Filmes em revista sumária # 44 (*)
Neste regresso de Hal Hartley e de Henry Fool & Cia., muito mais que a posição oblíqua da câmara, o ritmo e a sagacidade dos diálogos (sempre cortantes), a montagem ou o humor completamente à solta de «Fay Grim»; o que realmente é novidade é o toque geo-político da coisa: o até agora anónimo e urbano-depressivo poeta-almeida, Henry Fool, vira peça fundamental no xadrez da espionagem internacional, perigoso activista e gurú nonsense do terrorismo fundamentalista. Hartley revela-se imparável na charge à actualidade, na crítica corrosiva aos medos, conspirações e demais macaquinhos no sótã, e revisita inclusivamente algum imaginário cinéfilo (as perseguições nos telhados de Paris, por ex.), mas quebra nitidamente na ponta final do filme, ao querer coser abruptamente e de forma séria as várias pontas sem nó que foi deixando, aqui e ali; talvez se prepare para nova sequela, daqui a uns anos, quiçá. Há ainda algumas ideias de se lhe tirar o chapéu, como seja aquela da chave do enigma residir numa inscrição dentro de um caleidoscópio porno, que é sucessivamente mirado por uma resma de religiosos a fim de a decifrarem ... Seja como for, é sempre um enorme prazer assistir-se a um filme de Hartley, um cineasta que teima em passar ao lado não só do mainstream como da mediocridade das ideias. De aplaudir é a sua vinda a Lisboa; que venha mais vezes!
(*) Só desta vez, uma crítica antes da estreia.
2 Comentários:
.....quem é a bonitona na foto?
JA
é a actriz principal, Parker Posey...PF
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