sexta-feira, setembro 28, 2007

The rest is silence...


«Hamlet» (1948)
Finalmente, o descanso.

quinta-feira, setembro 27, 2007

Cidades cujos nomes se me viram filmes #5:


Quando me deparo com Kazã, deparo-me com o perfil de Cherkassov, aliás, o Ivã, o Terrível de Eisenstein, que a conquistou, mas que também, do alto do seu retiro, em Sloboda, mirou a multidão que se aproximava, serpenteando pela neve, à espera do sim do Czar às suas preces para que voltasse a Moscovo. É um plano assombroso, de um filme absolutamente magistral e único: o perfil, a barba, o gorro, as sobrancelhas, o branco e o negro.


Mas Kazã é também sinónimo da Virgem e de uma imagem santa, um ícone, que foi protagonista de várias peripécias, de Napoleão a Hitler. E é sinónimo dos tártaros, e das suas eternas batalhas pela sobrevivência, com os mongóis. E do desenvolvimento industrial de Pedro, o Grande. Kazã está hoje mais perto de nós, e talvez um dia lá vá. Se os boiardos me permitirem ...

quarta-feira, setembro 26, 2007

I'm not afraid of heights. I'm afraid of falling.


«Paris, Texas» (1984)

terça-feira, setembro 25, 2007

«À Procura da Fortuna» na Colecção Vampiro

«London, the decadent 1890s: a mysterious meeting is called in a private room of the sumptuous Imperial Hotel. The sinister Dr Nikola is presiding, but what masterpiece of crime is he planning? Meanwhile, in Sydney, Australia, a rugged young man rescues a girl from attack by ruffians. These two events are skilfully woven together in one of the classics of late Victorian crime fiction. Before his tragically early death, Boothby lived his life equally in the Northern and Southern hemispheres, and in this novel he creates a narrative that moves breathtakingly from the West and East Ends of London to a thrilling climax in the South Seas via Egypt and Australia.»

Do australiano Guy Boothby, e escrito em 1895, este livro. cujo aperitivo aqui reproduzo, foi o meu regresso ao universo da colecção de bolso mais lida cá pelo burgo, após longos anos de divórcio. O engraçado da situação é que foi por causa dos péssimos comentários que o anterior leitor lhe fez.

O meu Tio acenava o livrinho e dizia, furioso: «o dinheiro mais mal gasto dos últimos tempos. Vou deitá-lo para o lixo. O tipo anda a brincar connosco o tempo todo, está mal escrito e ainda por cima goza com o leitor no final, dizendo - querem saber o que sucedeu ao gato de olhos diabólicos e ao seu dono bruxo, e respectivo pauzinho chinês? Não lhes posso dizer!». «Isto é o cúmulo», dizia o meu Tio.

Lido de uma ponta à outra, quase de um fôlego, assumo que tem falhas de escrita, talvez por causa de tradução deficiente e/ou revisão inexistente. No entanto, a trama é engraçada, a fazer lembrar as aventuras luxuriantes de Fantomas, por exemplo, ou Les Vampires, de Feuillade. A personagem do tenebroso Dr.Nikola é fascinante. No fim, quere-se mais e não há, e não julgo que isso seja um mau barómetro, mas como o li de borla, aceito a fúria do meu Tio...

I'm rather ashamed of my plans. I make a new one every day


«The Portrait of a Lady» (1996). Um livro que faltava e que já cá canta. Falo das edições Portugália, bem entendido.

Cidades cujos nomes se me viram filmes #4:


Mais do que um título de livro (por sinal belíssimo) de Paul Auster, destino inevitável de todos nós - a modos que o nosso cemitério dos elefantes -, Timbuktu é mesmo o umbigo do mundo, encruzilhada de mundos e civilizações. Heróis, ao que se sabe, os homens que por lá passam, sob o calor tórrido daquelas terras agrestes e longínquas. Misterioso nome, de não menos misterioso destino, tão misterioso que se pensou em tempos ser apenas uma miragem; mas não é, como se vê na imagem de cima. Não só não é como há que o perservar, quanto antes, antes que o mesmo homem que a achava inalcancável a destrua, como destruiu tantos outros santuários, ou o deserto se vingue deles todos e o engula. O que tem graça é que também aqui o homem português deixou o seu rasto.

segunda-feira, setembro 24, 2007

Filmes em revista sumária # 59


«Um Coração Poderoso» é o relato, na primeira pessoa, do trágico e mediático rapto do jornalista Daniel Pearl, em Carachi. À partida já se sabe ao que se vai, mas o filme teima em surpreender-nos, seja por foça da montagem sábia que Winterbottom imprime à narrativa, seja por causa da Jolie, desta vez sem sorrisos artificiais e poses para a câmara, naquela que é, seguramente, uma nomeação segura para os Óscares. A prova que o filme é mais que um relato piedoso, ou politicamente enviesado, de algo que todos sabemos, é o facto de sairmos tremendamente combalidos pela força do seu dramatismo, sem excessos nem biombos, ao natural.

Curiosidade em papel de embrulho (3)

Le théâtre doit faire de la pensée, le pain de la foule. (Hugo)

Curiosidade em papel de embrulho (2)

Mieux vaut manger un pain debut q'un steak à genoux, alias, profitons des choses sûrement et simplement plutôt que de se mettre dans des situations embararrasantes.

Curiosidade em papel de embrulho (1)

Pistore est le premier nom du boulanger professionnel qui voit le jour à Pompéi (en +79). Il désignait le pilleur de blé.


Em «Fallen Angel» (foto abaixo), de Preminger, que em português se chamou «Anjo ou Demónio», Dana Andrews perdia-se e voltava a perder-se entre Alice Faye e Linda Darnell. Em Paris, a casa Givenchy dá agora o mote com um perfume inebriante.

sexta-feira, setembro 21, 2007

Parabéns a você:


(foto: Expresso)

O Cinema Odéon faz hoje 80 anos! Que seja desta que os poderes públicos (já que dos privados já a gente desconfia que o querem é vê-lo em baixo...) intervenham e o recuperem, devolvendo-o à cidade de Lisboa. O Odéon é uma jóia esquecida. Não vale falar da Baixa e nada fazer pelo Odéon.








«Shadow of a Doubt» (1943)
(título apropriado ao futuro do Odéon...)


«The Merry Widow» (1925)

Entre o filme de estreia (em cima) e o filme de fecho (a bem dizer nem sequer houve filme, apenas decadência, porno e falência) de há cerca de 10 anos, o Odéon exibiu grandes sucessos do mudo e do sonoro. Estes foram apenas alguns deles.

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quinta-feira, setembro 20, 2007

Parabéns a você:


A Loren faz hoje 73 anos. Tanti auguri a te!

quarta-feira, setembro 19, 2007

Quando penso alla carne della mia carne, chissà perché, divento subito vegetariano


«Oh, Amici Miei! » é um filme de 1975, do insuperável Monicelli, e muitas vezes penso neles quanto vejo os nossos políticos por aí. Quanto precisávamos nós de Tognazzi, Celi, Blier, Noiret, etc.! Às vezes dá-me vontade de abandonar a meio no bloco operatório, uma operação de coração aberto, deixando cair o bisturi para o meio da poça, e correr pelo cais de Santa Apolónia e desatar à lambada às caras dos que se debruçam às janelas despedindo-se dos que ficam; ou entrar por uma aldeia adentro, talvez em Gaia, Felgueiras ou em Oeiras, e assentar arraial: abrir buracos, colocar vedações, dar ordens ao presidente de câmara, «Aqui, é aqui, precisamos de abrir um buraco. Compreende, ordens superiores. A canalização está em mau estado».

Cidades cujos nomes se me viram filmes #3:


Confesso que quando li pela primeira vez a palavra Guam, estava longe de saber que ela significava Where America's Day Begins, ou seja, que fosse uma colónia nore-americana em plena Micronésia, desde que os espanhóis a ofereceram ainda no séc.XIX. Não, Guam, para mim, significa um ponto no meio do mar, a que só se podia aceder por barco ou por avião, cujos traçados correspondiam, respectivamente, a tracejado branco, ou risca encarnada contínua, em tabuleiro do inesquecível jogo da Majora, «A Volta ao Mundo».

En Guam (ou, se bem me recordo, em Odessa) colocava eu o meu quartel-general (sempre que podia e se os outros meninos deixassem) e dali fazia correr o meu peão, preto (idem), por esse mundo fora, cumprindo as pistas dos cartões pré-distribuídos. Mesmo arriscando-me a ser cobaia dos americanos em alguma experiência à Lost, o certo é que depois de ver isto, já coloquei Guam na lista dos destinos turísticos «um dia, se Deus quiser».

Vem aí a 8ª Festa do Cinema Francês!


E com ela uma dupla possibilidade: regressar ao São Jorge, e ver filmes de Resnais, Berri e muitos outros. Programa, aqui.

terça-feira, setembro 18, 2007

Oh dear, oh dear. I have a queer feelin' there's going to be a strange face in heaven in the mornin


«The Informer» (1935)

segunda-feira, setembro 17, 2007

Cidades cujos nomes se me viram filmes #2:


Winnipeg, invariavelmente, transporta-me para um cenário de circo, brincadeiras perigosas de um filme de Tod Browning ou Maddin; cenários que, todavia, não passam de virtuais, apenas sobreviventes em celulóide de outros tempos; aventuras de Jack London em busca do ouro, cães puxando trenós, tempestades de neve, álcool e muito carrossel.

Excuse me lady, but that upon which you sit is mine.

Homenagem tardia 2: Dalai Lama


«Kundun» (1997)

Homenagem tardia 1: Grace Kelly


«High Society» (1956)

Filmes em revista sumária # 58

Milos Forman há muito que perdeu o pé, mas com estes «Fantasmas de Goya» chega a ser deprimente resistir 15' que sejam sem desatar a rir perante o que se vai passando pela tela: um desperdício inexplicável de actores fabulosos como Bardem, Natalie Portman e Skarsgard (dos três é quem vai menos mal), uma abordagem histórica a roçar a pior sebenta disponível na Wikipedia, e, pior, uma péssima homenagem ao génio de Goya (sobretudo o seu período negro). Fica a banda sonorae um Michael Londsale totalmente imune aos achaques de Forman. Totalmente evitável

sexta-feira, setembro 14, 2007

«O.J. Simpson Questioned In Connection With Casino Burglary»

Desta é que é?


Fonte: NBC

«Missing in Action»?


Dão-se alvíssaras. Locais a procurar: Algés, Basílica dos Mártires, Franguinho da Guia, Nazaré, Montemor-o-Novo, Lousã, Regaleira, Interlaken, etc.

Terá sido obra do «Espião de Negro»?

Cidades cujos nomes se me viram filmes #1:


Mandalay, no antigo Burma, é toda ela um filme, desde a sonoridade que provoca até às aventuras que sugere. Tanto que até anda por aí uma produtora, que até é boazinha, por sinal.

(Foto: David Cardinal, 2006, "100 Buddhas" in temple at Sagawa near Mandalay Burma, photo ©)

Filmes em revista sumária # 57


Em «Sabor da Melancia», o cinema de Tsai Ming-Liang, feito de longos planos, em que tudo parece inerte mas não é, e sons que se tornam silêncios, o tratamento é, surpresa, de choque. Choque que faria corar de vergonha Solondz ou Gallo, para dar dois exemplos. Talvez perdido num dos seus planos-sequência enigmáticos, Tsai Ming-Liang deixa, ou parece deixar, o tom taciturno, a chuva, o subliminar gay, e vai ao oposto: o espalhafato, a seca, o porno hetero; tentando, e conseguindo mesmo, surpreender o fã mais incondicional, de onde me excluo. O filme até que resulta em algumas partes, sobretudo nos gags e nas coreografias musicais, mas parece que há confusão a mais, embora o que pareça não é, pois há sempre alguma coisa mais por detrás do plano aparentemente mais óbvio. Seja como for, o protagonismo deste filme desconcertante do «Manoel aisático» é todo ele, inteirinho, para as melancias, que aqui são usadas e abusadas, como convém, é claro, pois são frutas excepcionais, gustativa e visualmente falando.

quinta-feira, setembro 13, 2007

Brown, you're a gentleman! You've got breeding! You must have faith!


«The Lost Patrol» (1934)

Cheek to cheek, uma das minhas músicas mais-que-tudo


«Chapéu Alto» (1935)

terça-feira, setembro 11, 2007

Obituário: Jane Wyman (1917-2007)


Nunca fui muito com esta actriz, não tanto por ser má actriz, longe disso, mas porque aquela polpinha para a testa sempre me irritou, vá-se lá saber porquê. Aos filmes que protagonizou, 90% deles dramalhões, sempre os achei pirosos - salvo, por força das circunstâncias, o da surda-muda Belinda , que em 1948 lhe valeu o Óscar- , mas estou aberto a reavaliações, Sirk inclusive. Foi a primeira mulher de Reagan ... mas aqui há anos dizia-se que ele tinha sido casado com Wyman (descubram as diferenças!). É mais nome sonante que desaparece neste ano particularmente trágico para a grande pantalha.

Manhã de Setembro



Em inglês, por Neil Diamond



E em francês, por Bécaud (versão original)

segunda-feira, setembro 10, 2007

Ray Milland e John Wayne à luta com uma lula gigante


Meramente por acaso, olho e vejo no Hollywood essa cena de «Reap the Wild Wind» (1942), com um imberbe Ray Milland liderando um elenco de onde faziam parte Paulette Goddard, John Wayne, Susan Hayward, Robert Preston, Raymond Massey, Charles Bickford e Hedda Hopper. Pessoal da pesada, em filme de De Mille. E não é que nunca vi este filme e agora apenas o apanhei de relance?

Filmes em revista sumária # 56




O mote de «Vacancy» (em português, «Motel») está lançado mal o genérico anos 70, bonito e simples, deste filme do californiano de origem húngara, Nimród Antal, surge no écran: um labirinto claustrofóbico espera a dupla de protagonistas naquele motel kitsch, esquecido num desvio de auto-estrada, recôndito lugar das mais sangrentas selvajarias para deleite voyeurista. A história é banal, mas o desenrolar da história não, muito por força da excelente técnica do realizador, ora insistindo, e bem, em planos junto à pele, ora nunca deixando um único pormenor ao acaso, ora, ainda, realizando tudo sem pinga de ponto morto. Luke Wilson e Kate Beckinsale estão surpreendetmente impecáveis, tal como Frank Whaley, enquanto líder, dementemente cómico, daquele gang brutal de assassinos terrivelmente parolos. O filme é uma agradabilíssima surpresa e vale mais que todos os filmes de Ivan Cardoso juntos, vistos recentemente em festival lisboeta. Uma lição para aqueles que resolvem fugir das bichas em auto-estrada, sobretudo de noite. E convém ter algumas noções de mecânica automóvel ... e, por favor, não confundir «Hostel» com «Motel».

Entre o mistral e a lavanda #9


Já bem longe da lavanda, mas tampouco do vento, que não o mistral; imaginei-me Aníbal, filho de Amílcar, liderando milhares de elefantes a caminho de Roma, e da espada de Cipião. Foi então que me vi perdido em vales profundos, de um verde sufocante, totalmente diferente do da estradinha de Lagrasse de semanas atrás, a lembrar a nossa doce Arrábida. Havia grutas com lagos interiores, aqui e ali com canoas e watershoots.


Os Pirinéus haveriam de ser mais fáceis de vencer do que os Alpes, sem dúvida nenhuma, que ficarão para uma próxima ocasião, espero que a muito curto prazo, até porque Palladio nos espera.


Seja como for, e que me perdoe o inimitável Jansenista, mas esqueci-me de levar Lodge, quando entrei no claustro sublime da Catedral de St.Bertrand de Comminges. Ainda tentei ler as folhinhas que faltavam para o fim dos «Diálogos de Roma», do holandês mais português de todos, mas aquilo era demasiado para as aborrecidas diletâncias do espião de D.João III. Confesso que fiquei embasbacado: trata-se de muito mais que um claustro; ele é todo um retiro. Por mais que tentasse, não consegui da minha lente o diafragma correcto para recolher tamanha serenidade, pelo que a melhor das fotos nem transparece um décimo do que é aquele encantamento (não tenho os dotes do ilustre colega, paciência). Ainda bem que da segunda tentativa já não havia Tour que nos bloqueasse, pois teríamos perdido a vontade.


Já bem longe de tudo quanto dá título a esta série de posts, a chuva só apareceu em Saint-Jean-de Luz íamos já bem perto das Portas do Sol. Irritadíssimos com a "simpática" concièrge do La Poste (estou-me já nas tintas para se o Lafayette lá dormiu, ora!), perdemo-nos de amores pelo Devinière, ainda por cima porque nos lembra o génio de Rabelais, e aquela sua homónima pertinho do Loire.


Fica para a próxima, está prometido, mas nunca antes de anos, que isto já são muitas vezes ao mesmo, mesmo que valha sempre a pena uma paragem (obrigatória) na igreja (aquele retábulo, aqueles balcões, aquele órgão, Santo Deus!) onde se casou Luís XIV, e umas espadrilles basques, que é como quem diz, alpergatas de corda (inventadas por Madame Sandale), para a colecção aqui do rapaz. De qualquer modo, nesta magnífica costa basca francesa não há uma única vez que não chova, tiranos dos deuses.

Last night I dreamt I went to Manderley again



«Rebecca» (1940)

sexta-feira, setembro 07, 2007

E porque o descobri há dias, aqui vai ele, caro JA:


Este memento para um site dedicado a Lars Hanson, um dos maiores actores suecos de sempre (aqui ao lado da nossa mais-que tudo...), directamente para si, que o sei já cheio de frio nessa Suécia distante. Homem, que isso aí não é só frio;-)

Sábado, às 19h30, imperdível na Cinemateca:




«Spione», de Fritz Lang (1928)