segunda-feira, março 19, 2007

Filmes em revista sumária # 39

Se é verdade que não se pode ficar indiferente nem ao poder narrativo de Somerset Maughan nem ao sufoco deslumbrante do vale do Yang-Tsé, nem muito menos aos olhos de Naomi Watts ou ao magnetismo de Edward Norton (é de facto um actor superlativo); a verdade, porém, é que «Painted Veil» é um filme cujo balanço final desilude tremendamente, tendo em conta a riqueza (previsível, porque não o li) do texto de Maughan, o cenário natural e a parelha de actores principais de elevado gabarito, aliás plena de «química». Essa desilusão começa a manifestar-se ao fim da primeira parte, altura em que o filme sofre uma quebra nítida, ficando monótono e empastelando, sem chama, durante tempo excessivo, para recuperar apenas já perto do fim, com algumas cenas bem conseguidas, designadamente no orfanato e nas ruas da aldeia... talvez porque a personagem de Diana Rigg (e que saudades de Ema Peel...) tome conta do filme, talvez porque isso coincida com a entrada em cena da atmosfera nacionalista por que a China passava na altura em que o filme decorre, atmosfera algo esquecida até então.

Talvez sim, talvez não. A verdade é que parece que o realizador, John Curran, não esteve verdadeiramente à altura de Maughan (esse risco, que era à partida previsível, acabou por se tornar incontornável), deixando cair o filme num filme bonito, mas aqui e ali roçando o «teer jerk» para consumo de plateia feminina de meia-idade em diante (aliás, largamente maioritária na minha sessão), o que é pena. Nota máxima para a música de fundo, especialmente para o solo de piano, e para o secundário Toby Jones.

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