Filmes em revista sumária # 183
Por muito que Spike Lee seja um bom realizador (e que disso não haja dúvidas) a verdade é que «Miracle at St. Anna» seria o território perfeito para Samuel Fuller, e como Lee não é Fuller (verdade La Palissiana, claro) o filme resulta descompensado, arrancando bem ao início (o crime, as histórias que começam por ser paralelas mas que sentimos irem cruzar-se mais cedo ou mais tarde), mas rapidamente se vê impregnado de clichés: racial (branco americano vs. negro americano, soldado americano vs. mulher italiana libertada, etc.) e situacional (chefia militar bestial vs. chefia intermédia humanista, italiano fascista vs. italiano resistente, etc.), e, mais do que isso, perdido numa excessiva retórica, cada vez mais previsível.
O filme vale essencialmente por 2-3 coisas: o busto da Primavera e a alegoria respectiva, o “gigante de chocolate” (quiçá com Omar Benson Miller a acenar ao Óscar de melhor secundário) e, claro, as sequências de acção, sobretudo aquelas nas margens do rio e as dentro da aldeia, a fazerem lembrar Spielberg e/ou Mallick. Resumindo: fica-se com a sensação de ser o livro muito superior ao filme, e de se ter desperdiçado um sem-número de bons ingredientes naquele que poderia ser uma obra-prima, e quando isso acontece ...
0 Comentários:
Enviar um comentário
Subscrever Enviar feedback [Atom]
<< Página inicial