Filmes em revista sumária # 137
É de facto notável como Eastwood se conseguiu impor a todos quantos o vilipendiavam, nem há 20 anos, protagonizando e filmando agora da mesmíssima maneira que o fazia nos idos de 70. Um grande senhor que se recusa a ceder. Hoje é um tremendo e justíssimo ícone. Que a gerência deste blogue agradece sobremaneira.
Wally, perdão, o Walt de «Grand Torino» é exactamente o mesmo protagonista, de poucas falas, fácies esculpido a talho de foice e presença intimidante que caracterizaram tantos dos seus filmes enquanto cowboy justiceiro sem nome, por exemplo, ajudando populações e mulheres violadas por vilões cobardes, muito na linha de «Shane», claro, que serviu de escola a todos que lhe sucederam.
O fabuloso Ford que dá nome a este mais recente e também fabuloso filme de Eastwood, funciona aqui algures entre um macguffin sem nexo que não o aparente, e metáfora para a razão de ser do filme: a redenção de uma personagem consigo mesmo.
O filme é belíssimo, rodado naquele modo calmo de Eastwood, lembrando muito o também belíssimo e sentimentalão «Honkytonk Man» (de 1982 e a revisitar de imediato!) e tem momentos de auto-paródia inolvidáveis por todos os outros de uma nostalgia masoquista que só muito poucos conseguem filmar. Contudo, aquele final de assombro sofrendo na pele o que costumava fazer sofrer nos filmes de antanho, só pode surpreender o espectador mais incauto, pois era o único desenlace possível. Ainda por cima temos direito a Eastwood cantando no final, quando o Ford arranca rumo a um mundo novo. Para aplaudir de pé!
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