Top 10 de estreias em 2010:

1. «O Laço Branco»
2. «O Escritor Fantasma»
3. «O Segredo dos Seus Olhos»
4. «Eu Sou o Amor»
5. «A Origem»
6. «Um Homem Singular»
7. «Antichrist — Anticristo»
8. «Canino»
9. «Águas Agitadas»
10. «A Cidade»

Muita parra e pouca uva, parece ser esse o balanço final de «Stone», um filme enfadonho, que promete demasiado nos primeiros 15’ para se tornar paulatinamente num dramático tão intenso tão intenso que dá sono. Só mesmo as cenas com uma surpreendente e sensualíssima Milla Jovovich para nos tirarem da letargia. De Niro não existe há anos e Norton repete-se vezes sem conta, para minha grande tristeza. O enredo perde-se em múltiplas psicoses e parábolas, e teria feito bem a todos os outros, que não a ucraniana, uma ferroada de abelha … assim, ficou um zumbido quase ensurdecedor. Enfim, uma imensa mentira pegada.

«Tempo e Horas» é uma bela de uma comédia desaparafusada em jeito de road movie, dotada de um humor tão inteligente quanto forte e seco, a fazer lembrar os “murros no estômago” da série de animação e humor negro «Happy Tree Friends», por exemplo. O ritmo é louco e os diálogos loucos mas bons, tal qual louca é a dupla de personagens centrais, protagonizada por Robert Downey Jr. (um actor soberbo) e Zack Galifianakis. Há momentos hilariantes e outros não tanto, mas há sempre soluções novas e capacidade de surpreender. Todd Phillips, o realizador, depois de tantos desastres cinematográficos, viu realmente a luz com «The Hangover», em 2009…

Cinemateca

Os primeiros não se comparam aos segundos, como seria óbvio para quem não ficasse vidrado no design do segundo.

They took the idols and smashed them, the Fairbankses, the Gilberts, the Valentinos! And who've we got now? Some nobodies!


(In «Sunset Boulevard», 1950)

Pela mão de Arcimboldo.

Desesperadamente em busca de:

Desesperadamente em busca de:

Desesperadamente em busca de:

Desesperadamente em busca de:

«Leaving on a mayday»

Com um grande abraço ao JA!

Desesperadamente em busca de:

Desesperadamente em busca de:

Desesperadamente em busca de:

Sábado, 15h30, na Cinemateca Júnior. Imperdível este filme de 1942. A cena da morte da progenitora é das mais comoventes de toda a 7ª Arte.

A única diferença, significativa, em relação a esta fabulosa sequência do não menos fabuloso «Menschen am Sonntag», é que vai ser Inverno de facto e não Verão. Mas há-de ser Verão, também.

Desta vez foi «Buchanan Rides Alone» (1958) a passar de manhãzinha, com mais um Randolph Scott em estado de pré-reforma, mas a fazer inveja a muitos dos novatos de então e depois.

Lew Agry: You don't like this town?
Tom Buchanan: I don't like some of its people.

De boas intenções está o inferno cheio, dizem, e eu acredito. Este «Des hommes et des dieux» », que tem por base os últimos dias das vidas de 7 monges que se encontravam no mosteiro de Tibhirine (Argélia), assassinados en 1996, pelos vistos não se sabe muito bem por quem; pode ter recebido uma série de prémios e acabará por receber muito mais, mas está longe de ser mais do que é: certinho.

As interpretações (a de Lambert Wilson chega a ser surpreendente), a fotografia, a gestão dos silêncios, as tentações do mundo exterior, a vocação para O servir, as analogias com a vida d'Ele, os governantes e os terroristas argelinos, a francofonia; tudo isso é 'by the book'. Falta a este filme de Xavier Beauvois, sobretudo, ousadia e panache.

Conto com uma porta giratória no Gendarm, e com Jannings para me dar as boas-noites. E conto com neve em vez de chuva, e barroco, muito barroco. Aguardemos.

Houve «Decision at Sundown» (1957), um western do olvidado Budd Boetticher, com Randolph Scott já em fase decadente, mas não menos íntegra, aliás, como se confirma a certo passo, quando uma das personagens diz: «Doc, when you have been tending bars as long as I have, you wouldn't expect so much out of the human race.»

Por detrás deste portal monumental esconde-se um dos maiores tesouros artístico-arquiquectónicos de Lisboa, obra máxima de João Antunes, rematada pela delicadeza de Ludovice. Visita magnífica a de Sexta-feira passada. Por longos minutos julguei-me sob o tecto do Panteón de Roma.

Foto: Ex-DGEMN

E graças à voz de Suzy Solidor e à paleta de Lempicka, encontro-me esquiando por encostas de St. Moritz (na imagem).

A notícia de que Chuck Norris vai ser «Ranger do Texas honorário» é de extrema justiça para com alguém que, desde Lone Ranger e durante apenas 8 anos, fez mais enquanto Walker pela boa causa dos rangers do que todos os programas de tv juntos. E era um teu amigo, por isso.

Fosse Doug Liman, Sidney Pollack ou John Schlesinger, e «Fair Game» talvez fosse um excelente filme de espionagem; assim, não passa de um enorme pastelão, sem ponta de interesse, sem acção, sem chama e enredado numa teia conspirativa que nos é dada como montada para fazer do casal Valerie Plame/Joe Wilson o bode expiatório da falsa justificação para os US of A invadirem o Iraque. É tudo fraquinho, Naomi e Sean incluídos.

Emoção única a de ter podido ver esta pérola de mestre Kubrick aquando da sua estreia pela sala forrada a napa branca do extinto Apolo 70, por alturas do PREC e da minha Avó materna, numa primeira fila de coxia do lado direito da sala, em mais outra sessão à cunha. Logo e desde aí «Barry Lyndon» tornou-se um dos meus filmes preferidos, revisto vezes sem conta, sempre com uma nostalgia e uma comoção crescentes.

«The Hitcher»

Talvez o último grande filme a passar no mítico Condes, hoje transformado (irreversivelmente?) num restaurante de hamburguers e quejandos mas que então ainda era a sala de visitas dos manos Castello Lopes, o melhor écran de Lisboa, o melhor projector e a melhor cortina de palco de todas as de Lisboa. Um filme de um realizador de série-B Robert Harmon, com um superlativo Rutger Hauer e um suspense e uma violência que gelaram aquela plateia à cunha, mas já com alguns energúmenos que só se calavam por imposição do arrumador altarão e de cabelo pintado, que metia respeito até a John Ryder. E Jennifer-Jason Leigh nunca haveria de ser melhor desmembrada do que neste filme.