Filmes em revista sumária # 292
«Meia-Noite em Paris» é o regresso de Woody Allen ao outro lado do espelho, de que «A Rosa Púrpura do Cairo» será o melhor exemplo do que já fez. O argumento é brilhante, especialmente a analogia da meia-noite que dá título ao filme e propicia à personagem do insípido Owen Wilson uma viagem à Paris dos anos loucos e de Josephine Baker & Cia., com a abóbora que vira carruagem na Gata Borralheira, só que aqui os ponteiros do relógio rodam ao contrário...
Woody Allen mantém a sua juventude, o seu inesgotável talento para diálogos de truz e aquela veia romântica e aquele bom gosto, sempre de se lhe tirar o chapéu. A direcção de actores peca por alguma displicência, talvez porque as personagens, referência das artes e daquela época, fossem bigger than life, e portanto quase impossíveis de serem “representadas”.
Ficam ainda o ritmo, a paródia, os discos dos gramofones (ah, que maravilha de banda sonora!, mais uma…) e Paris, claro. Mas não tenhamos ilusões: «Match Point» continua a ser o seu melhor filme das últimas décadas. Contudo, e se este ritmo frenético de produção se mantiver, talvez que o próximo de Allen passe a sê-lo sem que tenhamos sequer metade da publicidade que esta “meia-noite” tem tido, indiscutivelmente hiper-valorizada. Ah, já me esquecia: aqueles anos são de facto irrepetíveis…
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