quinta-feira, junho 28, 2012

Filmes em revista sumária #346

Vê-se em «Prometheus», claramente, que a ficção-científica é o território onde Ridley Scott tem mais à-vontade, melhor dito, o lado fantasista da sci-fi é onde o realizador de «Alien» dá mais largas ao seu comprovadíssimo bom gosto e ao grau sofisticado da sua imaginação: o cuidado evidente no design, no equilíbrio imagem-espaços-música (veja-se a cena junto a The Old Man of Storr, na Ilha de Skye, a lembrar a alvorada do «2001» de Kubrick…). Que disso não restem dúvidas.

Dúvidas há, e há muitas, em saber por que carga de água Scott não deixou «Alien» em paz?! Ou seja, «Prometheus» prometeu muito mas cumpriu apenas os mínimos. Como é possível um argumento assim, por demais trapalhão? E os apartes existenciais que só aborrecem, de tão primários? E há coisas inconcebíveis, como sejam a péssima caracterização da personagem representada (?) por Guy Pearce, e variadas pontas soltas (o que foi que bebeu o primeiro engineer do pré-genérico inicial, para que depois o seu (nosso) DNA desabasse? E a tirânica personagem representada pela sempre bela Charlize Theron, sempre era humana e filha do empresário maquiavélico, ou o seu ar marcial era apenas para nos fazer crer o evidente: há humanos piores que robots?).

Claro que mesmo assim há cenas notáveis, talvez a melhor mesmo seja a da auto-I.V.G. (não violou nenhuma legislação em vigor?!) de Noomi Rapace (pobre aprendiz de Sigourney Weaver…), quando destrói o terrível embrião, que afinal não chega a ser destruído e no final ainda tem tempo para se fundir ao pobre do engineer que ainda restava, para assim dar à luz o filão de aliens que já conhecemos e que os cofres de Scott e demais produtores agradecem, pois então.

No meio de tudo isto, a personagem mais conseguida em «Prometheus» é a do andróide David (elogio ao astronauta da obra imortal de Kubrick, por contraponto à do implacável computador HAL?), e neste particular vão cinco estrelas para Michael Fassbender, cuja carreira continua a subir. Melhor cena aquela onde vai encestando bolas à medida que vai rodando de bicicleta.

Sendo assim o filão vai continuar a dar, mas «Alien» só há um, o de 1979 e mais nenhum, mesmo que Ash, o robot representado então pelo fabuloso Ian Holm tenha agora em David um homólogo à altura.

2 Comentários:

Anonymous José Couto Nogueira disse...

Concordo com tudo o que diz o Paulo, de bem e de mal. Gostei do filme, mas mais pela estética e pela realização em si, do que pela história, que cobre os "mínimos" e tem disparates que mesmo em ficção (ou, sobretudo, em ficção) não se desculpam. Por exemplo, o modo atabalhoado e amador como todos astronautas, certamente escolhidos a dedo, lidam com as situações, reagindo temperamentalmente, não cumprindo as seguranças mínimas, etc. Se isso se admitia no Alien, em que a tripulação eram mineiros a andar por percursos conhecidos (presume-se) neste caso não faz sentido. Ah, sim, dispensava-se o namoro e a queca.

1:10 da tarde  
Blogger Paulo Ferrero disse...

He, he, he, e o que andou ali a fazer o Luther? Abr.

12:05 da manhã  

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