sexta-feira, março 25, 2016

It is finished! Father, into Thy hands I commend My spirit!


Henry Byron Warner em «O Rei dos Reis» (1927), de DeMille.

quinta-feira, março 24, 2016

Les miroirs sont les portes par lesquelles entre la mort. Regardez-vous toute votre vie dans un miroir et vous verrez la mort travailler sur vous


Orfeu (1950) e um trio de respeito (Cocteau, Marais e a Casares) hoje na Cinemateca.

sábado, março 19, 2016

Queste rocce nere, questa desolazione, questo... questo "terrore". Quest'isola mi fa diventare matta.


In Stromboli (Terra di Dio), hoje na Cinemateca.

quarta-feira, março 02, 2016

Filmes em revista sumária #536


«Cavaleiro de Copas» (não confundir com Rei de Copas) fala sobre nada e sobre tudo durante duas infindáveis horas, pelo que se aconselha de antemão os espectadores não devotos de Terrence Malick a irem em vez à cartomante de serviço no parque de diversões mais perto de suas casas, para que elas lhes expliquem, de turbante na cabeça, olhos esbugalhados de rimmel e unhas bem pontiagudas, o que a carta em apreço significa, coisa que terão todo o gosto e fortuna em fazer, claro, em tempo bem mais curto, quiçá segundos, ainda que a custo mais elevado para o utente do que o de um bilhete de cinema, pois tempo é dinheiro e o que é barato sai caro.

Mais a sério, e muito (mesmo) sinceramente, teme-se que o autor do ainda inesquecível, e insuperável até ver, «Dias do Paraíso» (1978), ande irremediavelmente perdido no meio de tanta e demorada levitação em torno do que é a vida e o que fazemos neste Terra, brain storming que dura, lembre-se, desde os tempos do já longínquo «A Barreira Invisível» (1998), ainda que aí profusamente intervalada por cenas bélicas, aliás magníficas. Por sinal, Mallick, que até recentemente tinha vindo a alimentar a (vã) tentativa de se prefigurar junto de muitos como “o” herdeiro de Kubrick, no tempo e no modo, decidiu agora produzir em ritmo mais “frenético” (ainda que só a pós-graduação deste seu novo filme tenha demorado dois anos…), facto que até lhe podia ser benéfico mas não tem sido, infelizmente.

Em «Cavaleiro de Copas», lá volta tudo a estar muito bonito e enquadrado (não fosse a fotografia de Emmanuel Lubezki), imaculado, etéreo até, cabendo desta feita a Christian Bale o papel de cavaleiro solitário na pesadíssima demanda pelo “Santo Graal” – tentando ser como o “pinta” a carta em apreço: sólido e emotivo, sereno e conciliador, bom entendedor da natureza humana! -, e a Cate Blanchett e Natalie Portman (esta a espaços), o de Guinevere, leia-se partenaire.

As “cenas explosivas” ficam a cargo das festanças malucas das criaturas extravagantes ligadas à indústria do cinema, e aos achaques sexuais do protagonista. O resto é paisagem e muita câmara em diálogo não se sabe muito bem com quê ou quem. Pessoalmente, gostava que se pudesse ter ouvido o que tinha a dizer Brian Dennehy.

Há sempre quem goste, como de caça aos gambozinos, e alguns muito.

terça-feira, março 01, 2016

Filmes em revista sumária #535


«Salve!, César» (não devia ser Avé?) é mais uma das muitas sátiras feitas a Hollywood pela própria, de que Mel Brooks foi um dos últimos expoentes, e é mais uma tentativa (semi-gorada) dos manos Coen em adquirirem galões num território, as comédias - por sinal, todas com George Clooney -, onde costumam ser alucinados (sem que isso signifique necessariamente “screwball comedy”…) mas atabalhoados, o que colide frontalmente com o vastíssimo palmarés obtido nos seus filmes sérios e incontornavelmente sangrentos, ainda que todos, mas todos, tenham sempre aquela pitada de humor corrosivo e a propósito.

E se à primeira tentativa com «Irmão, Onde Estás?» (2000), uma “charge” aos filmes de fugas de prisão, houve desastre, e à 2ª, «Crueldade Intolerável» (2003), o engulho foi logo à primeira comparação com a dupla original de antanho, Grant (C) & Hepburn (K), que lhe servira de inspiração, à terceira o que fica é uma amálgama de episódios desgarrados, alguns, outros metidos a martelo, quem sabe se cortados na pós-produção, de que o da Sra. Joel Coen, Frances McDormand, é sintomático, apesar de no caso ser um episódio de morrer a rir.

Talvez que o filme fosse melhor se satirizasse o burlesco e os filmes religiosos do Mudo, ou os anos 30-40 de Busby Berkely & Cia., e não tanto as produções dos anos 50, pois aquele legionário de Clooney tem muito mais de Robert Taylor e de Zero Mostel do que propriamente de Kirk Douglas, convenhamos. Mas compreende-se que a ameaça-fobia comunista (e como são geniais as cenas com os argumentistas-conspirativos) e os filmes da “sereia” Esther Williams ou os do sapateado de Gene Kelly (Channing Tatum está a tornar-se um caso sério de versatilidade) tenham sido uma tentação irresistível para Ethan e Joel Coen.

Josh Brolin leva muito a sério tudo em que entra e aqui não foge à regra. Mas Clooney, que leva quase tudo a reinar, mete o filme no bolso, ainda que as chapadas que leva daquele sejam mais que merecidas. Scarlett continua a ser Scarlett e o resto é um filme com excessivas referências cinéfilas e argumento a menos.

Mas eram assim os filmes de Dick Powell e Myrna Loy e entretinham e continuam a entreter bastante. Enquanto isso, os estúdios continuam e a Lockheed já se foi.


In O Diabo (1.3.2016)

Obituário: George Kenneddy (1925-2016)


Reduzir-se este gigante da tela ao polícia apalermado dos filmes da série “Naked Gun” é escrever o seu epitáfio com a mais profunda ignorância em relação a um tremendo de um actor secundário (um dos maiores do cinema e da televisão), que era um verdadeiro “urso” de coração mole. Convém que vão ao youtube e que procurem por outros filmes dele, desde logo visionem com atenção o papelão que lhe valeu o Óscar, no fabuloso filme que é «Cool Hand Luke». Além do mais sempre foi impagável como vilão. Morreu aos 91 anos.