sexta-feira, janeiro 29, 2010

Wait, young man. You cannot escape destiny by running away!



«Nosferatu, eine Symphonie des Grauens»

Etiquetas:

Filmes em revista sumária # 183


Do bem e do mal, sinal de cruz e cruzes canhoto; o universo de Lars von Trier é mesmo esse, e «Antichrist» não podia escapar nem a essa nem a outra das “regras” do cinema do autor de «Dogville»: a capacidade de surpreender o mais fiel dos seguidores. E a surpresa, ou inovação, desta vez, passa não só pelo facto de estarmos perante um filme apenas com duas personagens, em permanente jogo, duelo, brutal, de uso e posse, sexual e não só, uma da outra (talvez o lado escuro e terrífico do bergmaniano «Cenas da Vida Conjugal», por exemplo); como pelo recurso a planos e perspectivas pouco habituais nos filmes do realizador.

Visualmente perfeito, o filme é ainda uma alegoria completa e poderosa, a fazer lembrar as pinceladas da pintura de um Brueghel, por exemplo (vejam-se os corpos nus espalhados pelo chão e pelos troncos raízes das árvores, ou as almas libertas das mulheres vitimizadas subindo o monte), sem que isso signifique recorrer ao explícito violento e ousado, com o propósito de escandalizar quem quer que seja. O par Dafoe / Gainsbourg constitui uma absoluta surpresa de química e eficiência. A melhor cena do filme? A fusão de Charlotte Gainsbourg no verde purificado das ervas, leia-se da Natureza. A pior? O tom piroso, dispensável, da sequência inicial.

quarta-feira, janeiro 27, 2010

Perhaps, Your Honour would write the letter to the Notary today-?


«Herr Tartüff»

Etiquetas:

segunda-feira, janeiro 25, 2010

Enquanto isso, balbúrdia no Oeste


Defronte a Fort Apache, a confusão era uma constante









A 7ª Cavalaria degladiava-se com um ataque surpresa de uma milícia de sulistas militantes







Mais à frente, um bando de índios, entre Comanches e Cheyenes, atacava indiscriminadamente diligências e civis.







Ali ao lado, bandoleiros, ladrões de bancos, marshalls e mexicanos davam-se tiros uns aos outros.

Filmes em revista sumária # 182


Em «O Laço Branco» estamos perante o melhor cinema que Michael Haneke jamais rodou, mas também perante o regresso ao que de melhor o cinema europeu jamais viu, sob a forma de revisitação aos grandes painéis familiares a que nos habituou Carl Dreyer, por exemplo, prenhe de austeridade, tabús e preversidades, formatados sob a imensidão religiosa, mas também metafísica. Mas também há muito do cinema de Ophuls, da alegria estonteante, apesar de sem música.

Que dizer das imagens que se vão sucedendo, da beleza das imagens? E daquela câmara digital, hino ao P/B e posta à disposição de enquadramentos verdadeiramente assombrosos (a ceifa, a cruz luminosa na janela dos filhos do sacerdote, a neve, os jovens namorados aos comandos da carroça, os pés da defunta emoldurados de negro, a destruição dos repolhos, os fiéis na igreja, a festa dos trabalhadores, o dueto da baronesa e do perceptor)?

E aquelas personagens, santo Deus, cofres de segredos fechados a sete-chaves? Mas também brancos de inocência (a melhor sequência é a do petiz mostrando o pequeno pardal ao pai)! E os rostos e os olhos, espelhos da alma?

Óscar, já, não de língua não inglesa mas do cinema universal!

terça-feira, janeiro 19, 2010

The Devil's Field is burning!



«Der brennende Acker»

Etiquetas:

Filmes em revista sumária # 191


O espelho tornou-se elemento primeiro em filmes e séries terríficas e de fantasia que se vão fazendo um pouco por todo o lado. A culpa talvez tenha sido de Lewis Carroll, não sei, o que sei é que 2/3 deste «The Broken» fazem jus à superstição japonesa anti-espelho caseiro. Ou seja, durante 1h a história pega (muito por culpa da esquálida Lena Headey – foi uma actriz juvenil de certo impacto), e o nosso outro eu está quase a levar a melhor, eis quando o filme começa a ter tiques de “Body Snatchers” e a sua originalidade se vai esfumando, sequência após sequência, quebrando-se mais do que os estilhaços dos espelhos, de cujo lado de lá nos chegam os “outros eus”, taciturnos, uns, robóticos, outros, maus, todos, vá-se lá saber porquê. Belo, o poema de Pöe que dá mote ao filme. Semi-desilusão.

segunda-feira, janeiro 18, 2010

67ª Edição dos Globos de Ouro


Vencedores: Cameron (foto) e os «Avatar», Bridges e Downey Jr, Bullock e Streep, e «Das Weisse Band». Tudo o mais, aqui.

They alll fled terrified, and a long time passed before the boldest dared approach the dreaded spot


«Tabu»

Etiquetas:

Filmes em revista sumária # 190



« Ouviste Falar dos Morgans?» é daquelas fitas que não aquecem nem arrefecem, antes pelo contrário mas também. Humor básico em filme descontraído, com parelha simpática e mais que rodada neste tipo de papel e de comédia. Seja como for o filme não deslustra a imagem que dele se faz antes de o ver, i.e., divertimento e cliché q.b. … daí não vem mal ao mundo.

sexta-feira, janeiro 15, 2010

No one will get her... no one but me!




«The Unknown»


E logo a seguir, às 19h30, na Cinemateca Sénior, uns quarteirões acima, um dos melhores filmes mudos de sempre, pelo mago Browning, com o fenómeno Chaney e os inesquecíveis olhos da jovem Crawford.

Um dos melhores filmes de animação de sempre:


«Pinóquio». Amanhã, às 15, na Cinemateca Júnior. Todos ao Palácio Foz!

quinta-feira, janeiro 14, 2010

- Can’t you see that I’m on the brink of madness? You must help me! -But if I helped save you … I couldn’t be your lover.



«Phantom»

Etiquetas:

Uma surpresa na TCM:


Com efeito (e já há quanto tempo estamos restringidos a uma subprogramação da TCM; não temos direito à dos States, nem à britânica, nem sequer à espanhola...) o nosso canal por cabo TCM resolveu surpreender com uns quantos filmes directamente saídos do baú, e não é que «Anjos e Insectos» foi/é uma arejada surpresa?

terça-feira, janeiro 12, 2010

- What do you do in the evenings? - YOU'LL never know!


«City Girl»

Etiquetas:

Filmes em revista sumária # 189


«A Estrada» é talvez o filme mais pessimista dos últimos anos feito sobre a condição humana e a malvadez intrínseca que faz do ser humano o predador de um planeta chamado Terra (e dos outros que hão-de vir), de todos os animais à sua volta e, claro, de si próprio. É nos momentos maus que se vê a dimensão do Homem e aí a história de sobrevivência de pai e filho e a interpretação de Viggo Mortensen são de facto exemplares. Nunca se chega a perceber muito bem o porquê daquelas convulsões da crusta terrestre que são a causa de semelhante apocalipse, e nem isso talvez interesse, mas percebe-se muito bem que lá em “baixo” estejam de relações cortadas com o Homem. O filme tem um ambiente soturno, quase monocromático e por vezes mórbido, a que a música do “clássico” Nick Cave ajuda e de que maneira, e no fim de tudo não se sai dele bem disposto. Talvez resida aí a chave do real valor deste filme: mexe, e de que maneira, com o espectador.

Obituário: Eric Rohmer (1920-2010)


Desapareceu um dos maiores cineastas e autores de toda a história do Cinema, e talvez o maior de todos no que toca ao bom uso da língua francesa na arte de filmar diálogos. Não se pode eleger um filme de Rohmer como o seu melhor, mas se me fosse permitido escolher um escolheria um de entre os «Contos das Quatro Estações» ou os «Seis Contos Morais». Seja como for, cá ficam a beleza, a estética e a leveza, nunca superficial, dos seus filmes.

segunda-feira, janeiro 11, 2010

Death sets all men free



«Faust»

Etiquetas:

Filmes em revista sumária # 188


A vida e obra de Keats não deixam margem para dúvidas: filme que se faça sobre ambas terá tanto de romantismo e beleza quanto de melancolia e fatalismo. «Bright Star» não foge à regra e quem vai vê-lo sabe ao que vai, a que não será estranho o talento de Jane Campion para retratar maladies d’amour, de preferência em ambientes pastoris e décors pintados a bom gosto. A direcção de actores está perfeita, não se podendo dizer que se esteja perante um produto de academismo televisivo, mesmo que tenha alguns laivos de BBC (e daí?). Cada deixa de Keats é um poema per si e deslumbrante, mas o filme, esse, peca apenas pela personagem de Keats: basta ver os retratos pintados do poeta para se ver as diferenças. Resumindo, trata-se de um excelente meio para procurar Keats nos alfarrábios e de não esquecer a “Keats-Shelley-House” em próxima viagem a Roma.

quinta-feira, janeiro 07, 2010

One day you are preeminent, respected by all – a minister, a general, maybe even a prince. But, what will you be tomorrow!



«Der letzte Mann»

Etiquetas:

Estragas, pagas!


Há 40 anos habituei-me a riscar, inconvenientemente e à socapa, a laca preta daquele belo Berdux de parede. Agora, finalmente, o respectivo banco está como novo e nunca foi e em breve será a vez de lacar, e afinar (há já um pobre sustenido e um pobre bemol com artrose...) aquele instrumento magnífico onde nunca toquei. Pena que nada possa valer já ao outro, ao Steinway de cauda entregue, literalmente, aos ratos.






Foto

quarta-feira, janeiro 06, 2010

Grafonola ideal (49)


«The Man Machine» (1978)

Etiquetas:

terça-feira, janeiro 05, 2010

They used to be like children, carefree...always happy and laughing...

Três grandes westerns:




De um realizador subvalorizado, com um máximo divisor comum: um fabuloso Jimmy Stweart. Num canal perto de si.

segunda-feira, janeiro 04, 2010

God, I'd give anything for a drink. I'd give my god-damned soul for just a glass of beer.


«The Shining»

Etiquetas:

Filmes em revista sumária # 187


«As Vidas Privadas de Pippa Lee» é um notável dramático sobre uma mulher que, à custa de muita evidência, se dá finalmente conta de que passou a vida inteira a dar atenção aos outros, que afinal nem o mereceram, esquecendo-se de … si. É teatral sem ser declamado e retórico. É independente sem recorrer ao cliché.

A realização, nos tempos que correm, essa só podia ter, como tem, a assinatura de uma senhora – na circunstância Rebecca Miller, mulher de Daniel-Lewis e autora de um já então promissor, ainda que esquisito, «A Balada de Jack e Rose» - e Robin Wright (ainda Penn?) está perfeita na pele da feminina, frágil, dedicada e ausente Pippa Lee, personagem que remete imediatamente o espectador para o universo de Cassavettes. Alan Arkin é a naturalidade em pessoa e o resto é bom cinema americano.

domingo, janeiro 03, 2010

Hoje, seriam 101 anos!



Uma das tuas actrizes preferidas, com a tua música preferida. Saudade.