segunda-feira, abril 30, 2007

Hoje à noite, às 22h40, na RTP2


«A Casa Sombria» («The Bleak House» no original dickensiano), uma série da BBC em que podemos ver uma série de personagens espectacularmente bem caracterizadas e interpretadas (mesmo, diria, a da ex-agente Scully, dos «X-Files»), sendo as minhas preferidas a do jovem aprendiz de advogado, atrevido e desajeitado, Guppy, e a do velho sórdido, escroque e sovina, Smallweed, que, sofrendo dos ossos, ordena a quem esteja por perto, de minuto a minuto: shake me-up, shake me-up!.

Só há um problema: a BBC diz que a série tem 15 episódios, e a RTP informa ser hoje o 7º e penúltimo episódio. Em que ficamos?

Aqui dava um filme #4


Em La Roque-Gagéac há um punhado de coisas para fazer: nada. Nada a não ser gozar do Dordogne, de canoa, em gabare ou, simplesmente, a nado. E comer. E relaxar. Os mais irrequietos podem andar por ali: Beynac (aqui já deram vários filmes), Sarlat, as grutas, Marqueysac, Josephine Baker.

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E do lado de cá, quase 150 anos antes...


O Pe.Bartolomeu Lourenço mostrava as peças da «Passarola» a Sete-Sóis, e a raínha dava à luz (paria, citando Saramago), ao Magnânimo e ao reino, a infanta D.Maria Xavier Francisca Leonor Bárbara. E Blimunda continuava a comer pão, antes de acordar, e disse "Nunca te olharei por dentro". O Pe.Bartolomeu tem razão: voar é simples coisa comparando com Blimunda. Um belíssimo livro, até agora.


Foto: Instituto Camões

Continuando em Troyat


Enquanto Rasputine se «infiltrava» nos aposentos das grã-duquesas, e curava milagrosamente o herdeiro Alexis, por três vezes; fiquei a saber que Existe uma estranha analogia de nome entre o mosteiro de Ipatiev, em Kostroma (na imagem), em cujo mosteiro Miguel foi «indigitado» como o 1º dos Romanov, e a casa Ipatiev, em Ekatarinburgo, na Sibéria, onde Nicolau II e a sua família foram chacinados pelos bolcheviques.

sexta-feira, abril 27, 2007

Parabéns a você!

Ao priminho Tiago, que completa no Sábado 1 ano de vida, lá, bem longe, a quase anos-luz de H2O. Este ano, irei conhecê-lo, ao mais novinho dos BC, ou melhor, dos deB.

Os meus desenhos animados #2


Max Fleischer era só comparável a Disney. E Betty Boop é a sua maior criação. Está tudo dito. O meu pormenor preferido é a sua voz, à Marilyn (ou será ao contrário?).

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Filmes em revista sumária # 45


«Mon Oncle» 1958) é um daqueles filmes que ninguém pode perder, sob pena de ficar manco de riso para todo o sempre. Um manifesto cómico anti-modernice, anti-progresso manga-de-alpaca; pelo pulsar das vilas, da tradição, da vizinhança, da família, da liberdade. É Tati em todo o seu esplendor. Do primeiro ao último minuto, do primeiro ao último frame. Uma imagem vale mais que mil palavras.

Enquanto isso, do outro do Atlântico,

meu Tio pedia-me identificação dos italo-russos que deram alento ao 1º de Maio, pois estavam-lhe perdidos na memória. Confesso ao meus botões: não faço ideia quem sejam. Lembro-me de um tal Spies, dos anarcas de antanho, em Chicago, mas é mais alemão que russo, creio. Respondo-lhe com um link da Net. Recebo do lado de lá: eureka! Eram Sacco e Vanzetti, e não eram russos, não. E ha um filmezito com o grande Volontè, para os recordarmos.

quinta-feira, abril 26, 2007

Filmes em revista sumária # 44 (*)


Neste regresso de Hal Hartley e de Henry Fool & Cia., muito mais que a posição oblíqua da câmara, o ritmo e a sagacidade dos diálogos (sempre cortantes), a montagem ou o humor completamente à solta de «Fay Grim»; o que realmente é novidade é o toque geo-político da coisa: o até agora anónimo e urbano-depressivo poeta-almeida, Henry Fool, vira peça fundamental no xadrez da espionagem internacional, perigoso activista e gurú nonsense do terrorismo fundamentalista. Hartley revela-se imparável na charge à actualidade, na crítica corrosiva aos medos, conspirações e demais macaquinhos no sótã, e revisita inclusivamente algum imaginário cinéfilo (as perseguições nos telhados de Paris, por ex.), mas quebra nitidamente na ponta final do filme, ao querer coser abruptamente e de forma séria as várias pontas sem nó que foi deixando, aqui e ali; talvez se prepare para nova sequela, daqui a uns anos, quiçá. Há ainda algumas ideias de se lhe tirar o chapéu, como seja aquela da chave do enigma residir numa inscrição dentro de um caleidoscópio porno, que é sucessivamente mirado por uma resma de religiosos a fim de a decifrarem ... Seja como for, é sempre um enorme prazer assistir-se a um filme de Hartley, um cineasta que teima em passar ao lado não só do mainstream como da mediocridade das ideias. De aplaudir é a sua vinda a Lisboa; que venha mais vezes!

(*) Só desta vez, uma crítica antes da estreia.

Contra factos não há argumentos

Hal Hartley esteve em Lisboa (parabéns, Rui Pereira!) para apresentar «Fay Grim», o seu último, no São Jorge, mas sem direito a TV, nem batedores da polícia municipal, nem jantar. Do lado oposto da Avenida, no Tivoli, um actor de novela brasileira merecia fila gigantesca e atenções da SIC.

Na senda de Jacopo Robusti #7


E pronto. O que eu andei para aqui chegar para, afinal, não conseguir ver este assombroso Cristo lavando os pés aos discípulos. Este e os restantes 48 quadros do Prado ficam por ver, por motivos imprevistos. Reserva cancelada, e até dia 13 já não vai dar. Mil perdones!

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terça-feira, abril 24, 2007

Leni, de tempos a tempos


Na semana passada, mais precisamente entre 6ª e Sábado, não se falou de outra coisa: «Triumph des Willens» Eu cá penso que a coisa é subliminar, mal chega o dia 20 de Abril.

Agarra-me, agarra-me!


Porque senão vou-me a eles, aos técnicos, e desbasto-lhes os cabelos, capachinhos e resto de crâneo. O descaramento com que cortam árvores com quase 100 anos, como se se tratasse de sebes de quintal, é de bradar aos céus.

Logo à noite, no Indie 2007, a sequela de «Henry Fool»:


Vamos a ver se «Fay Grim» mantém a chama de Hartley, ou seja, aqueles diálogos poderosíssimos, e aquelas personagens meio-perdidas, meio-urbano-depressivas.

Aqui dava um filme #3


Para visitar inteiramente o Castelo Sforzesco, em Milão, é preciso comer um bife, já que a coisa não vai com soja nem tofú. E quando se chega ao último dos quartos, nem se percebe metade de como Francesco e Ludovico conseguiam saber tudo quanto por lá se passava, instantaneamente, quando por lá viviam; mais as muralhas, o primeiro, mais os quartos, o segundo. Porém, ao mesmo tempo, parece um castelo de brincar, de um qualquer diorama da Elastolin.

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segunda-feira, abril 23, 2007

Enquanto isso, sobre a mesa-de-cabeceira,


Blimunda e Baltazar Sete-Sóis travavam conhecimento (e fluídos - Saramago preferiria assim) entre si, depois de se terem falado no meio da multidão ufana que aguardava o espectáculo em volta de pira anti-herege. Ao lado, marcado por outro marcador, Gregori Rasputine, via Troyat, chegava à corte dos Romanov, e estava em vias de se tornar o charlatão-mor do império da água bicéfala.

Filmes em revista sumária # 43


Pode funcionar primordialmente como memento para os mais esquecidos da era Honeker, que convém não esquecer, claro; mas, como tenho ainda presente a ditadura dos Trabant, os fuzilamentos dos que tentavam passar para o lado de cá e, sobretudo, os relatos do «desenvolvimento» do lado de lá; prefiro ver «As Vidas dos Outros» como sendo uma dramática, complexa e extenuante teia de relações amorosas e intelectuais, que se vai desenrolando acto a acto, desvendando personagens ricas, cada qual à sua maneira, capazes cada uma delas de nos surpreender no mais ínfimo detalhe. Realce para a excelência das interpretações, e para a fabulosa composição de Ulrich Mühe, como «homem bom» e corruptível pela Arte, por detrás da máscara inquisitória e robotizada de um agente e instrutor da Stasi. Lembra «The Conversation», de Coppola. É o cinema alemão a tentar voltar ao que era, mas ainda «contaminado» pelo trauma do Muro.

sexta-feira, abril 20, 2007

Tenho dó do incrível almadense

Já lhe tive ódio, predisse o seu futuro, requeri o seu abate (por compaixão) e gozei com a sua existência. Outro dia, mirando-o inerte directamente da pequena pantalha, senti dó: pobre besta!

Os meus desenhos animados #1


Daffy Duck (1937-)

Como é o teu preferido, e um dos meus, é ele que abre a galeria. Julgo que nunca o tive como capa dos caderninhos da Primária dedicados aos heróis dos Looney Tunes; um dos raros que nunca consegui, creio. O melhor da sua personagem espertalhona? A língua de trapos.

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O ciclo de vida da galinha


Esta é irresistível.

Obituário: Jean-Pierre Cassel (1932-2007)

Já houve um tempo em que foi mais conhecido do que o filho, mas agora era, para muitos, apenas o pai de Vincent. Actor elegante, este ex-dançarino foi figura de relevo em muitos e bons filmes, de Chabrol a Buñuel, passando também por filmes americanos, uns médios, outros nem tanto. Aurevoir!

quinta-feira, abril 19, 2007

The only way to stay out of trouble is to grow old, so I guess I'll concentrate on that.


«The Lady from Shanghai» (1947)

Na senda de Jacopo Robusti #6


Viena é um cidade admirável, a que um dia regressarei; a ela e ao Kunsthistorisches Museum. Mas não será tão cedo que reencontrarei Susana e os Velhos.

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Aqui dava um filme #2


Nesta terra roubada ao Mar da Ligúria, o melhor mesmo é chegar a Camogli de comboio, no binario 1, ou 2, tanto faz. Descida ligeira, seguida de subida igual e nova descida mais acentuada e eis-nos num postal como só existem na Bota. Cores saturadas, o mar sob a escarpa, uma vila estreita e mais estreita. Um gelado algures, enquanto se espera pelo barco até San Fruttuoso, ou melhor, até ao meio do mar, onde a uns 50 m da costa, um velho lobo do mar nos levará num pequeno barco a remos, até à abadia onde repousam os Dória.

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Em Lisboa, em exibição no jardim do Campo Pequeno


«The Virgin Suicides» (1999)


The trees, like lungs, filling with air. My sister - the mean one - pulling my hair.

quarta-feira, abril 18, 2007

O meu reino por uma boa noite de sono


Não são só vocês, mas nós também a deturpar o grito ululante de Olivier, perdão, Richard III.

A propósito da anunciada reposição de «Mon Oncle»,


«Playtime» (1967)

Merecedor de merecido passatempo no Cinema2000, convém (re)visitar o génio de Tati, um cineasta peculiar na forma elegante, sofisticada e muitas vezes silenciosa como fazia humor e, sobretudo, nos faz(ia) pensar.

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Volta Shirley, estás perdoada!


A inigualável Shirley Temple estava muito longe de pensar que viria a ser senadora, quando me invadia a casa nas tardes de Domingo. Mas tenho saudades da menina-prodígio de Hollywood, sobretudo em comparação com os actuais prodígios da pantalha, que desbobinam palavrões à velocidade da luz e cuja privacidade faz capa de revista.


«Curly Top» (1935)

terça-feira, abril 17, 2007

Aqui dava um filme #1


Para se aceder ao castelo de Fougères, o melhor mesmo é fazer o circuito por dentro da cidade, desde o teatro municipal (!) ao jardim-miradouro (5), descendo daí até lá. Paragem obrigatória: uma gigantesca árvore de kiwi, quase, quase ao pé do fosso.

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Great holes secretly are digged where earth's pores ought to suffice, and things have learnt to walk that ought to crawl

Ou seja, «Grandes buracos se escavam secretamente onde os poros da Terra bastariam, e há seres que aprenderam a caminhar, quando deveriam apenas andar de rastos.»

«The Festival», Lovecraft (1923)

segunda-feira, abril 16, 2007

Na senda de Jacopo Robusti #5


Se a Milão não posso ir nos tempos mais próximos, a Veneza, idem, e a Munique também não, muito menos irei a Washington, à National Gallery of Art, para ver Cristo no Mar da Galileia.

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Apolo 70

Este era o meu cinema preferido de centro comercial. Era decorado com cadeiras e poltronas de napa branca. O écran era grandinho, e enquanto esperava pela sessão havia sempre tempo para mirar um cão nos cubículos da loja junto à escada, cá em baixo; ou namorar um brinquedo na fabulosa loja no piso térreo, loja irmã da Pelicano da Av.Roma. Talvez também desse para ver um lançamento de bowling lá nos confins da escada, ou, quem sabe, tivesse tempo saborear um hamburguer no snack mais bonito de Lisboa. Tudo isso se foi.

Mas ficaram os filmes: «Barry Lyndon», imponente e inesquecível. «Fernão Capelo Gaivota» e a voz de Neil Diamond. E «Dog Day Afternoon», com um Pacino em estado de graça. Mais recentemene, «Dreams», um dos últimos de Kurosawa.

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Musas do país irmão:

Numa altura em que a RTP festeja 30 anos sobre a passagem da mítica telenovela «Gabriela», a tal que fez com que a Assembleia da República fechasse no dia do último episódio (a este propósito, leia-se esta bela tese), aqui ficam as minhas musinhas brasileiras:

Dina Sfat (1938-1989)


Vera Fischer (1951-)


Bruna Lombardi (1953-)

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sexta-feira, abril 13, 2007

Parabéns a você


À (ao) Cheeta, pelos seus 75 anos de idade. Que seria de Johnny Weissmüller, perdão, Tarzan (sim, porque só o ex-nadador merece o título cinematográfico do Homem-Macaco de Burroughs), e de Maureen O'Sullivan, perdão, Jane, sem este chimpanzé?

Sociedades secretas, amor, drama, plástica; sempre actuais, sempre avant garde


«Vertige» (1926)

Marcel L'Herbier era um génio, sobretudo no seu período mudo; por isso parece impossível que quase ninguém o recorde nos dias que correm. Basta ver a câmara, o ritmo e o bom gosto de 5m de «L'Argent» para se tirar essa ilação. Mas pode-se começar por «L' Inuhumaine» (1924).

A primeira visita virtual da Joaninha


Foi ao sítio do Museo del Cavallo Giocattolo, o que revela um extremo bom gosto e uma vontade de brincar bem vincada.

Eu já escolhi o Orio, pela simplicidade, pelas cores e pela década de origem, prodigiosa, 20-30. Apesar de o modelo Celestina ter muito do meu cavalo de pau, branco, de crina preta, em que me balouçava na varanda do 1º Esqº, depois do 1º Dtº (uma maravilha que ainda hei-de reaver, o cavalo, quero dizer!), e apesar do Garibaldo ser mais parecido com outra maravilha, em papier maché, que sempre mirava na montra da boutique Glória, na Rua D., em Cascais.

quinta-feira, abril 12, 2007

Vem aí o Indie Lisboa


E eu já tenho três filmes pré-seleccionados, dos quais pelo menos um hei-de ver: os últimos de Ozon, «Angel», Hartley, «Fay Grim» e Linklater, «A Scanner Darkly». É o melhor festival de cinema do país, embora pareça que não. Rui, parabéns, isto vai no bom caminho;-)

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Na senda de Jacopo Robusti #4


Porque, embora sempre disponível, me será impossível ir admirar Cristo e a Adúltera, à Borghese.

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In the grim comedy of life, it has been wisely said that the last laugh is the best...


«He Who Gets Slapped» (1924)


O realizador deixou de ser Seastrom, mas o filme mantém-se profundamente actual, como vimos.

Kirsten Dunst está cansada dos críticos!


Críticos, vocês são parvos ou quê?

quarta-feira, abril 11, 2007

Good. Now why don't you start right now and get the fuck out of here? Hm?


The Shining (1980)

Como falta humor de fino recorte


Aqui vai uma sugestão: Max Linder (1883-1925), alguém que vale a pena (re)descobrir, nem que seja pelo termo de comparação com a pobreza actual.

terça-feira, abril 10, 2007

A propósito da Joaninha, lembrei-me de Joana d'Arc

E dos dois melhores filmes que foram feitos sobre a heroína de Chinon:


«La Passion de Jeanne d'Arc» (1928),
do inimitável Dreyer, e



«Joan of Arc» (1948),
de um Fleming muito subvalorizado.

Parabéns a você

À Joana, pelo seus primeiros dias de vida, que conte muitos e muitos, e bons, sempre. Abraços aos pais, Maria João e Abel. Take it easy!

Na senda de Jacopo Robusti #3


Na impossibilidade de embarcar até S. Giorgio Maggiore, para desfrutar da Última Ceia.

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segunda-feira, abril 09, 2007

Estarei eu cativo da Grande Raça?

A resposta em «The Shadow Out of Time»:

«The Great Race's members were immense rugose cones ten feet high, and with head and other organs attached to foot-thick, distensible limbs spreading from the apexes. They spoke by the clicking or scraping of huge paws or claws attached to the end of two of their four limbs, and walked by the expansion and contraction of a viscous layer attached to their vast, ten-foot bases

Arte na pantalha


Ele aí está, «INLAND EMPIRE», a mais recente aventura alucinante de David Lynch, de veia ainda mais abstracta que nunca; alegoria perfeita sobre o modo de nos encontrarmos e salvarmos a nós mesmos (esse vasto território que serve de título paradoxal ao filme) e aos outros, desde que ... devidamente ajudados por terceiros de sotaque eslavo e aparência suspeita. É o regresso do autor de «Blue Velvet» aos nossos cinemas, se bem que desta vez as obsessões sejam mais do género «Eraserhead» do que propriamente de narrativa mais simples. É também o regresso de Laura Dern. E que regressos!

Lynch está igual a si próprio, ou seja, exímio na manipulação e tratamento das imagens (e que soberba se mostra a câmara digital quando manejada por um realizador como Lynch ou Bergman), na iluminação (aquele plano de Kitty, iluminada como um anjo é de chorar por mais...) e nos filtros (veja-se aquele assombroso plano desfocado da cara, do mal puro, do vilão-explorador de raparigas, derretendo-se com os tiros) na posição da câmara, na abertura do diafragma (aqueles «close-up» dos rostos, dos olhos, são qualquer coisa de notável), na direcção de actores, na narrativa (em osmose), na capacidade de pôr os neurónios-espectadores a trabalhar, recusando-lhes o pão-pão, queijo-queijo.

E que dizer de Laura Dern, senão que está soberba no papel de uma actriz, prisioneira enquanto mulher, que de um momento para o outro, ao candidatar-se a certo novo papel passa a salvadora de alguém nas mesmas circunstâncias, mas num mundo e época diferentes, por entre mil e uma hipnoses, cenários falsos e armadilhas do faz-de-conta, num jogo de ilusões e violência, como só Lynch é capaz. Um papel extraordinariamente difícil e mais uma experiência inolvidável.

Melhores cenas: a cena de amor, debaixo do edredon azul, em que tudo se adivinha e nada se vê para além da pele, e tudo o mais se ouve; a porta abrindo-se para Dern e para a rua na Polónia, depois da conversa de mulheres, acompanhada com uma música verdadeiramente sublime; o julgamento no limbo, lá em cima, com um decisor que fala ao telefone com Alguém; a cara de Dern, rodando para o canapé, seguindo o indicador da oráculo-polaca. Único senão: saber a pouco. Um doce a quem descobrir o «cameo» de Nastassia Kinski.

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A angústia lado a lado com o cinema


«New York Movie» (Edward Hopper, 1930)

quinta-feira, abril 05, 2007

Musas #6


Nicole (1967-)



Paltrow (1972-)



Scarlett (1984-)

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