segunda-feira, janeiro 31, 2011

Obituário: John Barry (1933-2011)


Desaparecido um dos maiores e melhores compositores do cinema, não desaparecerão dali da prateleira as bandas sonoras de «Out of Africa», «The Appoitment», «Midnight Cowboy», «The Ipcress File» e dos melhores 007 de todos: «Goldfinger», «Thunderball», «You Only Live Twice», «Diamonds are forever» e «Dr. No».

Let's not question our flesh for wanting to remain flesh.


Em improvável tarde de Sábado, lá consegui rever alguns excertos deste irresistível filme de Fleisher, filmado a meias entre fiorde norueguês e a costa croata. Irresistível no seu tom kitsch musculado, mas irrepreensível em pormenores tais como os navios viking construídos a partir de um modelo existente em museu norueguês, os figurantes (muitos deles população do fiorde) treinando arco e flecha com profissionais; escudos, elmos e runas verosímeis, e o bem filmar de Fleisher, autor de alguns filmes de aventuras inesquecíveis. A fabulosa fotografia de mestre Cardiff faz o resto. Kirk Douglas acima de todos. E uma sequência inicial, em animação inspirada nas tapeçarias normandas de Bayeux, ainda por cima narrada por Welles. Que pena, terem sido só excertos.

Acordando com Hitch e «Os Pássaros»


Melanie Daniels: On Mondays and Wednesdays I work for the Travelers Aid at the airport.
Mitch Brenner: Helping travelers?
Melanie Daniels: No, misdirecting them.

quarta-feira, janeiro 26, 2011

I'd go anywhere in the world with you now. Anywhere at all!


Há quem garanta que, desde há umas semanas a esta parte, vê a Monroe de atalaia por boleia, em frente à sapataria Tamanca, pela tardinha. Jura, quem sabe, que a projecção real da cena de «Bus Stop» na Avenida de Roma acaba já esta 6ª Feira. Será?

Filmes em revista sumária # 248


Semi-decepção, este «Hereafter», não tanto pelo tema do último filme de Eastwood ter que ver com o além, e a imprevisibilidade de ver como ele gere essa outra dimensão (é uma espécie de twist na sua carreira enquanto actor e realizador), mas tão somente na previsibilidade, algo bocejante (sobretudo na primeira parte), de toda a trama, marcadamente monocórdica e sem chama – desinteressantíssimo, quand même, todos os episódios do casal francês, a televisão, a entrevista ao empresário tirano, etc., etc. - , excepção feita ao que diz respeito aos pequenos gémeos ingleses (bela analogia com o universo dickensiano).

É mesmo a partir da sequência do atropelamento do mano palrador que, finalmente, o filme desabrocha. Em termos de abordagem ao paranormal, o filme começa bem (as sequências de Damon sozinho em casa, à noite, ouvindo as gravações…) mas rapidamente se revela normalíssimo, até mesmo no descarado apelo à lágrima (excessiva mãozinha de Spielberg?). Mesmo que a última hora seja de qualidade superior, revelando até a pujança a que Eastwood nos habitou (bem), este filme, decididamente, não está ao nível da média da última década.


P.S. Pena o subaproveitamento da excelente Bryce Dallas Howard e pena não ficarmos a saber para que serviu o curso de culinária…

segunda-feira, janeiro 24, 2011

Obituário: Marcel Marlier (1930-2011)


Ao desenhador belga criador da Anita (aliás, Martine, em parceria com o escriba Gilbert Delahaye), confesso que só há muito pouco liguei a criatura ao criador. Da Anita, recordo-me de 2-3 livros que cheguei a ter por alturas da Primária, daquelas edições Casterman, que viria a conhecer melhor por outras razões... Tu terás mais recordações do que eu, e melhores. Foi um bom momento a 4 (tu, eu, ele e ela), aquele no Colombo, em fila indiana para recolher precioso autógrafo no original de «Anita Dona de Casa»? Tinha um traço bem bonito e elegante, sem sombra de dúvida.

Filmes em revista sumária # 247


«You Will Meet a Tall Dark Stranger» não será «Match Point» nem tampouco «Whatever Works», só para falar nos mais conseguidos filmes de Woody Allen nos últimos anos, mas é um belo entretenimento para tardes frias… graças a 3-4 coisas de que Allen não abdica, nem sabe como abidcar: excelência na direcção de actores (mesmo os medíocres), sentido do “gag”, ritmo e banda sonora. E não falo na fotografia, que essa é da responsabilidade de um mestre: Vilmos Zsigmond. Resumindo, Woody Allen faz parte do nosso quotidiano e só faz pena que desta vez não seja ele o narrador. Voltando aos intérpretes, Pauline Collins (a Sarah, de «Upstairs, Downstairs») está uma maravilha enquanto cartomante, e Gemma Jones está uma típica e credível inglesa de idade avançada, que gosta do seu copito e a quem só falta jogar o bingo em Blackpool para completar o quadro.

No rescaldo das presidenciais:


The rest is silence.

quarta-feira, janeiro 19, 2011

Arte pura em dose dupla:



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Conselho Omega

«Il pelo di tasso è quanto di meglio si possa desiderare per una efficace insaponatura del viso. Date le sue caratteristiche di elasticità e finezza, è sufficiente un lievissimo massaggio per ottenere una abbondante schiuma. Non bisogna quindi forzare col pennello sulle parti da insaponare perchè in questo modo si provoca solo la rottura dei peli e si rende inversibile il pennello entro breve tempo. E’invece indispensabile lavare il pennelo appena adoperato, per togliere ogni residuo degli acidi contenuti nelle creme da barba che, rimasti tra i peli, finiscono per corroderne la fibra.»

When two people love each other, they come together - WHAM - like two taxis on Broadway.


Enquanto isso, hoje, de manhãzinha, Jimmy Stewart e Grace Kelly "flirtavam", descaradamente impelidos pelas vistas do pátio defronte à sua «Janela Indiscreta». Um filme soberbo.

segunda-feira, janeiro 17, 2011

Obituário: Susannah York (1939-2011)


Desaparecu uma das actrizes mais luminosas do écran (grande e pequeno) e uma actriz de quem, aposto, ninguém dirá que não gosta. Os papéis mais ou menos secundários que lhe davam, rapidamente os transformava em principais, graças à sua simpatia e entrega. Muita pena.

Ainda sobre xadrez

Aqui ficam as minhas duas sequências preferidas envolvendo xadrez:



Filmes em revista sumária # 246


No que toca ao xadrez, as referências cinéfilas, pese embora este simpático «Joueuse», continuam a ser «Chess Fever» (1925), pela demência viciante do jogo; «La Diagonale du Fou» (1984), pelo que pode haver em volta de uma final do Mundial; e «The Thomas Crown Affair» (1968), obviamente, pela sequência mais sensual de todas quanto o cinema nos deu à volta de um tabuleiro de xadrez. Sejamos claros.

A quase estreante realizadora Caroline Bottaro, contudo, empenha-se bem nesta espécie de «Il Postino» revisitado, em que uma sempre impecável Sandrine Bonnaire abraça o xadrez como forma de emancipação num meio pequeno demais para a sua dimensão de Mulher. Um Kevin Kline, quase irreconhecível, assume-se como “Pigmaleão” na arte de jogar xadrez, e o resto é paisagem (a bela Córsega em volta de Ajaccio) e uma música a fazer lembrar «La Stanza del Figlio», aliás do mesmo compositor.


N.B.: No xadrez não se deve diz Rainha, mas sim Dama. Tal como não existe “xeque à rainha”, apenas ao Rei, e sempre que existe, deve-se anunciar somente “Xeque”.

sábado, janeiro 15, 2011

Caçada Real ao Sol


Ao almoço, a talhe de foice, surgiram as conquistas castelhanas e as civilizações pré-colombianas (que conversa erudita, hein?). E Cortez. Mas sempre preferi Pizarro. Por Trujillo, claro, mas também por «The Royal Hunt of the Sun», baseado na peça de Peter Shaffer e com uma dupla de arromba: Robert Shaw, como Pizarro, e Christopher Plummer, como o rei inca Atahualpa. Por sinal uma peça excelentemente encenada no Dona Maria II, há poucos anos, com Paulo Pires como protagonista.

Assentamento de espáduas


A notícia de que a judoca portuguesa Telma Monteiro conquistou a medalha de ouro no Masters, é-me duplamente estimulante:

Relegou o jogo de matraquilhos humanos para segundo plano e transportou-me de volta ao saudoso Budo Clube, em Entre-Campos, onde durante alguns meses, por idos de 60, vestia o quimono e o cinturão amarelo por troca dos Britains Swoppet que meu Pai me dava embrulhados em pacotes da Thadeu à hora da partida.

Recordo com saudade ainda o Boxer mal encarado que servia de porteiro. Foi-se o prédio, foi-se o equipamento; ficou aquele jeito meio tonto mas eficiente de cair e rolar no chão e, mais importante, ficaram as miniaturas.

sexta-feira, janeiro 14, 2011

Ontem, hoje e até quando?



There's something in the fog!


E em Lisboa, onde o nevoeiro é mais que muito, sem D. Sebastião à vista, o desespero é ainda maior.

quinta-feira, janeiro 13, 2011

Filmes em revista sumária # 245


«The Tourist» podia ser um folheto promocional de Veneza, ou talvez seja, a La Serenisima, aos telemóveis Blackberry, e a tudo o resto que o filme mostra, mas não é. Teria sido mais honesto para o espectador, que é manietado durante todo o filme, e com quem o realizador (Sr. Conde. Florian Henckel Von Donnersmarck, por sinal autor de um sóbrio e brilhante «Das Leben der Anderen», mas que aqui dá um imenso trambolhão, provavelmente voluntário) brinca até mais não poder, com twist e mais twist, cenas que se vê imediatamente serem rodadas em estúdio, tal a artificialidade dos cenários, etc., etc.

Fica-nos neste filme à James Bond, em versão light, mais uma boa prestação de Johnny Dep, uma Jolie sempre a fazer jus ao apelido, e a cidade dos Dogi, sempre superlativa. E um subaproveitamento claro de três bons actores: Rufus Sewell, Timothy Dalton e, sobretudo, o fabuloso e já quase lenda viva, Steven Berkoff. Enfim, uma fita para limpar a vista, como alguém disse; um imenso desperdício.

«A Odisseia» (1997)


Que terão em comum Francis F. Coppola (produtor executivo), Konchalovsky (realizador) e um canastrão chamado Armand Assante (protagonista) e ... Homero? Bom, uma série televisiva condensada em filme de quase 3 horas, a ser exibido no Museu Nacional de Arqueologia, este Sábado à tarde. Estou curioso...

quarta-feira, janeiro 12, 2011

Filmes em revista sumária # 244


«Chloe» está para «Closer» ou «Lolita», como a actriz principal, protagonista que dá título ao filme, Amanda Seyfried, está para as ninfetas Sue Lyon e Natalie Portman dos filmes atrás referidos: não está.

Tivesse tido Atom Egoyan (um realizador tão requintado como inclassificável) outra jovem actriz e o filme poderia ser muito mais absorvente e intimista. Assim, ficou-se por um filme bonito, bem construído, com Julianne Moore reinando sem muito esforço, e uma trama que ... se estava mesmo a ver desde o princípio, porque "estava na cara" de Chloe. Memos assim, Egoyan não perdeu o jeito, ainda.

Obituário: Peter Yates (1929-2011)


Exímio a filmar sequências de acção, Yates fica para sempre na história do cinema e da televisão; ali, com «Bullit» e «The Friends of Eddie Coyle», aqui, com «O Santo» e «Danger Man». A partir de «The Deep» desapareceu caindo numa mediania mais que evidente, nunca percebi bem porquê. Aquela sequência da perseguição subindo e mergulhando nas colinas de São Francisco, com McQueen e o seu Mustang GT 390 como protagonistas, é das coisas melhores que jamais se fizeram em cinema. Farewell!

sexta-feira, janeiro 07, 2011

E acabaram-se as Festas

quarta-feira, janeiro 05, 2011

Filmes em revista sumária # 243


«L`illusionniste» é todo ele um filme de Tati, quer se queira quer não, apenas com uma distinção: é cinema de animação. Não que o cinema de Tati não seja também de animação, animação real, se se quiser, mas o seu humor de fino recorte, a caricatura certeira aos tempos modernos, o desencanto, a melancolia, os afectos, a vizinhança, o primado do silêncio e do “gesto é tudo”, etc., tudo isso é Tati e de tudo isso é feito este novo filme de Sylvain Chomet, o autor do já celebérrimo (merecidamente) «Les triplettes de Belleville» (2003), não fosse o próprio argumento original ideia, inclusive, do próprio Tati, escrito sob a forma de carta dirigida a sua filha …

«L’ illusioniste» está, portanto, a transbordar de cinefilia e de Tati, desde o traço que compõe a silhueta e os modos da personagem central do ilusionista (decalcado de M.Hulot, pois então), à aparição do próprio Tati quando aparece no filme que é projectado num cinema todo ele saído da prancha de desenhador. Um belo filme, um filme triste, um filme europeu, bem entendido.

segunda-feira, janeiro 03, 2011

Obituário: Peter Postlethwaite (1945-2011)


Uma notícia, apesar de tudo, totalmente inesperada, a da morte deste actor sempre cheio de garra e de quem estreara há pouco tempo mais um filme, em mais uma soberba e transfigurada performance. O "seu" Mr. Montague, personagem de Martin Chuzzlewit, de Dickens, é a minha preferida de todas; absolutamente soberba. Vai fazer muita falta.

Pola Negri, para ti!



Com enormes saudades, de 12 anos!