Marty & Jack, dupla irresistível
Em «The Departed», mais do que saber até que ponto Scorsese consegue suplantar, ou não; com toda a sua paleta de competências (câmara, montagem, olho clínico, sentido de ritmo, direcção de actores, capacidade de inovar, etc.) o hong-konguiano «Internal Affairs» (não consegue! mas, também, seria essa mesmo a ideia?), é ver até que ponto um actor é o próprio filme: Jack Nicholson. A resposta é óbvia e imediata: os minutos, poucos, em que Jack não aparece em frente da câmara, são como a dor de um viciado, quando lhe falta o vício, são nada. Nicholson está sublime, esmaga tudo e todos, como sempre, aliás. Custou a Scorsese ter um filme com ele como actor, foi longa a espera, mas valeu a pena.
No mais, o filme é um daqueles exercícios de estilo, curtos, duros e secos, com que Marty nos brinda de tempos a tempos, entre os seus devaneios mais encorpados, quando resolve pincelar outros géneros com o seu talento de artífice inspirado. E é no filme de gangsters que o autor de «Cape Fear» se sente bem, como peixe na água. Desta vez, contudo, o produto final não é vintage (aliás, nem se chega a perceber porque foi buscar Scorsese o nome de um famosíssimo gangster do período mais fértil da Máfia norte-americana, Frank Costello, que viu morrer Anastassia e Genovese, por exemplo, e que morreu na reforma dourada, há relativamente pouco tempo ... para figura central desta adaptação americana de um sucesso oriental. Terá sido o nome? terá sido um herói-vilão do seu tempo?), e está mesmo alguns furos abaixo da bitola do realizador (sobretudo por falhas evidentes a nível da história - o envelope que teima em não ir para o lixo; o volte-face de Damon contra Nicholson; a não denúncia do camarada de armas contra Di Caprio; um não desconfiado Martin Sheen na sequência do Metro, etc.), o que quer dizer acima da maior parte da dos outros...
Há momentos bons, sublimes, até, como a matança defronte ao prédio abandonado, por exemplo, em que a fotografia de Ballhaus, a montagem de Shoonmaker e a precisão cirúrgica de Scorsese fazem com que pareça fácil uma sequência deveras difícil de compilar, grau a grau de frisson, aproximando-nos do clímax, passo a passo. E há aqueles planos iniciais em que vemos a silhueta negra de Nicholson, atravessar-se-nos à frente, de um lado ao outro da tela, várias vezes, puxando pela palavra e narrando o estado de coisas, em voz off. E, depois, há os outros actores, uns mais (Di Caprio e Mark Wahlberg) e outros menos (Baldwin e Damon), e, sobretudo, uma actriz, Vera Farmiga, que irá fazer carreira.
No mais, o filme é um daqueles exercícios de estilo, curtos, duros e secos, com que Marty nos brinda de tempos a tempos, entre os seus devaneios mais encorpados, quando resolve pincelar outros géneros com o seu talento de artífice inspirado. E é no filme de gangsters que o autor de «Cape Fear» se sente bem, como peixe na água. Desta vez, contudo, o produto final não é vintage (aliás, nem se chega a perceber porque foi buscar Scorsese o nome de um famosíssimo gangster do período mais fértil da Máfia norte-americana, Frank Costello, que viu morrer Anastassia e Genovese, por exemplo, e que morreu na reforma dourada, há relativamente pouco tempo ... para figura central desta adaptação americana de um sucesso oriental. Terá sido o nome? terá sido um herói-vilão do seu tempo?), e está mesmo alguns furos abaixo da bitola do realizador (sobretudo por falhas evidentes a nível da história - o envelope que teima em não ir para o lixo; o volte-face de Damon contra Nicholson; a não denúncia do camarada de armas contra Di Caprio; um não desconfiado Martin Sheen na sequência do Metro, etc.), o que quer dizer acima da maior parte da dos outros...
Há momentos bons, sublimes, até, como a matança defronte ao prédio abandonado, por exemplo, em que a fotografia de Ballhaus, a montagem de Shoonmaker e a precisão cirúrgica de Scorsese fazem com que pareça fácil uma sequência deveras difícil de compilar, grau a grau de frisson, aproximando-nos do clímax, passo a passo. E há aqueles planos iniciais em que vemos a silhueta negra de Nicholson, atravessar-se-nos à frente, de um lado ao outro da tela, várias vezes, puxando pela palavra e narrando o estado de coisas, em voz off. E, depois, há os outros actores, uns mais (Di Caprio e Mark Wahlberg) e outros menos (Baldwin e Damon), e, sobretudo, uma actriz, Vera Farmiga, que irá fazer carreira.
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