Filmes em revista sumária # 118
À partida, poder-se-ia pensar que «W era mais um manifesto anti-Bush, alinhado pelo oportunismo fácil que singra no meio cinematográfico, cíclica e claramente enviesado, diga-se, para um dos lados da balança do campo eleitoral norte-americano, e dado o c.v. de Oliver Stone nestas coisas das bios a políticos. Contudo, seja por vontade deste último, seja porque, de facto, a personagem central do filme é de tal modo genuinamente americana, a verdade é que «W» cedo se revela como um retrato simpático do homem mais poderoso do mundo, visto não tanto como um safado exterminador de árabes mas antes como um cowboy atirado para a ribalta da política por razões que a razão desconhece, e que nada tem a ver com a política de salões, feita de intrigas e terríveis ‘cabalas’. Custa a acreditar como é que tal é possível na maior democracia do mundo, mas W. é o que é, a mais não é obrigado e a culpa não é dele nem de quem o elege, mas antes de quem o permite: o sistema.
Cinematograficamente falando, «W» é um biopic acima da média, embora com alguns pontos mortos, sobretudo quando abarca os tempos de juventude de W., claramente descompensados, quer a nível de precisão histórica e ‘memória descritiva’, como de fôlego de argumento. O filme sobe de patamar sempre que a acção passa à sala oval e demais lóbis. Josh Brolin está um magnífico actor. Realce para as aparições de Richard Dreyfuss, um soberbo actor que nunca encontrou o verdadeiro estrelato (só a ele se deve), e de Stacy Keach. Stone comporta-se bem: não há piruetas de câmara nem música estonteante.
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