... rindo se mantém!

Mais do que tentar que o filme da dupla Spielberg-Jackson (ou será ao contrário?), a 2-D e em versão original, bem entendido, estou curioso até que ponto ele faz jus a este meu post de 2008.

«The Man Who Fell to Earth» (1976)

«Starman» (1984)

Infelizmente, sem Richard Widmark, nem Jean Peters nem Telma Ritter, muito menos sob a batuta de Fuller, especialmente aos fins-de-semana, colina acima e colina abaixo.

A grande mais-valia de «Contágio», de Soderbergh, não é tanto a sua excelência enquanto filme, mesmo no lado policial da coisa – diga-se, contudo, que extremamente eficaz –, mas tão somente aquelas horas, poucas, claro, depois do filme, em que os espectadores mais apurados passam a ver com outros olhos os puxadores, corrimãos, copos, etc. e a suster a respiração (ou a fugir) perto de quem desata a espirrar e a tossir sem o mínimo de cuidado com o raio de acção do dito cujo. O problema, claro, é que esse efeito é sempre de pouca dura…

Voltando ao filme propriamente dito, Soderbergh volta de certa maneira ao tempo e ao modo de «Erin Brockovich», só que desta vez a culpa não é dos tenebrosos industriais sem escrúpulos (vá lá) mas da banana, do morcego, do porco e do “porco” que não lava as mãos antes de cumprimentar a Paltrow. É, pois, um filme que combina bem a ficção com o policial, e que ficaria muito bem na galeria de uma «Twiligh Zone», portanto, tendo ainda um toque de actualidade extra com a alusão ao papão da Net.

Damon está de pedra e cal, como sempre. As magas Paltrow e Winslet, essas estão subaproveitadas, o que é pena. Já o veterano “secundário” Elliott Gould faz o que quer das cenas em que entra. Mas pedir-se mais de «Contágio» seria impossível, pese embora os créditos técnicos habituais em Soderbergh, que nunca os deixa por mão alheia.

A propósito de uma salutar discussão em volta de filmes de gangsters, lembrei-me destes ainda há pouco, cada qual imprescindível na "dvdeteca" cá de casa.

Faz 30 anos que vi Carole Bouquet na tela do São Jorge, ainda em sala única e baralhando a cabeça ao 007 de Moore. Hoje, ao vivo e também a cores, de regresso ao São Jorge, em «Lucie Aubrac». Dará para autógrafo?

Parece um filme de Sirk mas não é, o que só por si merece nota alta (para os seguidores daquele, claro), mas «The Help» é de facto um filme com cabeça, tronco e membros: tem uma boa história, está bem filmado, excelentemente fotografado e encenado, e é protagonizado por um punhado de actrizes (90% delas serviçais, pese embora Bryce Dallas) de se lhe tirar o chapéu. Revisita de forma soberba, resistindo a muito estereótipo, uma década incontornável da História recente, decisiva para a reviravolta que se exigia, tendo no presente como epicentro um Mississipi que, por detrás das belíssimas mansões e plantações, mantinha e recusava abdicar de um sem-número de injustiças indignas de um país chamado E.U.A. Filme obrigatório em qualquer cerimónia e festival de cinema, obviamente.

Comédia deliciosa, ritmada e ...às urtigas com os seus clichés, porque este «Les femmes du 6e étage» (2010), de Philippe de Guay, é de facto bom, pois se não fosse assim a cheia sala 1 do "meu" São Jorge (quando é que volta a sala única?) não teria passado sério risco de vir abaixo com tanta gargalhada. Para dramalhão já basta este país.

Por mistérios do insondável, não é que também este pobre troglodita dos antípodas fez em tempos de antanho uma foto parecidérrima, usando Lomo adequada, e sem saber desta outra, do mestre demiurgo de St. Albans? Obrigado, generosa cara-metade:-)

La Tête contre les murs

Às vezes parece que sim, mas no filme de Franju, em boa hora (ontem) exibido pela Cinemateca a propósito de uma retrospectiva da carreira de Anouk; é mesmo de pedra e cal, por dentro e por fora. A fazer lembrar o muito mui ilustre «Shock Corridor», de Fuller, mas com alguns pormenores fabulosos, como a sequência final, a lembrar Lang e um sem-número de outros deuses. Franju é mesmo assim.

If we'd made love last night I'd have to stay. Or you'd have to leave.

No AXN Black (um dos melhores canais da tv por cabo), numa cópia belíssima, um dos melhores filmes de Peter Weir, com uma inesquecível Kelly McGillis.

Como é que Jim Sheridan faz uma coisa como esta «Casa dos Sonhos», essa é que é a pergunta do jackpot. É que tendo Sheridan é fácil e dará milhões, não sei, a actores como Daniel Craig (que é um excelente actor, mau grado o seu 007 “ucraniano”), Naomi Watts e Rachel Weiz aceitarem entrarem na dita cuja. A previsibilidade é tanta, que até o twist final cheira a falso. Tudo neste filme é um imenso bocejo e mau demais para ser verdade, mas o problema é que é mesmo verdade e está assinado por um autor, essa é que é essa. No melhor pano cai a nódoa, paciência. Venha o próximo…

Absolutamente imperdível este «Eu Vi o Diabo», de Kim Jee-woon, e melhor filme de terror (ainda que seja formalmente mais um thriller - vá-se lá saber onde acaba um género e começa outro…) de todos quantos por cá foram exibidos, diga-se que profusamente, ao longo de 2011. Argumento inebriante, personagens soberbas, num jogo armadilhado do bem e do mal, por entre o dia-a-dia normal de uma grande cidade, feita de guetos a vários níveis. Um cinema a fazer lembrar Kurosawa e o seu «Stray Dog», naquilo que é a prova provada da ultrapassagem definitiva do actual cinema sul-coreano ao actual cinema japonês (o tema do ajuste de contas é um must daquele e não deste…). Algumas sequências brilhantes (ex. a do crime inicial, a da estufa) e algumas das imagens mais chocantes do ano cinematográfico. Dispensável seria a sequência na casa sequestrada pelo compincha canibal, nota máxima para o resto …