Filmes em revista sumária #384
Pouco importa se Tarantino confunde, ignora ou parodia datas e factos, ou se quem sempre odiou o subgénero italiano (não poucas vezes co-produções euro-americanas…) que teve o seu auge entre os anos 60 e 70; o que importa é que «Django Unchained», logo pelo seu título, é apenas uma homenagem aos western spaghetti (por favor, não confundir com westerns) . Sendo assim, poderá haver melhor? Não.
Tarantino não perdeu o jeito, de forma alguma, e só mesmo pré-indispostos ao subgénero mais tão popular pelos antigos cinemas da Baixa, poderá dizer que o autor de «Jackie Brown» já era… Os seus diálogos de “ponta e mola”, irresistíveis, estão bem patentes nas sequências de abertura (verdadeiramente assombrosa, na calma desconcertante com que tudo é manipulado pela personagem de Waltz), por exemplo, e da chegada da comitiva a Candyland, em que de uma assentada Tarantino parodia Tara e o Pai Tomás, dois dos maiores ícones do imaginário norte-americano (e em termos de paródia, que dizer do ataque dos proto-KKK à carroça do dentista? Mel Brooks, puro). Ainda tem tempo para homenagear mestre Leone, mais Corbucci & Cia. (Re)calcar os escravos-lutadores Mandingo (vão já a correr ver o filme homónimo de Richard Fleisher, ok?), os fazendeiros ignorantes mas pedantes, o facto de ser um alemão a tomar partido dos escravos, etc., etc. Ah, e isto tudo debitando a imagem de marca dos sempre vilipendiados western-spaghetti: muito sangue, muito tiro, muito sadismo, muita personagem patibular, muita fealdade. Só faltou foi Morricone…
Quanto a desempenhos, dizer que o extraordinário Christoph Waltz rouba quase todas as cenas em que entra, e entrou definitivamente em Hollywood. E só não rouba as de Di Caprio porque Di Caprio não deixa (este está fabuloso no passeio de charrette e na chegada a Candyland, no jantar, e em todo o duelo de olhares, palavras e gestos do “duelo” com Waltz. Jamie Foxx cumpre mas não deslumbra. Samuel L. Jackson deve ter pregado gargalhadas sem fim a todos durante a rodagem… Pelo meio aparecem os já esquecidos Don Johnson (irreconhecível), Robert Carradine e Bruce Dern e, claro, Franco Nero, o “verdadeiro” Django.
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