sexta-feira, outubro 06, 2006

Flores para De Palma, Scarlett, Hillary, Ellroy e ... Conrad Veidt!

Há já anos que as novelas policiais de Ellroy são sucesso garantido junto de Hollywood, e daí às salas, um pulo. Sorte? Merecimento? Cunha? Talvez um pouco de tudo, mas o que importa neste filme de De Palma é mesmo a intriga e o ambiente. E se a primeira deriva de Ellroy, o segundo é da quase completa responsabilidade de quem dirige «Dália Negra», ainda por cima sendo como é uma co-produção búlgara!

Mas, atenção, isto não quer dizer que o filme não sofra de excesso de zêlo pelos ferrenhos de um ou de outro: a história tem um desenlace aparvalhado (a personagem de Fiona Shaw é puro truque; há uma certa confusão entre os anos 40 e o filme de Paul Leni, «O Homem que Ri», que é de 1928; assim como os décors art-déco são muito anteriores ao tempo a que se refere o filme, por exemplo), e o realizador revisita-se em excesso (a sequência da escadaria, e o grande plano-sequência do encontro do corpo da Dália, por exemplo).

Mas isso não parece ser problema, porque à medida que a história avança, as coisas compõem-se, o interesse aumenta e de um momento para o outro, passam por nós memórias de filmes de Garfield (o boxeur revoltado), Cagney e Harlow, Ladd e Veronika Lake (a alusão ao filme baseado em Chandler), etc., etc., e isso significa que o filme cumpre integralmente a sua missão de nos devolver a envolvente dos filmes negros do período de ouro de Hollywood. Só por isso, vale a pena ver o último de De Palma: a homenagem a esses tempos.

Notas finais:
1. Este é um filme de mulheres, apesar de parecer o contrário. Não só Scarlett (e como esta ninfa é um caso sério de fotogenia e domínio do espaço de cena!) e Hillary Swank subjugam os seus parceiros de cena (fraquitos), como a personagem ausente, apesar de mal interpretada, é o fio-da-meada que interessa seguir.
2. Brian de Palma foi um dos meus realizadores preferidos com «Vestida para Matar», «Body Double» e «Scarface». Apesar do pastiche e da pompa. E continua a sê-lo.
3. A melhor sequência do filme pertence por inteiro a Conrad Veidt, o colossal actor que eternizou na tela a personagem que Victor Hugo criou. «The Man who Laughs» é um filme imprescindível em qualquer dvdteca-videoteca que se preze.

1 Comentários:

Blogger Hugo disse...

Este é um grande filme. Acho é que se arrisca a ser incompreendido por muita gente: há que saber um bocado de História do Cinema para apreciar isto. OS planos e mudanças de cena lembram velhos clássicos, retoma-se a atmosfera noir,etc...

Apesar dos pecados na adaptação - e são muitos - De Palma fez um grande, grande filme. Quanto às obras do Ellroy, convenhamos que são magistrais.
Duas dúvidas: 1) será que alguém já percebeu que tinha alguma piada adaptar o Quarteto de LA recorrendo a actores fixos (algumas personagens são comuns a todo o o enredo).

2) será que alguém terá coragem de adaptar american tabloid ou the cold six thousand (obras que, literalmente, "pedem" uma adaptação) ?

Cumprimentos

3:28 da manhã  

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