quarta-feira, dezembro 09, 2009

Filmes em revista sumária # 184


«Tetro» poderia ter sido o regresso às obras-primas do mago Coppola, mas não foi. E não foi, diga-se, por causa das “n” auto-revisitações (descaradas) a «Rumble Fish» e «One from the Heart» (até mesmo a «Tonight for Sure»), ou do seu tom tão wellesiano, mas porque há algo que corre mal na última meia-hora do filme. O quê? Talvez a história se arraste, pastosamente, a partir da cerimónia dos prémios presidida por Carmen Maura; talvez o tango e o drama gingões da Buenos Aires não “colem” com a luta interior das personagens centrais (pais e filhos); talvez sim talvez não, mas que este belíssimo filme de Francis Ford podia ir mais além ainda, lá isso podia.

Visualmente, contudo, não podia estar melhor, assumindo-se como a prova provada, curiosa, de que o P/B é compatível com o cinema digital. Aí é Coppola ao seu melhor, mesmo quando se sabe que algumas das áreas sensíveis ao cinema de excelência do pai da Sofia, como sejam a fotografia, a música e os décors, tenham mudado de mãos em «Tetro». O contraste entre o claro e o escuro, o dia e a noite; mas também entre o grande-plano e plano-profundidade. Isso e a ópera, personagem quase omnipresente na sua obra. Isso e a direcção de actores, que está impecável: Vincent Gallo não passou os limites como costuma, facto que se agradece, e Maribel Verdú está impressionante. Há sequências notáveis como a do velório ou a do atropelamento iminente por causa do cachorro que se solta. Seja como for, Coppola está de regresso.

2 Comentários:

Blogger Ricardo António Alves disse...

A Maribel Verdú está sim senhor, impressionante; e também gostei do V. Gallo. Tirando a parte final comCarmen Maura, gostei bastante do filme.
Ab.

2:03 da tarde  
Blogger Unknown disse...

Também me lembrei de Welles. E concordo, Coppola estar de volta é a melhor das notícias.

11:26 da manhã  

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