sexta-feira, março 30, 2007

Obituário: Freddie Francis (1917 - 2007)


«Faleceu FREDDIE FRANCIS, que fotografou algumas das mais belas imagens do cinema britânico dos anos 50 e 60.»


Esta frase, retirada do site do Cinema2000, poderia ser o epitáfio para o velho camera man, fotógrafo e realizador londrino, compagnon de route de Michael Powell & Emeric Pressburger, John Huston, David Lynch, Losey e muitos mais. Está tudo dito.



Fotos: «The Innocents (1961)

Há vida na Terra ... ao virar da esquina


Missão cumprida: ao caracolzinho jovem da alface da salada, coloquei-o eu, qual David Attenborough num daqueles seus episódios mágicos, de pauzinhos ao sol, ali no canteiro, na esquina, bem protegido, e com vastas folhas à sua mercê. Longa vida!

Há pouco, eras Zarah!


Eras Zarah Leander, de «La Habanera», e eu quisera ser Sierk, ou Sirk, se preferires, para te filmar com o xaile, o cabelo apanhado e os longos brincos de prata à espanhola.

Musas #3


Hedy Lamarr (1914-2000)



Greta Grabo (1905-1990)


Marléne Dietrich (1901-1992)

Etiquetas:

quinta-feira, março 29, 2007

Pronto, pronto, não batam mais ...



De facto, a Scheherazade, de Rimsky-Korsakov (e como é romântica a Alma Russa) bate-se taco a taco com o nº 2. Que o diga Fairbanks, cujo «Ladrão de Bagdad» é hoje indissociável da partitura que Carl Davies compilou para o acompanhar nas sessões revivalistas.

Ah, esse romantismo de Rachmaninoff!



O som do piano e orquestra do nº 2 de Rachmaninof ouvia-se pelos sete andares escada abaixo, e até o bicho carpinteiro daqueles tacos velhos não lhe ficou indiferente. É natural, foi com ele que Tom Ewell seduziu a Monroe, sem apelo nem agravo, em «O Pecado Mora ao Lado». E foi com ele que Tyrone Power, perdão, Eddy Duchin, lutou como pôde contra a doença que o impossibilitaria de continuar a tocar, perante a impotência de Kim Novak.

quarta-feira, março 28, 2007

Musas #2


Brigitte Helm (1906-1996)



Louise Brooks (1906-1985)



Pola Negri (1894-1987)

Etiquetas:

Sobre a conferência de imprensa de Zézinha:


«The Killers» (1964)


Faço de Charlie Strom e digo: Lady, I haven't got the time.

terça-feira, março 27, 2007

Irma Vep abrindo-me a porta





Senti-me vampiro de Feuillade quando me abriste a porta de castanho justo e cerrado, da cabeça aos pés. Rapidamente, ensaiei acrobacia para fugir das presas. Sem sucesso. Caidinho, rendido.

Filmes em revista sumária # 42


Em «Diário de um Escândalo» há muito mais que um duelo entre duas actrizes de se lhes tirar o chapéu, Judi Dench e Cate Blanchett, de duas gerações diferentes, dirigidas ao milímetro pelo autor de «Iris», Richard Eyre. Há um argumento poderosíssimo que escalpeliza ao pormenor mais sádico a mente perversa de uma rígida e solteirona professorinha de história, com rabos de palha, que se dá mal quando resolve manipular obsessivamente a vida atribulada de uma colega, da disciplina de Artes (e que mais poderia ser?), motivo de desestabilização de toda uma escola dos subúrbios londrinos, de alunos a corpo docente.

Dench está soberba (como quase sempre) na sua personagem egocêntrica, que mata tudo à sua volta, perita na arte de dizer mal e «amiga da onça». E Blanchett, «leve e fresca como a bruma» ... como diria Vinicius, perdida entre duas gerações, dois tempos de vida: uma presa fácil para uma predadora corruptora atenta. Portanto, nomeações aos Óscares completamente merecidas, as destas gloriosas actrizes, e as de argumento adaptado (Patrick Marber ... autor de outro ensaio poderoso, «Closer») e banda sonora (Philip Glass), que se vai tornando claustróbica à medida que o tempo passa. A narração ajuda imenso. Um filme a descobrir!

Como se isso não bastasse ...


Ainda fiquei a saber da existência da Fundação Roberto Rossellini, que passou a ser destino virtual obrigatório, claro. Duplo obrigado!

O inestimável serviço público da Cinemateca

No rescaldo da exibição (obrigatória) de «Scherben» (1921) - cujos cenários exteriores e cujo contraste claro-escuro exigiam acompanhamento condigno ao piano -, eis que leio o anúncio que dá conta que vem aí a Cinemateca Júnior; iniciativa louvável de Bénard y sus muchachos, sob todos os prismas: ensino e deslumbramento (de mais novos e menos novos) e revitalização da sala mignone do Palácio Foz. Parabéns, Doutor!

segunda-feira, março 26, 2007

Musas #1

Terpsicore - musa da dança;
Erato - musa da poesia amatória;
Calíope - musa da poesia épica (é a mais velha delas todas;
Urânia - musa da astronomia e da matemática;
Clio - musa da historiografia;
Euterpe - musa da música;
Melpômene - musa da poesia trágica;
Polímnia - musa da poesia lírica;
Tália - musa da comédia e da arte teatral.

Pelo sim, pelo não ...

Hoje tinha 2 embalagens da Palmolive (2x1) para a barba em cima da prateleira da casa-de-banho.

Filmes em revista sumária # 41


Lady Bartender (Diane Arbus)

À parte as inúmeras e desnecessárias piscadelas de olho literárias (Lewis Carroll e La Belle et la Bête, por ex.) e cinéfilas (Tod Browning e os fabulosos «Freaks» e «The Unknown», e Lynch, Jacques Tourneur e Hitch, por ex.) de Fur, o pior mesmo é ter que reconhecer que o promissor realizador de «Secretary» (que foi uma lufada de ar fresco no circuito há 3-4 anos) não só não conseguiu dar ao espectador mais do que um retrato superficial do que foi a verdadeira Diane Arbus, do MMA como ainda não conseguiu tirar partido de ter ao seu serviço uma musa como Kidman (talvez só comparável actualmente com Scarlett e Paltrow), o que, diga-se, é tão grave delito quanto o primeiro.

E ao cair na tentação de limitar o filme à exploração fácil (e imaginária) das «vias de facto» do romance entre a fotógrafa e o inquilino misterioso, Lionel; Steven Shainberg perdeu não só a oportunidade de rodar "o" filme sobre Arbus, que ficou célebre por virar a sua Rolleiflex para sítios e personagens que os outros não viam; como explorar efectivamente o fétiche e tudo quanto roda à sua volta. O filme começa bem até ao momento em que se torna repetitivo. No resto, a música é irrepreensível, tal como a reconstituição dos anos 50.

Terminando Fedro:

«Só quem conhece a verdade será capaz de discernir com exatidão o que é provável.» (pág. 254)

Já falta pouco para «Inland Empire»!



Absolutamente fantástico o trailer do último do maior realizador do mundo.

sexta-feira, março 23, 2007

No Pingo Doce


A páginas tantas, ouço e quedo-me calado: soa nos corredores, por entre o roncar de carrinhos de compras, promoções especiais e "quem está a seguir?", a fabulosa música, do inspiradíssimo Francis Lai, do softcore «Bilitis» (1977), traduzido nestas bandas por «Um Amor de Adolescente». Será que alguém ali viu a obra máxima de David Hamilton?

Allô, Illa de Arousa?!


Que se passará com FA, mas conhecido pelo seu alter ego, Ferdinand von Galitzien?

Esta é uma pergunta frequente nos círculos murnaunianos e langianos, para a qual ainda ninguém obteve resposta. Não diz nada há vários dias ...

Será que ficou empaturrado no Dezaseis (como Terry Jones ficou depois de provar o chocolatinho com menta, naquela cena inolvidavel do restaurante, em «The Meaning of Life»?) depois de ler a tal crónica do NYT?

Palavras para quê?! Sou um artista português ...


A Pasta Medicinal Couto é um dos ícones do imaginário lusitano do século XX, como muitos outros dos produtos da Couto (lembram-se do Restaurador Olex?) mas em minha casa é coisa recente, nem chega a 10 anos, pois que sempre me disseram que não faz lá muito bem exagerar nela. Querem acreditar que só há dois dias me fizeram ver que para furar o invólucro da bisnaga, basta pegar na tampinha e espetar-lhe o bico que ela tem lá dentro? Simples.

quinta-feira, março 22, 2007

Filmes em revista sumária # 40

«non voglio fare un film su Berlusconi, sto preparando una commedia» (Moretti dixit).

Descontados o auto-plágio (a trama familiar, a cançoneta dentro do automóvel, a presença repetida da actriz que era filha em «O Quarto do Filho», etc.) e a conhecida sanha de Moretti por Berlusconi (assumida oficialmente, para evitar equívocos, e muito bem); o que sobra de «Il Caimano» é um filme desconexo, aqui e ali pontuado por momentos verdadeiramente notáveis, como que a dizer que Moretti é muito mais do que um altifalante anti-Forza. Repare-se na extraordinária direcção dos actores que compõem aquela família à beira do abismo, numa verdadeira comédia à italiana - e palmas para o actor Silvio Orlando, fazendo lembrar um Gassman ou um Sordi, de Risi ou Scola. Repare-se no modo astuto como o autor de «Caro Diário», que é um verdadeiro resistente ao cinema fácil; faz a ponte entre os políticos da encenação e o cenário da política ... e do cinema, que se desmonta facilmente, bastando para isso um bulldozzer. Repare-se também como parodia magistralmente o próprio mundo do cinema, através das personagens dos actores representados por Michele Placido e pelo próprio Moretti. A cena em que se explica a mala de dinheiro, caído do céu, literalmente, é de antologia.

Contudo, pese embora toda a beleza da língua italiana e o fôlego de Silvio Orlando (misto do nevrítico Woody Allen e do iconoclasta Almodóvar), o filme derrapa nitidamente quando tenta ser libelo mais ou menos oportunista, andando cá e lá e mais parecendo por vezes precisar de um ponto de palco, do que propriamente ajudar a limpar de cena «Il Caimano». Moretti tinha a fasquia muito elevada... e acabou por deitá-la abaixo ao querer abarcar tanto em tão pouco tempo.

Alguém sabe onde pára a Vitti?


Um belo dia, a RTP decidiu acabar na hora com «Pato com Laranja», uma comédia picante de 1975 em que Vitti contracenava com o saudoso Tognazzi e com a eslava Barbara Bouchet (o nome engana...). Contudo, quem a queira (re)descobrir terá que o fazer com Antonioni.

Ainda com Platão, a propósito da alma:

«A alma pode ser comparada com uma força natural e activa que unisse num carro puxado por uma parelha alada e conduzido por um cocheiro ... um dos cavalos é belo e bom, de boa raça, enquanto que o outro é de má raça e de natureza contrária

(Fedro, pág. 219)

quarta-feira, março 21, 2007

Ei-la, segundo Arcimboldo:

Serei Urso?

A mim preocupa-me muito mais que os ursos da maior reserva europeia (na Bulgária) não consigam hibernar porque a temperatura deste Inverno esteve 3º acima da média, e muito menos que na Costa da Caparica o mar tenha avançado 450 m desde a década de 40!! Serei urso?

terça-feira, março 20, 2007

Dove siete, amici miei?!


«Il Caimano»

Por causa do novo filme de Moretti, «Il Caimano» (estreia-se brevemente - allô AA;-), vieram-me à memória alguns bons amigos de infância e adolescência, de quem nunca mais ouvi falar: Manfredi, Lattuada, Risi, Monicelli, Laura Antonelli, Muti, e, acima de todos, Vitti.


«Amici Miei» (1975)

segunda-feira, março 19, 2007

A propósito da alma e da sua imortalidade:

«Sòmente o que a si mesmo se move, nunca saindo de si, jamais acabará de mover-se, e é, para as demais cousas que se movem, fonte e início de movimento

(Fedro, pág.218)

I don't deserve to spend the rest of my life in here do I?

Para quem nunca conheceu Diana Rigg:


Ei-la, ao vivo, num still de promoção da imortal série de TV.


E ei-la no meu kit perdido (e que hei-de voltar a ter) de «Os Vingadores», da Corgi ...

Filmes em revista sumária # 39

Se é verdade que não se pode ficar indiferente nem ao poder narrativo de Somerset Maughan nem ao sufoco deslumbrante do vale do Yang-Tsé, nem muito menos aos olhos de Naomi Watts ou ao magnetismo de Edward Norton (é de facto um actor superlativo); a verdade, porém, é que «Painted Veil» é um filme cujo balanço final desilude tremendamente, tendo em conta a riqueza (previsível, porque não o li) do texto de Maughan, o cenário natural e a parelha de actores principais de elevado gabarito, aliás plena de «química». Essa desilusão começa a manifestar-se ao fim da primeira parte, altura em que o filme sofre uma quebra nítida, ficando monótono e empastelando, sem chama, durante tempo excessivo, para recuperar apenas já perto do fim, com algumas cenas bem conseguidas, designadamente no orfanato e nas ruas da aldeia... talvez porque a personagem de Diana Rigg (e que saudades de Ema Peel...) tome conta do filme, talvez porque isso coincida com a entrada em cena da atmosfera nacionalista por que a China passava na altura em que o filme decorre, atmosfera algo esquecida até então.

Talvez sim, talvez não. A verdade é que parece que o realizador, John Curran, não esteve verdadeiramente à altura de Maughan (esse risco, que era à partida previsível, acabou por se tornar incontornável), deixando cair o filme num filme bonito, mas aqui e ali roçando o «teer jerk» para consumo de plateia feminina de meia-idade em diante (aliás, largamente maioritária na minha sessão), o que é pena. Nota máxima para a música de fundo, especialmente para o solo de piano, e para o secundário Toby Jones.

sexta-feira, março 16, 2007

É por estas que ainda acredito que este mundo vale a pena!

New species of leopard discovered:

Scientists have identified a leopard found on the islands of Borneo and Sumatra as a new species of the great cat. The nature protection body WWF says genetic and skin tests on the creature have shown that is almost as different from other Asian leopard as lions are from tigers. Scientists have named it the Bornean clouded leopard. The announcement follows a December report from WWF saying dozens of new animal, fish, plant and tree species had recently been found on Borneo, one of the world's last frontiers for biodiversity.

E durante 31 anos, foi assim no Roma:

Até que se findou como cinema (em exclusivo), com «Runaway Train» - o poderoso filme-metáfora de Konchalovsky, a partir de conto de Kurosawa -, o Roma teve variadíssimos êxitos (e muitos flops, é verdade), tais como:




«The Sound of Music»





«Rocco e i suoi Fratelli»



«Blow Up»


Etiquetas:

Há 50 anos, foi assim no Roma:


Estreia do filme «Contos Romanos», de Gianni Franciolini, com Silvana Pampanini e Tótó, entre outros. O filme era para «maiores de 18», e o programa compunha-se de:

I - Jornal de Actualidades

A Cura do Silêncio (desenhos animados)

A Sina saiu certa

II e III - Contos Romanos

quinta-feira, março 15, 2007

O pior mesmo foi o regresso, cerca de 40km a sudeste


E o encontro continuado com os «Brutti, Sporchi e Cattivi», os Giacinto Mazzatella deste nosso quotidiano.

Anteontem, mesmo sem o planador de Thomas Crown


E mesmo sem termos recuperado forças nos Saturninos, aqueles largos minutos de latitude Norte 38" 47', longitude Oeste 9 30' e altitude 140 m valeram a pena e transformaram o Dia num world like an apple, whirling silently in space. Um dia hão-de ser todos assim.

Parabéns a você:


O Cinema Roma faz hoje 50 anos (!) e que, portanto, Silvana Pampanini veio até cá para o inaugurar. Ainda que sob novas funções, e sem aquela disposição das cadeiras, ele continua com as mesmas condições excelentes para a exibição de cinema.

quarta-feira, março 14, 2007

E como associado à prisão está o gangster...


Aqui fica o vencedor do "cavaco" para Melhor Caixa de Colecção, chegado via Net e no qual podemos encontrar um conjunto de obras extraordinárias: "O Saco Azul", de Fátima Felgueiras, " O meu sobrinho da Suiça", de Isaltino Morais, "A grande Mama alfacinha", a obra prima de Carmona Rodrigues, “As mãos na massa”, de Valentim Loureiro e “Apito Dourado”, o épico de Pinto da Costa.

domingo, março 11, 2007

E o outro tipo de prisão?


Nesse outro tipo de prisão, Alan Parker também deu cartas: «Birdy» (1984). Porque razão não haveremos nós de ter asas?