sexta-feira, junho 26, 2009

Obituário: Farrah Fawcett (1947-2009)


Por estar escrito com dedicação, e apenas acrescentando que era Lee Majors o seu marido de então, e que até nunca fui muito com a sua cara, transcrevo, na íntegra, o bonito post de Miss Pearls:

«Uma loura de cara lavada

Eu já devia ter escrito isto antes da sua morte. Quando há dias a revi na série que lhe deu fama, recordei-me do enorme sucesso da sua cabeleira loura e dentes brilhantes, muitos anos antes dos branqueadores milionários.

Eu também queria, quando fosse grande, ter aqueles cabelos ondulados e compridos, vestir roupas maravilhosas, um corpo espantoso, e um marido como o Ryan O'Neal, o tal do Love Story, de cuja música o meu pai tanto gostava. Curiosamente, recordo-me dela sempre como Farrah Fawcett Majors, dos tempos em que esteve casada com um galã de Hollywood estilo Donald Trump um pouco para melhor.

Quero lembrar-me dela sempre fantástica nas inúmeras personagens que representou enquanto intrépida detective dos Anjos de Charlie, se bem que a minha preferida fosse a Kate Jackson, a mais próxima de mim pela cor do cabelo. Fosse qual fosse a aventura da semana, enfermeira, cantora country, mecânica de automóveis ou tratadora de cavalos, não se via uma nódoa na roupa ou uma madeixa desalinhada por entre correrias ou golpes de karaté. Os Anjos de Charlie estavam sempre impecáveis.

E talvez porque noutros tempos as séries não eram tão abundantes e as vedetas em menor número, as adaptações para cinema nunca me convenceram. Uma loura de cabelo curto e uma ruiva falsa ? A Demi Moore e fatos de cabedal? Não há "devota" que aguente.

Morreu cedo, a loura Farrah, sem cabelo de tantos químicos, um filho preso e um companheiro destrambelhado, a elegante Jill Monroe dos nossos tempos de juventude.
»

Obituário: Michael Jackson (1958-2009)



Alguém que, vivendo em permanente fio-de-navalha, nunca deixou de ser escravo da sua própria popularidade, que é como quem diz dos fãs, e que definhou ao longo dos últimos anos em objecto de curiosidade e anedota. Contudo, um artista insubstituível, tanto quanto, salvas das devidas distâncias de época e conjuntura, Elvis, Dean ou Marilyn. E imortal, portanto.

quinta-feira, junho 25, 2009

We may not enjoy living together, but dying together isn't going to solve anything.


quarta-feira, junho 24, 2009

What the tourist should see

Renovo daqui os parabéns a José Fonseca e Costa, pelas imagens (*) que por via do seu filme «What the tourist should see» ficam registadas para a posteridade.

Ainda por cima, ao ritmo a que isto anda, podem muito bem ser as últimas de coisas como o actual Museu dos Coches, o desenho e a configuração do Terreiro do Paço, toda a frente rio, etc., etc. Ou seja, este filme valeu todos os cêntimos que custou, e não foram assim tantos.

O filme é muito bonito e vê-se perfeitamente que foi feito com amor. Do primeiro ao último fotograma. Muito bonito, com uma música "apenas" perfeita, e "arranjada" de forma igual cosoante as cenas são de hoje ou de ontem.

Além do mais, permitiu-me "entrar" em espaços onde nunca entrei como a biblioteca da Ajuda e a Academia de Ciências. E permitiu que quem de direito deixe de ignorar coisas como as mutilações nas estátuas da cidade, por exemplo.

Um filme tão bonito que quase me fez esquecer as outras imagens ... fora do campo de visão. E, claro, aquela narração pelo Peter Coyote, que não podia ser melhor.

E gostei de ver o São Jorge cheio (só tenho pena que não seja uma sala única, mas enfim não se pode ter tudo).

Ficam prometidas imagens, mal estejam disponíveis.




(*) Ante-estreia em noite de 13 de Junho.

terça-feira, junho 23, 2009

Those were the days (6)



O mítico Blue Bird, de Malcolm Campbell e depois de seu filho, ainda hoje é referência daquels anos loucos por recordes... tão actual é essa referência que me convenceram a ter em tempos um homónimo, à minha escala - e como ele era ligeiro.

Aurora borealis



Um dos filmes mais bonitos que vi, e também um dos mais esquecidos.

segunda-feira, junho 22, 2009

O êxodo de ontem:


domingo, junho 21, 2009

Filmes em revista sumária # 152


É natural que «All the Boys Love Mandy Lane», mas o filme devia ser muito mais que isso, e não fora o poderosíssimo twist final, e ficaríamos por um filme meio falhado: muito bem realizado (talvez “colado” em demasia à imagem de Tarantino, talvez), sobretudo a nível da gestão de tensões, no cromatismo das imagens e no posicionamento da câmara (sem nunca arredar pé dos melhores planos e ângulos); mas que se perde por diversas vezes em diálogos obtusos, recheados de palavrões em “onda choque”, arrastando-se por demais em clichés de circunstância, típicos de tantos e redundantes filmes de terror envolvendo adolescentes.

O argumento anda aos solavancos continuamente e perde-se, aqui e ali, em pormenores sem importância que não a imagem (e que imagens, as de Darren Genet), dando atenção a variadíssimos episódios desconexos (por ex. o salto mortal para a piscina, o jogo da verdade, a corrida na pista de atletismo) que se revelam improdutivos. E quando o “mau da fita” nos é revelado, a coisa quase que morre.

No entanto, os últimos 10-15 minutos são todo um mini mas portentoso pedaço de cinema de terror a oscilar entre Romero e Carpenter e aquelas pequenas pérolas dos saudosos série-B, com cenas surpreendentes e delirantemente trash (de antologia é a cenas do duelo de “amor” na imundície da vala onde se encontra o gado abatido), e outras em que fica a sugestão (as carícias de Mandy a Chloe, a alegoria da cobra). Há que continuar a acompanhar o realizador Jonathan Levine, e, claro, Amber Head, seja ou não seja por via dos filmes de terror…

Those were the days (5)



Podem agora dizer o que quiserem e bem entenderem sobre Federer, tal como disseram de Sampras e Agassi não há tanto tempo assim, mas a mim ninguém me tira a máquina de jogar ténis que foi Borg, durante os 6 anos seguidos em que ganhou Roland Garros e os 5 seguidos de Wimbledon, de que os dois últimos duelos com McEnroe são inolvidáveis, tais como os que manteve com Villa, em terra batida. Viva Borg!

sexta-feira, junho 19, 2009

quinta-feira, junho 18, 2009

Filmes em revista sumária # 151




«Shotgun Stories» lembra aquelas histórias do velho oeste, de lutas entre famílias vizinhas, devidamente entrincheiradas, por causa de “nada” (território, cavalos, religião, sexo, etc.), e que, na maior parte dos casos, dão em nada. Contudo, essa é apenas uma primeira impressão.

O filme é um arrojo de simplicidade e relata uma história perfeitamente natural e possível, de ódios e recalcamentos intra-familiares, mantendo sempre, subtilmente, um certo clima de incómodo e de expectativa, que afinal, e ainda bem, se revela extemporâneo porque no fim o que vence é a … família (um verdadeiro achado são os nomes dos três manos: “Son”, “Kid” e “Boy” e a capacidade do realizador em resistir em não mostrar sangue por sangue) e quem perde é a vingança, que se revela fútil, quando não redundante.

Um filme perfeitamente dentro dos cânones do novo “mainstream”, i.e., o cinema independente norte-americano, ao ritmo da América rural, e com um actor, Michael Shannon, excepcional que a breve trecho será um dos grandes de Hollyoood.

Genova per noi


Filmes em revista sumária # 150



Sendo, como é, um realizador difícil, «Génova» não foge à regra, comum a todos os outros filmes de Michael Winterbottom, i.e., embora visualmente poderoso e rodado como que em “tempo real”, tirando partido de uma Génova inimitável e de uns arredores de assombro (San Frutuoso, Camogli, Santa Margherita Ligure, Sestri Levante, etc.), o filme acaba por soçobrar no seu cômputo geral, por mais que o elenco (de realçar a interpretação da pequena “pérola” Perla Haney Jardine) e a fotografia se esforcem por compensar o argumento “redondo”, que não ata nem desata, aliás.

Mais uma vez Winterbottom promete mais do que consegue, ou seja, deixa mais uma vez no ar uma certa sensação de frustração por ter estado tão perto de um filme magnífico, com todas as componentes para o ser (a acrescentar aos cenários, ao elenco, ao drama familiar, tem ainda o campo do fantástico por explorar) e que inexplicavelmente nunca chega a sê-lo.

Ficam contudo na retina algumas imagens inesquecíveis desta saga de uma família atingida pelo drama, que de uma fuga em frente para a terra dos Dória, acaba por reencontrar a unidade perdida, por força da ameaça iminente de novo drama, conduzida aqui pela mão (literalmente) do além. Exemplos dessas imagens são as das velas que Perla Haney Jamine vai acendendo em tudo quanto é igreja genovesa, as idas e vindas de Vespa da irmã mais velha, os vertiginosos flirts desta, aqui e ali e em desafio com o pai; o mar e as cores de San Frutuoso. E o rosto de Catherine Keener e uma Génova de contrastes, sempre bela e indissociável de certa canção de Paolo Conte.

quarta-feira, junho 17, 2009

Preparando-me para a aranha


terça-feira, junho 16, 2009

Fiquei fã dos «Happy Tree Friends»



Trata-se da série de animação mais politicamente incorrecta da actualidade; um tratado de mau gosto kitsch, deliberado e monstruoso. Desarma qualquer um, mesmo alguns ambientalistas ferverosos e Ideiafix confessos, como o presente pequeno monstro dos antípodas. Incontornável, a sua exibição no canal cabo Fox Life.

segunda-feira, junho 15, 2009

Filmes em revista sumária # 149


«Traitor» é claramente um filme de acção e espionagem acima da média, não se percebendo, portanto, a ligeireza com que os nossos distribuidores o trataram e o ostracismo a que o votaram, empurrando-o para uma salita barulhenta e porca de c.c. Fica o alerta.

O filme é honesto e politicamente incorrecto. Tem um argumento sólido (embora com os inevitáveis clichés do género) e algumas boas sequências de acção dignas de Michael Mann (mas sem o espalhafato visual do autor de «Colateral»), vide a fuga da prisão e a da construção do clímax dentro do autocarro infiltrado. E fica o registo de mais uma prestação de excepção de Don Cheadle, bem secundado, aliás, por Guy Pearce.

sexta-feira, junho 12, 2009


Lil Dagover

Etiquetas:

quinta-feira, junho 11, 2009

Still waiting for the big ones:

De Tarantino:





De Hanneke:





De Von Trier:



quarta-feira, junho 10, 2009


Lupe Velez

Etiquetas:

terça-feira, junho 09, 2009

Obituário: David Carradine (1936-2009)


Apesar de ter tido mais de 200 aparições em filmes e séries, às dezenas por década, a verdade é que é apenas um e só o papel em onde não há ninguém que esqueça a este filho mais velho do mítico secundário John Carradine: o de Caine, numa das séries televisivas mais seguidas da década de 70, «Kung-Fu», que relata as aventuras de um monge que deambula pelo faroeste. Paradoxalmente, a sua consagração enquanto actor haveria de ser no fabuloso díptico de Tarantino, «Kill Bill», aliás parodiando os filmes de artes marciais que o projectaram para a fama. Parece que foi há tão pouco tempo que me sentava religiosamente defronte à TV para seguir as peripécias de Caine...

segunda-feira, junho 08, 2009

Filmes em revista sumária # 148


Em «Pranzo di Ferragosto», somos todos convidados de Gianni Di Gregorio, o realizador desta pequena pérola cinematográfica, feita de simplicidade, generosidade, e cumplicidade e humor italianos (à «Oh, Amici Miei!»), ao ritmo de Verão romano de 15 de Agosto, o feriado mais popular da 'Bota', em que tudo fecha, gelatarias inclusive, e em que até as mães velhotas são empecilho à folia do grande êxodo dos filhos. O filme é genuíno, passa a correr e só podia ser mesmo italiano.

domingo, junho 07, 2009

Those were the days (4)



Diz-me quem lhe foi contemporâneo que era inesquecível. Qual Kasparov qual Alekhine, qual Karpov (confesso que este é o meu ídolo, porquê? talvez por causa do mirtilo) qual Fisher. O cubano foi o grande embaixador do xadrez por esse mundo fora, inclusive Moscovo. Simpático como poucos, tinha o génio do improviso como melhor argumento contra defesas cerradas e aberturas arrojadas. Efervescente.

Grafonola ideal (44)


«Slave to the Rhythm» (1985)

Etiquetas:

I felt eyes touching me, like fingers.

sexta-feira, junho 05, 2009

terça-feira, junho 02, 2009

Filmes em revista sumária # 147



«Deixa-me Entrar» é, antes de mais, uma ousadíssima experiência visual, filmada quase sempre em contra-campo, se assim se pode dizer, em que o momento mais sublime, estética e "metaforicamente" falando é aquele em que um imenso poodle branco presencia estupefacto, para depois participar avidamente, na sangria humana de que a neve, as árvores e a noite são cúmplices.

Este filme sueco, que está impregnado de Dreyer e Bergman (e também Lagerlöf) por todos os lados, da fotografia e da côr e da música sabiamente conjugada com a imagem, aos grandes planos e às profundezas das personagens e à presença dos actores (como que saídos do nosso quotidiano), tem ainda uma vertente irresistível: é uma charge óbvia aos tempos da guerra fria (aqui literal), à busca por uma identidade perdida entre a Escandinávia e a vizinhança, omnipresente e absorvente a leste, naqueles idos de 70 personificados por Brejnev.

Um dos melhores filmes do ano.

segunda-feira, junho 01, 2009

Those were the days (3)


Mítica personagem do music hall, que fazia com que alguém da 5 de Outubro, em Lisboa, se metesse no seu Delahaye (houve quem fosse de Packard) e rumasse a Paris só para a ver. Da sua nudez côr de ébano e do seu ritmo frenético, da fama tirou o justo proveito, vida e obra no Chateau de Milandes.

Vive le cinéma (39)