Um western algo perdido no deserto australiano
Que a grande mais valia do filme fosse a fotografia e a música, era improvável que assim não fosse dado o cenário natural australiano que a isso se presta, e o habitual talento de Nick Cave, tão desconcertante quanto melodioso; nada de mais, portanto. O problema é que o filme não se fica pelo evidente e pretende meter Peckinpah, Conrad, polícias em crise existencial, aborígenes vs. colonialismo vitoriano, enfim, tudo no mesmo saco. Daí que o argumento de «The Proposition» se mostre muito pretensioso, apesar do seu bom ponto de partida; isto é, passados os primeiros minutos de apresentação das personagens (a melhor de todas é a de Emily Watson) e do maior ou menor encanto da fotografia, a verdade é que não é muito verosímil que perdidos nos antípodas civilizacionais, assassinos a monte, quais animais irracionais, matando quando se lhe dava na real gana, apenas por nihilismo militante, ainda tivessem tempo para se instruirem nas suas tocas, citando este, cantando aquele, por entre pó, álcool, pus e sangue... nesse aspecto o filme não deixa de ser cómico.
De qualquer modo o filme tem um punhado de cenas de cortar o fôlego, que valem a deslocação: o cerco e o tiroteio na cena de abertura de ataque à cabana onde os dissidentes da quadrilha se escondem, claramente evocativa do autor de «The Wild Bunch»; todas as sequências privadas entre Ray Winstone e Emily Watson, autenticamente pictóricas; e a matança final, o acesso de Pearce como justiceiro «à la» Clint. Os actores têm alguns excessos, sendo o único perdoável o de Hurt, esse actor fabuloso, que teima em não sair de cena.
De qualquer modo o filme tem um punhado de cenas de cortar o fôlego, que valem a deslocação: o cerco e o tiroteio na cena de abertura de ataque à cabana onde os dissidentes da quadrilha se escondem, claramente evocativa do autor de «The Wild Bunch»; todas as sequências privadas entre Ray Winstone e Emily Watson, autenticamente pictóricas; e a matança final, o acesso de Pearce como justiceiro «à la» Clint. Os actores têm alguns excessos, sendo o único perdoável o de Hurt, esse actor fabuloso, que teima em não sair de cena.
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