segunda-feira, novembro 24, 2008

Filmes em revista sumária # 122


Notas prévias: Ainda não li o livro de Saramago; uma coisa é um livro, uma outra, bem diferente, é um filme; haver manifestações contra este filme é a prova que o mundo pirou. Dito isto, há filmes que me compelem a ler o livro que lhe deu corpo e vice-versa. Por outro lado, há muito poucos casos em que a adaptação cinematográfica é fiel ao livro ou, ainda, em que o filme está ao nível do livro. Mas raríssimo é o caso em que um livro é pior do que o filme que o adaptou.

Enquanto objecto cinematográfico não se pode dizer que «Ensaio sobre a Cegueira» seja um mau filme, que não é. E, certamente que não deve ser visto como filme catástrofe, nem como mero episódio LP da ficção científica de uma «Twilight Zone», que não pretende ser, pois a carga simbólica do estado de cegueira é óbvia e só mesmo desconhecendo por completo a obra do escritor se poderá confundir as coisas: «Ensaio sobre a Cegueira» não é ficção científica, é ensaio, e ela existe, oh se existe. Basta desbravar a linha editorial dos telejornais que diariamente nos assolam o quotidiano, alertando-nos para que também nós não nos findemos na nossa cegueira. Ela existe e é militante. Manifesta-se pontualmente e está prestes a disparar nas mais variadas barbaridades contra-natura, se a ocasião lhe for propiciada.

Um filme com uma mensagem destas, claramente, teria que assentar em duas coisas: uma narrativa poderosa e uma fotografia assombrosa. A segunda, consegue, a primeira, falha. A primeira confunde-se toda, imersa que está em um entendimento do 1º grau a algo que deve ser profundo, intimista e pessoal - humano. Meirelles devia ter sabido contornar as dificuldades e coser as pontas (exemplo recente disso foi «Happening», de Shyamalan).Em vez disso, desgasta-se a explicar os pormenores todos, tintim por tintim, quando a metáfora, melhor dizendo, a parábola fala por si.

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