sexta-feira, janeiro 31, 2014

Vem aí um Sorrentino topo de gama:


Com Toni Servillo em grande.
«Non volevo essere semplicemente un mondano, volevo diventare il re dei mondani».
Ou: Roma, una bellezza da morire.

terça-feira, janeiro 28, 2014

Filmes em revista sumária #437


Anda por aí uma excitação talvez exagerada em redor de «O Lobo de Wall Street», quiçá na exacta medida das excessivas 3 horas que o filme dura e talvez porque a combinação explosiva de que Scorsese se serve para mostrar que ainda continua a ser (culpa da aventura fantasiosa de «A Invenção de Hugo»?), século XXI adentro, um dos maiores e mais jovens cineastas do mundo (alguém duvidava?), é de facto propícia a excitamentos: dinheiro, poder, sexo e drogas.

Tudo filmado em ritmo frenético e com decibéis capazes de furar o tímpano mais sensível (a fazer lembrar o pior de Oliver Stone, aliás), bem apimentado por doses cavalares de palavrões e cenas ousadas dentro (plausíveis?) e fora do escritório, mesmo para septuagenários oriundos do Bronx...

Seja como for, Scorsese está vivo, pois então, e recomenda-se. Apesar desta adaptação (clara) de «Tudo Bons Rapazes» ao mundo (verídico) dos corruptos, da bolsa e dos mercados dos anos 80-90 (terrivelmente contemporâneo…), estar longe do que de melhor ele nos deixou até agora, que disso não restem dúvidas, também. «O Lobo de Wall Street», funciona para Scorsese, talvez, como um «back to the tracks», seja.

A parceria (estratégica) de Scorsese com Di Caprio, essa vai de vento em pôpa (o actor arrisca-se a ganhar o Óscar mesmo sem grande esforço), e daquela que leva com a maga da montagem, de seu nome Thelma Schoonmaker, já nem se fala. Uma banda sonora impagável e uma recriação de época a preceito fazem o resto. Ah, já me esquecia: de vez em quando, há no meio do filme uns quantos planos, sobretudo na última hora, que só podiam ser de Scorsese, e está tudo dito.


In O Diabo (28.1.2014))

quarta-feira, janeiro 22, 2014

Filmes em revista sumária #436


A partir de uma história verídica (o filão é inesgotável…), «O Clube de Dallas» é o relato filmado pelo canadiano Jean-Marc Vallée da ‘empreitada’, ilegal mas justa e desesperada, de Ron Woodroof e do que aquela lhe permitiu viver por mais sete anos quando lhe diagnosticaram apenas 30 dias de vida, ao contrair SIDA nos anos 80. O filme podia ser algo mais do que é mas no fim quase tudo se resume a dois papelões de Matthew McConaughey e Jared Leto, que combinam na perfeição o par de protagonistas. A moral da história fica para enfiar como carapuça, e bem, à indústria farmacêutica e à ‘Food and Drug Administration’ à época. E hoje, a quantas outras doenças acontecerá o mesmo?

«1984», revisão em alta


If you want a vision of the future, Winston, imagine a boot stamping on a human face forever.

terça-feira, janeiro 21, 2014

Filmes em revista sumária #435


O tema da escravatura; da exploração e atrocidades de que os negros foram alvo durante tantas gerações por parte dos brancos norte-americanos, seus proprietários (!), até que Lincoln lhes pôs cobro em 1864; não parece estar esgotado no cinema produzido em terras do Tio Sam, mesmo que, para todos os efeitos, no que toca aos requintes de malvadez com que os brancos tratavam os negros, ou à libertação de facto destes últimos pela sua inserção de pleno direito na sociedade americana (o que só ocorreu na segunda metade do século XX …); «Mandingo» (1975), de Richard Fleischer, e a série televisiva «Raízes» (1977) sejam, talvez, o expoente máximo. Seja como for, e talvez por culpa de Tarantino e do seu «Django Libertado», o tema está de volta e pela mão de um inglês negro de nome Steve McQueen!

Não sendo um filme-choque, longe disso, nem sequer pioneiro, como já se viu, na nudez e crueldade com que retrata a epopeia de dor e sofrimento por que passaram os escravos nas plantações de algodão e afins, os estupros e violações várias de que foram alvo, etc., «12 Anos Escravo» tem dois argumentos de pêso que valem perfeitamente uma ida ao cinema mais perto de si: um elenco de luxo (Chiwetel Ejiofor lidera, como pode, aliás, Michael Fassbendes, Brad Pitt, Paul Giamatti, Paul Dano, Benedict Cumberbatch), e uma história tremendamente verdadeira, contada na primeira pessoa mas de ‘pernas para o ar’: a saga de um homem livre que é feito escravo e do que ele sofre para voltar a ser livre – parábola sobre a actualidade em que todos vivemos?

Steve McQueen tem nesta sua terceira longa-metragem a possibilidade de dirigir muitos actores e figurantes, em cenários interiores e exteriores, feitos de grandes e requintados espaços, tão verosímeis e de época quanto possível, e não se dá nada mal, conseguindo enfiar o seu habitual cinema de rostos, silêncios, desesperos e subúrbio, num ‘pronto-a-vestir’ que, tal qual os índios ou a 2ª guerra mundial, continuará a ser filão para o grande ‘écran’.


In O Diabo (21.1.2014)

terça-feira, janeiro 14, 2014

Filmes em revista sumária #434


Se dúvidas houvesse sobre se o filão criativo dos irmãos Coen tinha ou não chegado a um bêco sem saída, elas ruem por completo com «A Propósito de Llewyn Davis», pois, embora seja mais um filme em que os irmãos judeus do Minnesota nos contam a história (e como os autores de «Fargo» sabem contar histórias…) de mais um anti-herói americano - um cantor ‘folk’ irremediavelmente falhado, incapaz de superar o desaparecimento do parceiro de duo, decididamente não talhado para ser figura de cartaz - tudo é tão naturalmente fluído, simples e renovado, que não podem restar dúvidas a ninguém: o bom cinema Ethan e Joel Coen está para dar e durar.

Estamos, é certo, longe do espavento alucinado do escritor bloqueado de «Barton Fink», ou, não tão longe assim, da inabalável e teimosa honradez de «Um Homem Sério», mas esta peregrinação interior de Llewyn Davis toca-nos fundo, como poucos filmes tocaram nos últimos tempos, muito por culpa, também, de Oscar Isaac, aqui voluntariamente despido de qualquer carisma. Neste sentido, é um filme sobre a vida de alguém vulgar de Lineu.

É também um filme de pormenores: da inimitável e ainda genuína Greenwhich Village ao ’MacGuffin’ daquele lindo gato amarelo aventureiro (chama-se Ulisses!), que atravessa a narrativa e a própria personagem central; daquela banda sonora que só podia ser americana (nota: não sou fã, mesmo nada, da música ‘folk’) àquele que é o mais bonito W.C. déco filmado nos últimos anos pelo cinema norte-americano, coroando uma sequência toda ela estranha e surreal com a personagem ‘overacted’ de John Goodman.

No resto: a usual excelência dos manos Coen na direcção de actores, na fotografia, na montagem, etc. Fica por decifrar quem faz de marido da cantora insultada por Llewyn , que dá a este uma verdadeira coça nas traseiras do bar; ah, como gostava que fosse Kris Kristofferson...

sexta-feira, janeiro 10, 2014

Out of the Past», revisão em alta


Ann Miller: She can't be all bad. No one is.
Jeff Bailey: Well, she comes the closest.

quarta-feira, janeiro 08, 2014

Filmes em revista sumária #433


Parafraseando pessoa amiga: «A Vida Secreta de Walter Mitty» é um filme muito bonito, especialmente porque a Islândia nunca antes houvera sido filmada assim e porque tem uma mensagem igualmente… bonita. Assim seja (é-o de facto) mais a mais dado o tempo festivo de viragem de ano em que nos encontramos, que se deseja feliz e minimamente optimista. Mas que falta qualquer coisa a este filme ‘fétiche’ da família Goldwin (Samuel, pai, produziu a primeira versão de Norman Z. McLeod, com Danny Kaye, em 1947), que esteve para ser protagonizado/realizado por aquele e aqueloutro para no final o ser, cumulativamente, por Ben Stiller, lá isso falta, não haja dúvidas, e talvez o essencial, mesmo: garra.

Stiller não é McLeod, muito menos Preston Sturges ou Capra, pelo que paisagens idílicas à parte e descontadas as fabulosas e inolvidáveis capas e reportagens fotográficas da Life Magazine (célebre revista de actualidades, tragicamente sentenciada à morte no último quarto do século XX nunca se percebeu muito bem porquê…), que se vão sucedendo em peripécias bem imaginadas por Stiller, aliás, falta muito para que este filme de aventuras fantásticas, vividas na primeira pessoa por um simples funcionário do departamento de negativos, que por causa do amor as deixa de sonhar acordado, seja de facto um filme inolvidável (e não o é).

No cômputo final, deste Walter Mitty ficam algumas cenas bem ‘pintadas’ (Instagram?) em cenários reais de assombro, umas (as da viagem em skate e da erupção vulcânica, por exemplo); de apurado sentido cénico (e humorístico, claro, ex. a ‘charge’ a Benjamim Button), outras; e o grande final (feliz) da última capa da Life (a lembrar Chaplin) seguida de imediato pelo entrelaçar das mãos. Sejamos optimistas, pois então!

domingo, janeiro 05, 2014

Os meus filmes de 2013:


1. «Lore» (Cate Shortland)
2. «Blue Jasmine» (Woody Allen)
3. «Fausto» (Aleksandr Sokurov)
4. «Django Unchained» (Quentin Tarantino)
5. «A Caça» (Thomas Vinterberg)
6. «Lincoln» (Steven Spielberg)
7. «Mud» (Jeff Nichols)
8. «The Place Beyond the Pines» (Derek Cianfrance)
9. «Dans la Maison» (François Ozon)
10. «Passion» (Brian de Palma)