quinta-feira, julho 31, 2008

A Trem Azul consegue maravilhas





Demorou quase 6 meses a chegar, mas chegou. Não o quadro que a fabulosa Lempicka pintou em 1933 mas a colectânea de sucessos assombrosos dos anos 30 a 50 que a mítica Suzy Solidor cantou e encantou, acompanhada quase sempre ao piano, no palco exótico do seu próprio cabaré.

Filmes em revista sumária # 107



Mal se acredita no que se vê! Como é possível um realizador como Christopher Nolan, um actor como Christian Bale, um autor como Bob Kane, e uma personagem como Batman (o meu super-herói favorito) sairem tão maltratados deste «Dark Knight»?

É ver para crer como se transforma o Homem-Morcego em Steven Seagal mascarado, e um enredo misto e explosivo de anos 50 com traça gótica, num simples festival mal amanhado de pirotecnia e pancadaria. Triste demais para ser verdade ...

As célulazinhas cinzentas ...


Entretanto, o meu detective privado belga preferido, Poirot, apaixonava-se platonicamente por uma condessa russa, cleptomaníaca de profissão, vaporosa de vocação.

segunda-feira, julho 28, 2008

Porque morreu Bazarov?


O herói do romance-pilar de Turgueniev (escritor em boa hora repescado pela editora Relógio d'Água - e como fazem falta mais livros em português de outros russos, como Lermontov, Goncharev ou Sologub, por exemplo), «Pais e Filhos» nunca devia ter morrido. Nunca, mas nunca.

Quanta saudade de Kubrick!


Faria anteontem 80 anos! A primeira vez que o vi em cinema foi no Tivoli, em «2001-Odisseia no Espaço», e a segunda no extinto Apolo 70, em apoteosoe de «Barry Lyndon». Ambas inesquecíveis, tal como todas as outras subsequentes, em cinema, em casa ou em espírito. Viva Kubrick!

sexta-feira, julho 25, 2008

Esta noite, na esplanada da Cinemateca:


«Rally Round the Flag, Boys!», de Leo McCarey, em 1958. São 106' de comédia melodramática, com uma Joan Collins (a 'morena ardente' da tradução aparvalhada lusa) em plena forma, que a amiga Isabel vai ver - espero que não chova e, embora nunca tendo sido fã dela, creio que pagara a pena a esse local de culto de uma Barata Salgueiro sempre tão inóspita de noite!

Enquanto isso, nas memórias fantásticas dos Thunderbirds



Lady Penelope Creighton-Ward, a agente mais petit-fours mais do universo televisivo, seguia no seu Rolls cor-de-rosa em perseguição do malvado vilão The Hood. Resultado explosivo com tudo a ir pelos ares, mas o vilão estará de volta no próximo episódio. Fabulosa, esta série.

Recuerdos de Timanfaya (5)




Almodóvar escolheu e escolheu bem escolhido. E escreveu o balanço de quando foi há pouco tempo a Lanzarote para filmar «Los Abrazos Rojos»:

«Nos hemos instalado en los Estudios Barajas, después de terminar todas las secuencias que ocurrían en Lanzarote. La experiencia en la isla de los conejos ha sido estupenda. Supongo que el paisaje influye en las personas, del mismo modo que las personas influyen en el paisaje. Los isleños son tan respetuosos y amables como la atmósfera del lugar en el que viven, a pesar de su habitual e inclemente viento.
Todo han sido facilidades por parte del Cabildo de Lanzarote, lo contrario de la falta de interés por parte del gobierno canario del PP. Lanzarote permanecerá para siempre en el corazón de “los abrazos rotos”. Ya puedo afirmar que Penélope está sublime en sus secuencias, Blanca Portillo rotunda, perfecta y Lluis Homar impresiona mucho en la piel del amante que pierde la vista en un accidente que ocurre en una rotonda de la isla

terça-feira, julho 22, 2008

Filmes em revista sumária # 105


A melhor coisa que se pode dizer de «O Orfanato» é que a povoção de Llanes (situada no Cantábrico) é já referência cinéfila de meio-mundo, graças não só à bela casa assombrada, objecto destas filmagens e à extraordinária paisagem que a circunda, como às mil e uma iniciativas culturais que a zona oferece de tempos a esta parte – e como os espanhóis conseguem criar e inventar pólos culturais!

Cinematograficamente falando, o filme de Juan Antonio Bayona é mais de uma de muitas incursões pelo tema da ‘casa assombrada’, povoada de fantasmas e de meninos dos mundos de cá e de lá, rechaçados para lá por malfeitorias de cá, etc., etc. Só que desta vez a coisa está bem feita, conta com uma excelente interpretação de Belén Rueda e não cede ao facilitismo piroso do final feliz. O ‘clima’ de toda a trama está muito bem manipulado – talvez graças ao toque de Del Toro - criando, por vezes, horror de cortar a respiração, sem dó nem piedade, e surpreendendo o espectador mais incauto, que julga que o cinema espanhol é o cinema português (toda e qualquer comparação com o filme similar feito aqui há poucos meses, é pura coincidência).

Ontem, por obra e graça da Kino:




Douglas Fairbanks, o maior ícone do mudo, logo a seguir a Valentino, concebia, produzia e interpretava garbosamente «The Black Pirate» (1926), num filme que tem algumas cenas prodigiosas:

A sequência em que Fairbanks é içado pelos companheiros de 'batalhão de salvamento', quase no final, dos fundos do convés do seu navio até cima, entre braços e mãos. Um prodígio. Outra cena mítica é a de Fairbanks abordando e sequestrando sozinho um galeão espanhol, entre mil acrobacias e prodígios cénicos, finalizando por fazer render uma tripulação inteira ao comando de dois canhões!

sexta-feira, julho 18, 2008

Filmes em revista sumária # 104


Esta «Alexandra» de Sokurov é a mais recente etapa de uma filmografia ímpar no contexto actual, de um realizador que filma como se estivesse a compor versos ou adágios. Estamos perante mais um hino à estética, à poesia, aos sentimentos e ao homem. Desta vez, é a ‘Mãe Rússia’ que visita os seus filhos; a babushka (que melhor mãe do que uma avó?) que, resolutamente, entra pela campanha militar da Chechénia adentro para ver como está o seu neto, comandante de uma companhia, e através dessa visita constatar o verdadeiro exílio (físico, sentimental, humano) a que são votados os soldados, abandonados ao desencanto, ao pó e ao vento, à espera e por causa não se sabe bem do quê. Mais palavras para quê? Os planos, os filtros, os sons falam por si; Sokurov é único.

quinta-feira, julho 17, 2008

Filmes em revista sumária # 103


Enquanto celebração da língua francesa e do erotismo bucólico, «Les Amours d`Astrée et de Céladon» será talvez a mais fina e fidedigna adaptação cinematográfica da novela do ‘aprendiz’ de Casanova, Honoré d'Urfé, que desconhecia, mas pouco acrescenta ao fabuloso c.v. do nonagenário Rohmer em termos cinematográficos; remete-nos em demasia para «A Marquesa d’O», talvez o filme mais falhado do realizador.

Há excesso de zelo na encenação, e um je ne sais quoi (interpretações claramente amadoras? declamação excessiva? descompensação entre as cenas de interiores e exteriores?). Mesmo assim, pela inegável riqueza dos diálogos (noblesse oblige), e de algumas imagens/cenas de um erotismo sublime – a beleza virginal que existe no desnudar um seio pelo deslizar de uma manga, por exemplo – tornam obrigatória, claro está, uma ida ao cinema para tomar conhecimento de mais este trabalho de Rohmer.

quarta-feira, julho 16, 2008

Recuerdos de Timanfaya (4)


Anos mais tarde, em «Enemy Mine» (1985), Dennis Quaid e Louis Gossett Jr., respectivamente, astronauta-despenhado e alien-despenhado durante batalha inter-galáctica, entretinham-se em Timanfaya a brincar ao jogo do empurra, num dos mais imprevistos filmes de culto da ficção-científica, do então pouco conhecido Wolfgang Petersen. A curiosidade reside em revisitar o filme, pois vale a pena.

By late in the 21st century, the nations of the Earth were finally at peace, working together to explore and colonize the distant reaches of space. Unfortunately, we weren't alone out there.

Recuerdos de Timanfaya (3)





Mais a Sul, em plena laguna esmeralda d' El Golfo de Los Hervideros, Raquel Welch, a 'bomba' dos anos 60, no seu imortal biquini, não só resistia aos dinossauros como se esgatavanha com as suas congéneres bárbaras, de «One Million Years B.C.» (1966): Hands off, sister! Find your own man!.

terça-feira, julho 15, 2008

Recuerdos de Timanfaya (2)



No melhor de todos os 'planetas dos macacos', é na praia de Famara que Heston, do alto dos seus quase 2m diz:

Oh my God. I'm back. I'm home. All the time, it was... We finally really did it. You Maniacs! You blew it up! Ah, damn you! God damn you all to hell!

Recuerdos de Timanfaya (1)



O mestre dos mestres, Kubrick, haveria de incumbir o mano de Jane Birkin a fotografar obsessivamente as montanhas de fogo do celebérrimo parque de Lanzarote, para que a 'aurora do conhecimento' de «2001-Odisseia no Espaço» fosse o melhor abrir de cena para o melhor filme de todos os tempos. E conseguiu.