Filmes em revista sumária # 199
Alain Resnais é, de facto, um autor extraordinário, um realizador capaz do maior dos experimentalismos (como diz, e bem, João Lopes) sem nunca sair do registo em souplesse, poético, mesmo, mesmo que a câmara entre em movimentos considerados audazes para um realizador veterano como ele; capaz, portanto, de se reinventar a cada filme que realiza. Sentido de humor refinado, cinema sempre jovem, extraordinária direcção de actores e aquele je ne sais quoi que faz com que nunca se queira que os seus filmes terminem.
Disso é prova «Les Herbes Folles», em que à custa de homenagem declarada à aviadora Hélène Boucher (veja-se a refinada menção ao cinema americano de guerra e os consecutivos planos de Dussolier à saída do cinema, revisitando mentalmente o que acabou de visionar), as pulsões e o desejo andam à solta – “désir du désir”, Resnais dixit - , tal qual as ervas daninhas que irrompem das nesgas existentes entre as pedras da calçada. Quando for grande gostava de ser … Tudo a partir de um fait divers, neste caso o roubo de uma mala. Um filme muito bonito.
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