Filmes em revista sumária #314
Se fosse música, «O Deus da Carnificina» seria música de câmara, interpretada por um quarteto de virtuosos, tão capazes e afinados em sintonia como enquanto solistas (cada qual tem o seu momento magnífico a solo), e regida por um também virtuoso realizador que marca o ritmo, sabe o que conduz e quem conduz, desde logo psicologicamente, mais a mais num campo, o combate mano-a-mano intramuros , em que sempre soube reger, veja-se, por exemplo, «Death and the Maiden», de 1994 – por acaso coincidente com a celebérrima peça teatral também de Yasmina Reza, «Arte». O tempo passa a correr e no fim sabe a pouco, e isso só está ao alcance de poucos.
Claro que Reza podia ser menos papista que o Papa, na crítica corrosiva óbvia que faz à sociedade que persistimos em construir e ser, mas gosta quem quer, e a mais não se é obrigado. E claro que o filme lembra «Quem Tem Medo de Virginia Wolf». E depois? Fica “apenas” a certeza de estarmos perante uma pequena e sublime pérola cinematográfica, cujos momentos talvez mais bem conseguidos sejam o clímax da embriaguez de Winslett e a evolução das expressões de Christopher Waltz.
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