quinta-feira, outubro 31, 2019

The French Connection (1971), há dias na TV


Jimmy 'Popeye' Doyle : You dumb guinea.
Buddy "Cloudy" Russo : How the hell did I know he had a knife.
Jimmy 'Popeye' Doyle : Never trust a nigger.
Buddy "Cloudy" Russo : He could have been white.
Jimmy 'Popeye' Doyle : Never trust anyone!

Marselha, anos 70, Nova Iorque, anos 70, o detective Popeye. E acção, corridas, muitas corridas, perseguições a pé e de carro, e nessa matéria William Friedkin é imbatível. E If nunca foi tão bem filmado, Dantès teria gostado.

sexta-feira, outubro 25, 2019

The Big Country (1958), há dias na TV


Julie Maragon: Any ranch that you can see on foot just isn't worth looking at.

As planícies e os desfiladeiros da Califórnia, o cinema bigger than life de Wyler, com os gigantes Gregory Peck, Charlton Heston, Burl Ives, Charles Bickford, Chuck Connors e as tão pequenas quanto grandíssimas Jean Simmons e Carroll Baker.
Westerns como devem ser. Não é todos os dias.

terça-feira, outubro 22, 2019

Manhattan (1979), há dias na TV


Isaac Davis: It's an interesting group of people, your friends are.
Mary Wilke: I know.
Isaac Davis: Like the cast of a Fellini movie.

Gershwin, Gordon Willis, realizado por Woody como se fosse Truffaut, e uma Mariel que nunca mais foi igual a esta aqui.
Não é todos os dias mas valeu a pena, ainda que não tivesse sido na plateia do São Jorge.

quinta-feira, outubro 17, 2019

Filmes em revista sumária #553


O que começa por ser uma pantomina “empreendedora” rapidamente degenera numa “pescadinha de rabo na boca”, uma monumental espiral de violência, física e psicológica, uma tirânica trapaça de manipulação cruel entre duas (três, na realidade) famílias.

Uma, a vítima, muito “bem na vida” (os Park, quem mais?), que vive numa moradia desenhada por arquitecto-autor e está em permanente contacto com a luz e o verde, e uma outra, a agressora, que sobrevive nos basfonds da cidade (os Kim, quem mais?), sufocada na escuridão de uma cave infra-humana, e que tem como ganha-pão alguns “esquemas” que congemina.

«Parasite», o novo filme de Bom Joon-ho (também é co-autor do argumento), recente Palma de Ouro em Cannes, combina muito bem o tom de comédia e de sátira social com o drama, quantas vezes o terror, da realidade, do Humano, entre “raças” lá de baixo e cá de cima, numa espécie de Upstairs, Downstairs levado ao extremo, de certo modo autofágico.

O filme tem dois outros elementos muito poderosos: os actores (todos, mas com especial relevo para a belíssima prestação da versátil Jeong-eun Lee, no papel da governanta “legítima” e, claro, na do patriarca Kim) e a fotografia de Kyung-pyo Hong, mais uma vez imaculada (já o havia sido em «Em Chamas», de Chang-dong Lee).

A matriz da tomada de uma família por outra não será nova – basta lembrarmo-nos de «Harry, un ami qui vous veut du bien» (2000) ou «Brincadeiras Perigosas» (1997), para não irmos mais longe – mas é certo e certinho que quem com ferro fere… e se a apoteose sanguinolenta (habitualmente encenada de forma prodigiosa nos filmes coreanos) da festa de aniversário (será mais sacrifício?) era mais do que esperada, o resultado final desta luta de classes fraticida, parasitas uma da outra, entre vencidos e vencedores, só podia ser o que foi, ou talvez não.

Nota final para alguns verdadeiros “achados” de que ninguém se irá esquecer tão cedo: um dos “lá de baixo” que teima em urinar na janela onde os seus semelhantes habitam; estes a tentarem por todos os meios aceder ao Whatsapp, nem que seja em cima da sanita; e o cheiro especial a que se refere Park (fétiche?) relativamente a quem anda de metro …

A sequência da fuga dos Kim, humilhados e ofendidos, depois do banquete subversivo e sempre debaixo de uma chuva diluviana, é a parte mais bonita e dilacerante do filme.

quarta-feira, outubro 16, 2019

Obituário: Robert Forster (1941-2019)

Desaparecido a 11 de Outubro, Robert Forster será sempre lembrado por dois papéis, um secundário e outro principal, que distaram entre si 30 anos exactos: o de soldado Williams, que Brando mata por ciúmes em «Reflexos Num Olho Dourado» (foto acima), de 1967, e o de um agente de liberdade condicional em «Jackie Brown», de 1997, este último filme, por sinal, que constituiu um verdadeiro efeito "alavancagem" (como agora se diz) na sua carreira de eterno secundário, por obra e graça do génio de Tarantino, e que lhe permitiu nunca mais sair do estrelato, ainda que q.b. Mais um dos grandes que abandona o grande écran...

quarta-feira, outubro 09, 2019

Smile


É preciso recuarmos mais de 90 anos para encontrarmos outro filme assim, que nos surre violentamente com um sorriso estampado no rosto da personagem principal:

Em «The Man Who Laughs» (1928), de Paul Leni e produzido pelo tycoon Carl Lammle, o imortal Conrad Veidt dá rosto e corpo a alguém que, em criança e por culpa do pai, foi vítima de uma terrível condenação por incisão propositada de cirurgião sem escrúpulos: rir para sempre.

Para o sucesso desse inolvidável clássico da era do Mudo tudo contribuiu o gigante Veidt, mas também o talento de Paul Leni e, claro, a prosa primeira de Victor Hugo, que sempre conjugou, como poucos, o romance com o drama, a beleza e o monstro, interior e exterior.

É essa a herança de «Joker» que Todd Phillips e sobretudo Joaquin Phoenix, não só aproveitam como multiplicam e transformam num filme tão poderoso quanto indigesto, e que é já um dos marcos cinematográficos da década e, por conseguinte, do Sonoro.

Aqui, do que se trata não é de explorar uma pseudo-história de vida do arqui-vilão do Batman das histórias aos quadradinhos dos super-heróis da DC Comics, nunca descrita até hoje, e por mais que pareça sê-lo, até porque, calcule-se, a personagem de Veidt inspirou, ela própria, os autores de … Batman, e aí não há nem adopções nem manicómios para ninguém.

Ou seja, o argumento do filme é uma pura invenção do realizador, portanto, nunca foi escrita nem descrita em nenhuma banda desenhada.

Desengane-se, portanto, quem for para «Joker» munido de pipocas e na expectativa de ver um filme da Marvel, perdão, da DC Comics. Tal não podia acontecer e não acontece.

E que ninguém se ponha a querer comparar o incomparável, pois a personagem que Joaquin Phoenix sofre até quase sufocar, nada pode ter que ver com os homónimos mais recentes do grande écran, seja na variante apalhaçada que Jack Nicholson interpretou para Tim Burton, seja na versão mais demoníaca e irascível que o malogrado Heath Ledger tão bem soube compor para Christopher Nolan.

Aqui, como em 1928, o que conta é o expressionismo do imaginário, uma realidade dura e insuportável, de que a doença mental, no caso de Arthur Fleck, é apenas a espoleta.

Todd Philips soube evitar a tentação de recriar (inventar) cenários góticos à série televisiva, mas, quem sabe, terá abusado da “mãozinha” de Scorsese, que esteve inicialmente ligado à pré-produção do filme, facto que é visível a olho nu no piscar de olho a «The King of Comedy» e a «Taxi Driver», por exemplo.

Um imaginário adaptável aos tempos que correm, aos choques da sociedade contemporânea, aos eternamente injustiçados e tantas vezes espezinhados pelo poder do dinheiro, do oportunismo dos media, etc., daí resultando necessariamente também num filme oportunista porque demagógico, sinal dos tempos, apesar de ter também muito de conto de fadas … mefistofélico.

Seja como for, o que interessa aqui é a personagem-filme, é Fleck e a sua compulsão desenfreada pelo riso, a sua auto-flagelação incontinente, capaz de de qualquer laringe ou pulmão. É o sarcasmo que mata, literalmente. A tragicomédia de um homem só e delirante, em que todos pressentimos estar iminente uma explosão, o que acontece no “directo” (a beber claramente em «Network»): o êxtase.

Uma explosão de violência sem limites, mas também de côr, mas esta só no seu rosto e na indumentária de palhaço, tudo o mais é filtro. Uma espécie de Tai Chi Chuan de efeito perverso, ao som de Sinatra e Jimmy Durante, intermitente à poderosíssima música de fundo da islandesa Hildur Guðnadóttir, que já nos havia presenteado com acordes semelhantes em «Sicário».

Joaquin Phoenix está portentoso e ninguém mais o esquecerá enquanto Joker, terá mesmo ganho com esta interpretação o acesso ao Olimpo.

Todd Phillips, esse precisará de mais uma prova dos nove, ou talvez não.

Smile,
Though your heart is achin'
Smile,.
..

sexta-feira, outubro 04, 2019

Rude golpe no Cinema


O pré-aviso da não exibição em cinema do filme «The Irishman» é uma dura machada de Scorsese no dito com "C", e tal vindo dele, que toda a vida tem pugnado por ser paladino daquele contra a ditadura da TV & Cia, é mesmo muito mau, mesmo. Vermos De Niro, Pacino e tutti quanti em computador ou écran televisivo é contra-natura.

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terça-feira, outubro 01, 2019

Un Homme et une femme, 53 anos depois


Isto é, LES PLUS BELLES ANNÉES D’UNE VIE, de Claude Lelouch, com Anouk Aimée e Jean-Louis Trintignant a reencontrarem-se passados 53 anos sobre o clássico com música de Francis Lai, e 20 anos depois de uma sequela sofrível. Na Cinemateca, Sábado, dia 12 de Outubro, às 21h30, com a presença do imenso protagonista.

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