O dedo de François Ozon
Ozon é de facto um excelente realizador e cada seu filme é um filme a ver, sempre; mesmo que, como é o caso, pareça resquício do «efeito brokeback», ou que a história de alguém que se rende à evidência de um estado terminal, já tenha sido filmada aqui ou ali. É um filme a ver porque o dedo de Ozon está lá e de que maneira. E está na exacta medida da imprevisível, luminosa e optimista proposta que Valeria Bruni-Tedeschi faz a Romain, a personagem central de «Le Temps qui Reste». Uma cena prodigiosa, um momento sublime de cinema, uma actriz fantástica ... idem para a despedida da avó.
Assim como cinema em estado de graça neste drama intenso e brutal, é a última reportagem fotográfica que Romain decide fazer aos seus e a tudo quanto lhe é caro. Assim como a cena com o pai, dentro do carro. Assim como quando nos é lida a carta da irmã. Assim como a última sequência, morrendo na praia, algures na Bretanha, expirando à medida que o sol se põe, ao som de Arvo Pärt.
Assim como cinema em estado de graça neste drama intenso e brutal, é a última reportagem fotográfica que Romain decide fazer aos seus e a tudo quanto lhe é caro. Assim como a cena com o pai, dentro do carro. Assim como quando nos é lida a carta da irmã. Assim como a última sequência, morrendo na praia, algures na Bretanha, expirando à medida que o sol se põe, ao som de Arvo Pärt.
4 Comentários:
Não é por acaso que Arvo Pärt, e sobretudo o seu "Für Alina", têm sido muito utilizados em cinema. Exemplos: "Gerry", "Heaven" e um filme que descobri há pouco e me desarmou por completo: "Phantom Limb", do indie Jay Rosenblatt.
Esse do Rosenblatt desconheço por completo. Tem estreia marcada?
Não, é uma curta. Apanhei-o há duas ou três semanas no Onda Curta da 2:. É questão de estar atento, já que repetem filmes (principalmente, os melhores). Recomendo vivamente.
Tambem gostei bastante deste "Le Temps Qui Reste". Mesmo debroçando-se sobre um tema já bastante usado no cinema, consegue fugir aos estereotipos que facilmente poderia seguir. Um fantastico Melvil Poupaud e claro, a sempre deslumbrante Jeanne Moreau.
P.S. Vamos lá ver uma coisa que achei de certo modo perigosa. Se a chegada de Brokeback trouxe alguma coisa de negativa foi o facto da eminencia de se cair neste erro. Não vamos agora pensar que todo e qualquer filme em que uma ou mais personagens sejam Homossexuais foi feito pelo impeto de conseguir ter o mesmo sucesso de teve Brokeback. Porque se assim fosse, então a história do Cinema estava marcada por resquicios do "efeito de variados filmes com personagens Heterossexuais". Alias, este filme nem se centra na homossexualidade do protagonista. Mas mesmo que se centra-se, qual seria o problema? seria tão digno como qualquer outro tema.
Cumps.
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