tão típico dos filmes de terror «consumidores» de teenagers ), duas cenas magistrais que merecem figurar na antologia do género. A primeira diz respeito ao modo inventivo como se resolve a situação da menina boazinha, amiga dos animais: é devorada por cães, mal estes reparam na sua fractura exposta pingando sangue. A outra, e que devia ser aplicada a todos aqueles que importunam o próximo durante a projecção de filmes: a besta maléfica, farta (e eu também) da menina que não parava de usar o telemóvel, fá-la engoli-lo paulatinamente, esófago abaixo; um mimo.

segunda-feira, outubro 09, 2006

Onde pára a Orion, a série de sci-fi mais cerebral de todas?


Startrek rende milhões. E «As aventuras fantásticas da Orion», quanto é que renderão? Sim, aquelas em que os actores falavam como robots e os discos-voadores pareciam saídos da prancha de Le Corbusier, e que passou em Portugal apenas em 1976?! Porque não a repete a RTP Memória?

Teaser em elevador do Metro

Lança a rapariga desbocada ao velho imperturbável, referindo-se à marca do polo, inscrita no bolso do peito:

-"Amori" é o que eu costumo chamar aos meus namorados, mas não foi nisso que o senhor pensou quando comprou esse pólo, pois não? ... (o homem mantém-se mudo)... bom, se calhar nem o comprou, não foi?

Uma tarde de Sábado no C.C.C.


Nos 50 anos de Anita (Martine, no original), o teu, genuíno, "Anita Dona de Casa" não podia deixar de levar a dedicatória do aguarelista que a inventou: Marcel Marlier. Daí o suplício de permanecer de pé 3h em plena praça central do "centro comercial do engenheiro", assistindo à mais diversificada parada de pernas e odores, e presenciando o caricato em todo o seu esplendor (protestos, "cunhas", desorganização, frete, má-criação, etc.). Valeu a simpatia (e a paciência) do autor e aquele "Pour T. avec toute mon amitié. Marcel Marlier. 7.10.2006". Fica a promessa que hei-de encontrar por aí um genuíno "Alice e as Quatro Estações".

sexta-feira, outubro 06, 2006

A partir de ontem, há nova série da HBO

HBO é sinónimo de qualidade, e mesmo que o primeiro episódio tenha sido uma semi-desilusão, há que dar tempo ao tempo e verificar os futuros episódios, para aquilatar do verdadeiro interesse de «Carnivàle». Todas as 5ª Feiras, às 23h, na Sic Radical

O colossal Veidt

«The Man Who Laughs» (Paul Leni, 1928)

Flores para De Palma, Scarlett, Hillary, Ellroy e ... Conrad Veidt!

Há já anos que as novelas policiais de Ellroy são sucesso garantido junto de Hollywood, e daí às salas, um pulo. Sorte? Merecimento? Cunha? Talvez um pouco de tudo, mas o que importa neste filme de De Palma é mesmo a intriga e o ambiente. E se a primeira deriva de Ellroy, o segundo é da quase completa responsabilidade de quem dirige «Dália Negra», ainda por cima sendo como é uma co-produção búlgara!

Mas, atenção, isto não quer dizer que o filme não sofra de excesso de zêlo pelos ferrenhos de um ou de outro: a história tem um desenlace aparvalhado (a personagem de Fiona Shaw é puro truque; há uma certa confusão entre os anos 40 e o filme de Paul Leni, «O Homem que Ri», que é de 1928; assim como os décors art-déco são muito anteriores ao tempo a que se refere o filme, por exemplo), e o realizador revisita-se em excesso (a sequência da escadaria, e o grande plano-sequência do encontro do corpo da Dália, por exemplo).

Mas isso não parece ser problema, porque à medida que a história avança, as coisas compõem-se, o interesse aumenta e de um momento para o outro, passam por nós memórias de filmes de Garfield (o boxeur revoltado), Cagney e Harlow, Ladd e Veronika Lake (a alusão ao filme baseado em Chandler), etc., etc., e isso significa que o filme cumpre integralmente a sua missão de nos devolver a envolvente dos filmes negros do período de ouro de Hollywood. Só por isso, vale a pena ver o último de De Palma: a homenagem a esses tempos.

Notas finais:
1. Este é um filme de mulheres, apesar de parecer o contrário. Não só Scarlett (e como esta ninfa é um caso sério de fotogenia e domínio do espaço de cena!) e Hillary Swank subjugam os seus parceiros de cena (fraquitos), como a personagem ausente, apesar de mal interpretada, é o fio-da-meada que interessa seguir.
2. Brian de Palma foi um dos meus realizadores preferidos com «Vestida para Matar», «Body Double» e «Scarface». Apesar do pastiche e da pompa. E continua a sê-lo.
3. A melhor sequência do filme pertence por inteiro a Conrad Veidt, o colossal actor que eternizou na tela a personagem que Victor Hugo criou. «The Man who Laughs» é um filme imprescindível em qualquer dvdteca-videoteca que se preze.

Ontem, os super-heróis enfiaram-me o barrete!


O anúncio no poster afixado em livraria alfacinha não deixava margem para dúvidas: "Feira de Coleccionismo de Banda-Desenhada, dias 3-4-5 Outubro, das 10h às 22h, nos antigos armazéns da Abel Pereira da Fonseca, no Poço do Bispo". Na ânsia de encontrar alguns exemplares da minha colecção da Editora Brasil-América (os almanaques de Batman, Super-Homem e Capitão América; mais os álbuns do Tarzan, Aquaman, Zorro, etc.), fui até lá, à torrina do sol. Vendo ninguém, pergunto a um transeunte local e conto-lhe a história. Resposta: "barrete"!

Filmes em revista sumária # 13

Nada bate certo em «Serpentes a bordo». Nem bons (o que ali está é uma ínfima parte de Samuel Jackson), nem maus (o mafioso chinês é ridículo), nem verosimilhança (alguém acredita que era possível aquele ataque?, aquela solução para deitar fora as cobras? a "solução piloto"?), nem intriga (mete-se os pés pelas mãos por tão pouco...), nem acção (patética, a tentativa de explorar o gore com a piada fácil), nem efeitos especiais (há cobras com dentaduras como se fossem piranhas!), nem nada. É uma pura nulidade.

We're something, aren't we? The only animals that shove things up their ass for survival


Ontem de manhã, uma borboleta fabulosa poisou no parapeito da janela, aquecendo as asas pretas, brancas e amarelas ao sol da República. Por momentos, reli a odisseia de Charrière por terras da Guiana (best-seller dos anos 70), e revi os tormentos por que passaram McQueen e Hoffmann, em duas interpretações assombrosas sob a batuta do sempre esquecido Franklin J. Schaffner.

terça-feira, outubro 03, 2006

Filmes em revista sumária # 12

«Ondas Invisíveis»! Filme esquisito, esta co-produção sino-tai-holandesa-coreana ... com cheirinho a Macau. Esquisito, porque está pessissamente interpretado mas, no entanto, as imagens que a fotografia poderosa do australiano Christopher Dyle nos dá a ver fazem esquecer aquele amadorismo, tão inesperado quanto primário. Esquisito, porque mistura «gangsters» com introspecção nihilista, e abusa de tiques cinéfilos, de que o inadequado «r-e-d-r-u-m», escrito no espelho do protagonista (como se bastasse mencionar Kubrick e recolher os louros de seguida...) é a face mais visível. Pode-se dizer que é um filme pretensioso q.b., mas também, quem o não é?

E como sem ti, nem sequer haveria este blogue


Aqui fica a saudação da tua heroína preferida, Clara Bow, de quem lias os intertítulos projectados em espelho de brincar, por detrás do écran, quando o filme não te era aconselhável. À dela junto as de Valentino, Peal White, Pola Negri, Gilbert, Francesca Bertini, Brigitte Helm, Lillian Gish, Norma Shearer, Cooper, Ingrid Bergman, Brando, Magnani, De Niro, Mitchum, Bronson, Nero, Ventura e todos os teus amigos da tela, e, sobretudo, Garbo.

Há já 7 anos

que me faltas, e tanta me fazes que dou por mim coxo quando me detenho. Um grande beijo, Avó.

segunda-feira, outubro 02, 2006

Pequeno-roque?


Realmente, o mundo do xadrez é um mundo estranho, e digo isto não por causa do "xeque-pastor" com que me brindaram há anos, mas por causa desse episódio do w.c. de Kramnik, que é pura bizarria. Tal como nesse fabuloso duelo que mencionas, meu amigo AA, e que me fez saborear de modo diferente o mirtilo, também aqui as coisas parecem mais próprias do filme mudo de Pudovkin, o demencial «Chess Fever», do que propriamente de uma final para atribuição do ceptro mundial. Que venham Capablanca, Alekhine e Fischer, s.f.f!

Filmes em revista sumária # 11

«Open Water 2» é um daqueles maus exemplos de filme de terror que fazem com que o género passe as estopinhas para se manter à tona de água. No caso vertente a estupidez tem limites: ninguém ali ouviu falar em Arquimedes? É que fiquei sem perceber porque razão ninguém dos mais fortes sopesou ninguém dos mais leves barco acima! "Baseado em acontecimentos verídicos"? Uma ova.