Filmes em revista sumária # 34
O que «era» em «Flags of Our Fathers» de Spielberg, «é» agora de Samuel Fuller em «Letters from Iwo Jima». Essa é a grande conclusão que se pode tirar deste filme de guerra claustrofóbico, subterrâneo, mesmo, passado numa ilha, ou melhor, em buracos de uma ilha (meia-vulcânica meia-rochedo) que havia de mudar a história da 2ª Guerra Mundial ... aliás, este mesmo filme de Eastwood (melhor dizendo, esta 2ª parte do díptico dedicado ao episódio Iwo Jima) fica na história do cinema como pertencente ao lote do que melhor se filmou sobre aquele teatro de guerra, ombreando agora com filmes como «Tora, Tora, Tora» (de R.Fleisher) ou «Hell in the Pacific» (de Boorman). Neste filme, Clint, em vez de dar o protagonismo às sequências bélicas ou ao facilitismo dos bastidores «back home», resolve tomar conta do assunto pelo prisma do autor de «Baionetas Caladas» (1951), dando-nos um impressionante testemunho do dia-a-dia do soldado isolado, esquecido, irremediavelmente perdido à espera da inevitabilidade ... e fá-lo-no chegar de forma directa, através de cartas escritas pelos próprios soldados do Sol Nascente, cartas enterradas, porque nunca enviadas.
É certo que é curioso ver-se a tentativa argumentativa, vã, de fazer crer ao espectador que apenas os japoneses bafejados pelo contacto em tempos com a civilização norte-americana - o General Kuribayashi (um fabuloso Ken Watanabe; como sempre, aliás) e o Tenente-Coronel medalhado nas Olimpíadas de L.A. -, só esses conseguem ter o discernimento necessário para, não só gizarem um plano de defesa mais moderno e eficz, como para separarem disciplina rigorosa e honra de crueldade contraproducente, e lealdade e dever pela pátria, de obstinação bacoca. «Letters from Iwo Jima» tem uma impressionante carga dramática, não tanto pelo sangue, suor e lágrimas das suas duas horas e meia, mas pelo discurso directo do que vamos vendo, sabendo que se muito daquilo é ficção, outro tanto será realidade. Nesse sentido, os fãs de Spielberg preferirão «Flags of Our Fathers», os de Fuller, «Letters from Iwo Jima». Seja como for, eis uma justa e comovente homenagem ao Japão!
É certo que é curioso ver-se a tentativa argumentativa, vã, de fazer crer ao espectador que apenas os japoneses bafejados pelo contacto em tempos com a civilização norte-americana - o General Kuribayashi (um fabuloso Ken Watanabe; como sempre, aliás) e o Tenente-Coronel medalhado nas Olimpíadas de L.A. -, só esses conseguem ter o discernimento necessário para, não só gizarem um plano de defesa mais moderno e eficz, como para separarem disciplina rigorosa e honra de crueldade contraproducente, e lealdade e dever pela pátria, de obstinação bacoca. «Letters from Iwo Jima» tem uma impressionante carga dramática, não tanto pelo sangue, suor e lágrimas das suas duas horas e meia, mas pelo discurso directo do que vamos vendo, sabendo que se muito daquilo é ficção, outro tanto será realidade. Nesse sentido, os fãs de Spielberg preferirão «Flags of Our Fathers», os de Fuller, «Letters from Iwo Jima». Seja como for, eis uma justa e comovente homenagem ao Japão!
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