Filmes em revista sumária # 92
Como diz o meu amigo AA, e bem, a Coppola deve-se dar o benefício da dúvida, sempre. Foi o que fiz. E todos devem fazer. Mesmo que, como é o caso, o filme seja um filme menor, considerando, bem, que o já veterano Francis Ford, para além de homem com imenso bom gosto e génio criativo, é o demiurgo, à la Welles, que resta na 7ª Arte, e, portanto, tudo quanto se lhe exija seja a perfeição, «apenas». Isto para dizer que:
«Youth Without Youth», não deslumbrando, enquanto peça de autor, ou filme experimental – Coppola já não tem a mesma idade de quando rodou «Tonight for Sure» -, é um filme bastante bonito, e tem bastante do toque de Coppola, sem ser de Midas, contudo. O melhor que se pode dizer do filme é que nos faz ir a correr em busca de livros de Mircea Elliade.
Trata-se de um romance com contornos do fantástico (aqui e ali lembra Meyrinck), passado em vários cenários, em várias dimensões, físicas e mentais, sobre um homem a quem é dada uma segunda oportunidade para levar por diante o seu projecto de busca da origem do verbo. Uma busca egoísta, que, contudo, nesta segunda chance há-de perder em favor da sua amada.
Pena que se trate de um filme claramente descompensado, que começa em grande (desde o genérico inicial, aliás): estilo, visual, narrativa, personagens, interpretação de Tim Roth, etc. – e com sequências brilhantes (veja-se as cenas passadas no hospital psiquiátrico, a armadilha da vamp de ligas com suástica, os primeiros tempos sob a neve, os encontros do casal, o reencontro ocasional, na Suíça, a dimensão mística). Mas não chega. Talvez seja um filme comprido demais, ou talvez que o «crime» seja só um: o autor é Coppola. Venha o próximo, s.f.f.
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