Quando a guerra se fazia nas trincheiras
Embora «Joyëux Nöel» pareça à primeira vista um filme sobre a famigerada guerra de trincheiras da Grande Guerra (sub-género onde Kubrick foi decisivo com «Paths of Glory»), em que os pobres soldados, longe dos gabinetes de Lüdendorff ou Foch, combatiam de baioneta em riste e gás mostarda pela frente (independentemente da facção, como hoje já está provado), esta co-produção europeia aposta antes numa visão optimista e humanista da coisa. O homem, mesmo o soldado mais arrebatado e agressivo, tem sempre o seu lado bom à flor da pele, endémico, mas o que se passa é que quase nunca se nos revela, porque quase nunca se lhe dá essa oportunidade. E que melhor oportunidade do que o Natal?
Foi isso que pensaram três regimentos, um alemão, um francês e um escocês, que resolveram fazer tréguas durante a Consoada e comemorá-la como sendo irmãos de uma mesma família. E a música fez o resto. A música da gaita de foles, mas sobretudo a música feita canto de ópera. Claro que depois se levantou um problema imediato: um problema de indisciplina perante os superiores de gabinete. E ainda outro problema, mais perene: uma vez estabelecida uma relação de cordialidade, como recomeçar a guerra? E a guerra, para aqueles três regimentos passou a ser uma "guerra do Solnado", de consequências inevitáveis a todos os níveis.
Esse episódio, parcialmente verídico (que foi censurado durante décadas até que alguém descobriu a correspondência dos soldados), é do que trata «Joyëux Nöel», um filme que podia ser melhor, se não fosse tão novelesco (muito por culpa da música lamechas); mas que também poderia ser pior, não fora aquela magnífica encenação, digna dos melhores filmes de guerra de antanho, e aquela auto-crítica permanente, tão politicamente incorrecta.
Foi isso que pensaram três regimentos, um alemão, um francês e um escocês, que resolveram fazer tréguas durante a Consoada e comemorá-la como sendo irmãos de uma mesma família. E a música fez o resto. A música da gaita de foles, mas sobretudo a música feita canto de ópera. Claro que depois se levantou um problema imediato: um problema de indisciplina perante os superiores de gabinete. E ainda outro problema, mais perene: uma vez estabelecida uma relação de cordialidade, como recomeçar a guerra? E a guerra, para aqueles três regimentos passou a ser uma "guerra do Solnado", de consequências inevitáveis a todos os níveis.
Esse episódio, parcialmente verídico (que foi censurado durante décadas até que alguém descobriu a correspondência dos soldados), é do que trata «Joyëux Nöel», um filme que podia ser melhor, se não fosse tão novelesco (muito por culpa da música lamechas); mas que também poderia ser pior, não fora aquela magnífica encenação, digna dos melhores filmes de guerra de antanho, e aquela auto-crítica permanente, tão politicamente incorrecta.
1 Comentários:
vais-me desculpar mas nao concordo c tudo o que dizes. entao "O homem, mesmo o soldado mais arrebatado e agressivo, tem sempre o seu lado bom à flor da pele"??? e os soldados que nao participaram nessa confraternizaçao? e o escoces que ia matar um alemao enquanto os outros assistiam a missa?
the resto acho que concordo contigo, o filme tava bom mas nao era nada do outro mundo, e aquela cantoria toda e a historia lamecha do casal alemao era escusada.
um abraço, keep going!!!
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