sexta-feira, outubro 20, 2006

Auto-questionário de Proust

Há anos, podia procurar Milton por todo o lado, que não existia. Até que encontrei uma edição de finais do séc.XIX, encadernada a rigor, em meia-francesa, em pele completa, papel amarelado quase nada aparadoe ainda com sêlo do encadernador (não, não é o Raul Almeida!). Era «Paraíso Perdido». Demorei a lê-lo, não tanto como «Ulisses» mas demorei. Cada palavra uma parábola, que tem de ser lida, absorvida e processada convenientemente. Desde que o li, que está no meu questionário do dito cujo. Há pouco tempo, surgiu uma nova edição do livro em capa colorida, com Adão e Eva como Deus os deitou ao mundo. Peguei nela e perguntei-me por que razão os livros velhos não podem ser clonados... E Milton no cinema, é infilmável? A única referência registada nunca a vi, será uma coisa (simpática?) feita por um dos realizadores em voga no período de ouro do cinema mudo italiano: Luigi Maggi, e tem o título de «Satana». O resto são mil e um plágios para isto e para aquilo. Será que algum dia alguém pega na obra máxima de Milton, como Murnau pegou na de Goethe?

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