quarta-feira, outubro 31, 2007

Decididamente, um filme muito falado, de ontem em diante.


«Invasion of Body Snatchers» (1978)


- I have seen these flowers all over. They are growing like parasites on other plants. All of a sudden. Where are they coming from?
- Outer space?
- What are you talking about? A space flower?

It's Halloween, everyone's entitled to one good scare


«Halloween (1978)»


E eu acrescentaria: nesta noite, nada de se esconderem nos armários de vossas casas. Michael Myers encontra-os na hora!

31 de Outubro de 1989



Para ti só o original, de e por Aznavour, e nada de Costello. Para sempre!

Azia

«azia | s. f.; por azedia. s. f., acidez do estômago; pop., azia de queixos; apetite».

Quem introduziu esta definição no dicionário de língua portuguesa esqueceu-se de acrescentar: reacção alérgica ao meio ambiente; patologia associada ao estado de contagem decrescente.

terça-feira, outubro 30, 2007

Em Novembro, na Cinemateca, o prodigioso:


«Haxan» (1922)

segunda-feira, outubro 29, 2007

Thank god, straight fucks are still in style!


«Dressed to Kill» (1980)

Filmes em revista sumária # 64

Depois de «Being Julia» tudo levaria a crer que o «pirosismo» assumido de Lajos Koltai teria ficado para trás. Puro engano: «Evening», mais do ser que uma daquelas lamechices pegadas tão típicas de 2ª matinée do Londres, por ex., é mesmo uma piroseira pegada, roçando o «autor» Michael Cunningham a pastiche descarada de Fitzgerald, e o próprio Koltai tenta ser um cineasta de mulheres, quiçá na esperança de ser um novo Cukor, ou algo parecido. Certo, certíssimo aquele aviso de antanho: filme que reúna elenco de luxo, regra geral não presta. Palmas, contudo, para as incansáveis Claire Danes e Toni Colette, estrelas do firmamento actual, e a insuperável Vanessa, sempre impecável, mesmo com argumento patético por detrás. Pena, também, aquele cenário natural.

sexta-feira, outubro 26, 2007


«The Naked Lunch» (1991)

À sombra de um plátano gigantesco, enquanto Zweig te desvendava o «Segredo Ardente» à volta do Barão, William Burroughs confessava-me que, aquando da doença que o atormentou anos a fio, «The Naked Lunch», era capaz de ficar imóvel durante oito horas seguidas, olhando para a ponta dos sapatos que calçava, sem se importar com o que acontecia no mundo. Junky.

Filmes em revista sumária # 63


Confesso que esperava muito mais de Rodriguez (cheguei mesmo a pensar que ele estivesse ao nível de Tarantino,) e do seu «Planet Terror», segunda parte do díptico mais alucinante de 2007, mas rapidamente o que de bom havia em «Sin City» ficou submerso na paródia redundante de «El Mariachi», a quem nem falta o sotaque mexicano, e uma série de pastiches a filmes de fronteira, invasores de aliens, zombies, algures entre os filmes velhinhos de Carpenter e os primórdios de Sam Raimi e o pior de Romero.

O filme é uma semi-desilusão, sobretudo após o tremendo cinema de «Death Proof», seu meio-irmão. Valem algumas personagens e situações bem apanhadas: o bar de churrasco, «Bar B Q», e o seu espantoso dono obcecado com o melhor molho de churrasco de sempre, ou a dançarina que vira vingadora perneta, com metralhadora a servir perna de pau. A melhor sequência é a do esquartejamento do Tolo ajudante do xerife (saúda-se o regresso de Michael Biehn), Ainda mantém alguns pontos comuns com o filme de Tarantino: os cortes na imagem, a «censura», a montagem aos solavancos. Mas não chega. Rodriguez não é mesmo Tarantino, por muito amigos que sejam.

Somem-se, ao ritmo de um tango


Sábado passado ainda pensei ver-te na Aula Magna. Estava lá o nosso velho amigo Astor. Impressionante: mesmo que outros tangos, dos anos 10 e 20, por lá tivessem estado e sido dançados, a verdade é que do espectáculo dos simpáticos, empenhados e muy tanguistas Quattro, o que nos tocou, cortou e transportou foi a música do saudoso Piazzolla, mesmo sem tristezas de un doble AA. Já sei: não soubeste de nada, e o peixinho da Nazaré era mais importante. Somem-se as oportunidades.

quarta-feira, outubro 24, 2007

Filmes em revista sumária # 62


«A Estranha em Mim», fica muito melhor tratada na fotografia se a tratarmos por The Brave One, pois é disso que se trata: uma simples cidadã que, à imagem, de Bronson, em «Death Wish» (tinha desejos de matar, mas foi traduzido por «O Justiceiro da Noite»), resolve empreender uma luta desigual contra os bandidos, reais e imaginários,. O interessante do filme não é tanto a brutalidade ou a violência das cenas, mas o case study que se revela, talvez paradigmático, do estado de coisas entre os nova-iorquinos, desde o 11 de Setembro. Aqui não está a vingança, tout court, de um médico - Bronson - que resolve fazer justiça pelas suas próprias mãos, depois de ver ser assassinada a sua mullher, mas antes uma mulher que vive a cidade, respira os sons e as imagens de uma cidade, cada vez mais irreconhecível, para um programa de rádio, sem interactividade com os ouvintes. De um momento para o outro cai na real: tudo aquilo que ela era, deixou de o ser. Até mesmo o programa passou a ser de diálogo com os ouvintes. E que cidade se lhe revela, e que humanos.

Não se pode dizer que Jordan seja um autor nosentido clássico do termo, até porque muitos dos seus filmes podiam ser realizados por qualquer outro dos seus colegas (europeus ou não), desde que capaz e com bom gosto, atributos que Jordan tem, sem dúvida, aliados a uma invulgar capacidade de direcção de actores e construção de ambientes. Neste filme, o toque indelével de Jordan aparece aqui e ali, mormente nos flashes, entre «crises» de Jodie, nos grandes planos, verdadeiros raios-X sobre a protagonista, e na mistura de câmara e telemóvel, sempre exímia e oportuna, bem ajudada por uma iluminação a preceito. Há um elemento central: Central Park (tal como em «Death Wish», aliás), que resulta como labirinto de minotauro, onde as transformações se vão fazendo, sem dó nem piedade.


Uma palavra para Jodie. Ela faz parte de um selectivíssimo pequeno lote de actores e actrizes que me fazem ir sempre ver os seus filmes, quando estreiam. Até hoje nunca fiquei desiludido. É uma actriz extraordinária. Só espero que não se restrinja a uma Sigourney Weaver, Parte II, pois tem talento a mais para ficar refém de personagens violentas.

Desculpem a ausência, mas com este bólide ...

Vou tentar recuperar o tempo perdido. E começo por dar vivas ao rapaz finlandês por me ter dado mais uma alegria ferrarista. Para mim pouco importa quem conduz o cavallino rampante, se é Raikkonen ou o Zé das Iscas, de Montemor-o-Novo. O que importa é que a macchina rossa chegue em primeiro. Foi o que aconteceu neste Mundial de F1, inesperado, bem disputado e objecto das mais variadas peripécias. E o título de condutores, obtido na última prova, só é prova daquela máxima: não se deve deitar foguetes antes da festa ... e a MacLaren e Lewis Hamilton fizeram-no.

sexta-feira, outubro 19, 2007

Obituário: Deborah Kerr (1921-2007)


«Black Narcissus» (1947)

Mais do que com a cena escaldante de «Até à Eternidade» (em baixo), a Kerr fica na história como uma grande senhora, que nunca abdicou um centímetro da sua dignidade. Uma bela actriz, ainda por cima, e amiga do ambiente, também. Inesquecível a sua prestação em «Black Narcissus», de Michael Powell (em cima).


«From Here to Eternity» (1953)

quinta-feira, outubro 18, 2007

O último dos demiurgos está de volta!

Cidades cujos nomes se me viram filmes #9:


No diário-de-bordo de uma das séries mais pirosas dos incrivelmente pirosos anos 80 - falo do «Barco do Amor» - era raro o episódio que não abria, decorria ou terminava inevitavelmente em Acapulco. Por isso, muito do meu fascínio pelo nome e por aquela terra distante, do lado de lá do México, se esfumou com o passar dos episódios de uma televisão feita a dois canais ... por sinal, dado o panorama actual, aqueles dois canais, mal sabia eu, valiam por mais de 40 e tal da TV Cabo. Assim, aquela série conseguiu ter em mim maior efeito negativo do que os mil e um prédios de betão que por ali foram nascendo ao longo das últimas décadas, submergindo o azul e o verde, herança do Pacífico. Perdi a vontade de ir lá.

quarta-feira, outubro 17, 2007

All right so he got shot in the foot, what is it a big fuckin' deal? (*)


«Goodfellas» (1990)


(*) Algures no Monte Estoril

terça-feira, outubro 16, 2007

Cidades cujos nomes se me viram filmes #8:


Sakalina lembra-me quezílias russo-nipónicas, lembra-me os confins do lado de lá de Vladivostoque, terra distante a que só o transiberiano (qual Expresso do Oriente, qual carapuça...) me dará acesso, com petróleo e gás natural suficientes para meio-mundo; mas, sobretudo, lembra-me o magnífico Yul Brynner, que ali nasceu em 1920, Yuliy Borisovich Brynner. E logo me lembro dele, servindo-se da voz e dos olhos como mais nenhum outro. Fosse quem fosse o co-figurante já se sabia que Brynner dominava tudo e todos. Foi assim nos «Irmãos Karamazov», nos «7 Magníficos», «Os 10 Mandamentos» e em «O Rei e Eu», todos eles marcos do careca mais famoso da 7ª Arte, que também foi um grande fotógrafo. Pouco antes de morrer de cancro nos pulmões, disse: «Now that I'm gone, I tell you: Don't smoke, whatever you do, just don't smoke».

I'm not afraid of dying; I'm afraid of pain.


«Amateur» (1994)

segunda-feira, outubro 15, 2007

Here's to the drink habit...

It's the only one I got that that don't get me into trouble.



«The Asphalt Jungle» (1950)

Em movimento de Pareto, a caminho de ...


«Um Óptimo de Pareto (também conhecido com Eficiência à Pareto) corresponde a uma situação de afectação de recursos (ou factores produtivos) em que é impossível uma nova reafectação de forma a melhorar a situação de alguns consumidores sem prejudicar simultaneamente qualquer outro.»

sexta-feira, outubro 12, 2007

Amanhã, no salão de cinema do Palácio Foz:


Passa o filme dos Estúdios Disney, «Os Aristogatos» (1970), pelas 15h. Não sendo da melhor fase dos estúdios, é mais um belo momento do cinema de animação que a Cinemateca nos propicia, na sua (nossa) Cinemateca Júnior. Obrigado!

My Pussy Wagon died on me


«Kill Bill» (2003)

quinta-feira, outubro 11, 2007

Cidades cujos nomes se me viram filmes #7:


Segundo a enciclopedia mais falível da Net, em 1910, cerca de 60% das casas de Carmel foram construídas por estetas, e que a origem da coisa foi uma missão carmelita, lá para as bandas do séc.XVII. Mas isso é o que menos importa. O que importa é que sempre que ouço ou leio «Carmel», imediatamente a associo a praias prodigiosas e a Dirty Harry, que ali foi mayor nos finais dos anos 80. Ainda se pensou que continuasse e tentasse a sorte de Reagan ou Arnie, mas não. Ficou-se pelo cinema, e bem, que para fazer de conta já basta a 7ª Arte.

Filmes em revista sumária # 61


A «Vida Interior de Martin Frost», novo filme de Paul Auster, a partir de escritos do mesmo, com canções do próprio, e narração dele, ainda, é compreensivelmente um projecto 100% austeriano. O mundo do autor de «Timbuktu» está lá todo: as memórias pessoais, as agruras por que passa um escritor, as musas e a falta delas, o habitat do escritor, a imaginação e a falta dela, o toque policial e fantástico. O universo austeriano, que se funde algures entre o cinema e a ficção escrita. O filme divide-se em dois, nitidamente: a primeira parte, em que só dá David Thewlis e Irène Jacob (e como vão longe os tempos de Kieslowski...). E a segunda, a partir da entrada em cena do mais novo dos «Sopranos» (protagonizando uma personagem totalmente lynchiana, diga-se), e da filha do próprio Auster. A primeira é boa, rodada como se fosse num casulo. A segunda é medíocre, repetitiva e com um fim desconcertante. Como desconcertante é saber-se que Auster filmou em Sintra ... mas que tudo o que se vê podia ter sido rodado em qualquer outro local ... foi apenas por ser mais barato?

quarta-feira, outubro 10, 2007

Com a Cavalo-de-Ferro, sempre a aprender


Depois de Grabinski, coube agora a vez a Jonas Lie (1833-1908) no rol de escritores que a Cavalo-de-Ferro me tem dado a conhecer nos últimos meses. Mais uma vez o inesgotável fascínio do fantástico, das lendas e mitos da Escandinávia, dos trolls, das montanhas e dos fiordes, do verde, das bruxarias, das paixões à lareira, das fábulas, e dos amores trágicos, à Bergman. Desta vez foi em «Trold» (1 e 2). Inesquecíveis são os contos das gralhas, da filha de troll que passa de marido em marido, e o do armador ambicioso e cego. Altamente recomendável.

Trave mestra


Que terão em comum um papiro egípcio gigante, dando-nos conta do Juízo Final; uma iluminura da biblioteca do Vaticano, dando-nos conta da Criação do Mundo; uma pequena gravura com imagem de torre em Cáceres, com ninho de cegonhas; e uma belíssima gravura de Chambord dando-nos conta da chegada de um cortejo de caçada real? Fácil. Parte de uma parede ocre de trave mestra.

People just don't get into windowseats and die!

terça-feira, outubro 09, 2007

Efeméride


Não foi só graças a Warhol que Che se tornou no ícone pop que é hoje, nem foi só por causa de fumar charuto, ser carismático, revolucionário e aventureiro q.b., que se lembra hoja os 40 anos passados sobre a sua morte. Mas é um facto que assim é.


«The Motclycle Diaries» (2004)

There can be no understanding between the hand and the brain unless the heart acts as mediator.



«Metropolis» (1927)

Primeira prateleira


Que terão em comum os 8 magníficos tomos da História de Portugal, de Manuel Pinheiro Chagas; os 3 volumes da inultrapassável Hutchinson's Popular and Illustrated Dog Encyclopedia (os meus tomos são avermelhados); o Raphäel, de Lamartine; a colecção engalanada «Da Vida e da Morte dos Bichos», do aventureiro Henrique Galvão, o grosso e histórico tomo da «Epopeia de Espanha», com foto de Franco a capeá-lo; e aquele gigantesco livro de Hopper? Fácil. Uma prateleira de lanço de estante.

segunda-feira, outubro 08, 2007

Ao menos, isso!

Foram-se a pior linha do Metro do mundo, a estação de metro mais medonha do mundo e uma das avenidas mais torpes de Lisboa. Foi-se o abjecto e incrível almadense. Só tenho saudades da Nina, paciência. Em breve, a coisa fiará mais fino.

Subitamente, o início de um novo mundo!


- My lady, the house is stirring. It is a new day.
- It is a new WORLD


«Shakespeare in Love» (1998)

quarta-feira, outubro 03, 2007

Há já 8 anos e parece que foi ontem ...



Fazes-me muita falta! Fazem-me falta as tuas histórias, a tua sabedoria e o teu olhar, sobretudo. Isso e tudo o mais. Muito do pouco que faço, faço-o por ti. Nunca esquecerei como gostavas da Amapola, de De Niro, deste filme e da sua música. Um beijinho.

terça-feira, outubro 02, 2007

Cidades cujos nomes se me viram filmes #6:



Mayerling é sinónimo da tragédia de Rudolfo, de suicídio e conluio, de bosque, veados, caça e verde, mas também de valsa, salões e duelos com direito a padrinho e códigos de honra. É sínónimo de amor trágico, de império em decadência, de filme, sofrível, com dois dos meus ícones, Deneuve (a Vetzera mais improvável que podia haver) e James Mason (fazendo de Francisco José, idem). Fica a pouca distância de Viena e merece uma visita.


Yes, smaller than the smallest, I meant something, too. To God, there is no zero. I still exist!

segunda-feira, outubro 01, 2007

Filmes em revista sumária # 60


Sejamos claros: em «No reservations» o que vale é o dueto (surpreendente) Zeta-Abigail (mais esta do que aquela, aliás ... e oxalá esta menina-prodígio não fique pelo caminho, é o que eu desejo), aqui e ali bem secundado por um esforçado e simpático Aaron Eckhardt. O resto é muito pouco, nesta comédia dramática, cujo principal problema reside no espessante. Os ingredientes não colam entre si, nem mesmo com a ajuda de Pavarotti, Paolo Conte ou Phillip Glass. Entretém q.b.

Sábado passado, revi «Cinderella» e comovi-me:


Na maravilhosa Sala Salão Foz, continua a iniciativa «Cinemateca Júnior» - e acho bem que não acabe, nunca - onde são projectados, usualmente às 11h de cada Sábado, filmes que nos embascaram éramos nós pequeninos. Desta vez foi a nossa Gata Borralheira, dobrada em brasileiro (comme il fallait...), de Clyde Geronimi, Wilfred Jackson, Hamilton Luske, estreado em 1950, mas que eu vi lá pelos idos de 60, numa das muitas sessões de reprise de ida obrigatória. Cito o resumo feito pela própria Cinemateca, pois parece-me 100% certo:

«Um dos melhores filmes de animação produzidos por Walt Disney. A partir do conto de Perrault sobre a “gata borralheira” que quer ir ao baile do príncipe e tem a oposição da “malvada” madrasta, a equipa Disney criou alguns dos seus bonecos mais admirados e divertidos, com destaque para os ratinhos amigos de Cinderella, e o gato Lúcifer, um dos melhores “vilões” do cinema de animação.»

Acresceto eu: a marca inconfundível de Disney está na sequência do corte e costura do vestido de Cinderella, feitos pelos ratinhos e pelos passarinhos; na sequência da chave, na das bolhas de sabão que brotam do esfregão enquanto Cinderella canta, e nos olhares do gato e do cão. Não sendo o apogeu de Disney, é imperdível.

Obituário: Lois Maxwell (1927-2007)


Aliás, a Miss Moneypenny dos melhores Bonds, de Connery e Moore. Uma senhora. A verdadeira Moneypenny.

Na foto: The first Miss Moneypenny, Lois Maxwell, left, and the present one (já não é!), Samantha Bond, with the 1965 Aston Martin that Pierce Brosnan drove in Golden Eye. Picture: AFP