terça-feira, fevereiro 12, 2013

Filmes em revista sumária #388


O último filme do grande PTA é, de certa maneira, uma decepção, ou, pelo menos, provoca certo desencantamento a quem dele espera muito mais. Dir-se-á que depois de uma ‘enormidade’ cinematográfica chamada «There Will Be Blood», seria impossível a Anderson igualar-se, quanto mais superar-se. De acordo. Não que «The Master» seja um mau filme, nem por sombras. Mas fica a pergunta: será que é preciso ser-se americano para melhor se assimilar este seu «The Master»?

A quem nutra pela cientologia tão ou mais indiferença quanto por um anúncio da Omo, em nada adiantarão, nem aquecem nem arrefecem as peripécias de bastidores, as explicações tontas sobre a origem alienígena do Homem, o desenrolar dos fios que mestre “bonecreiro” vai manietando sobre cada triste alma que se lhe predispõe; o charlatão pregador de pacotilha (aliás, Elmer Gantry arrasou desde logo com toda a possível concorrência…). E filmes sobre os traumas da guerra (e então sobre a 2ª Guerra Mundial…), é coisa que não falta. E, ainda, usar-se o filme para se tecerem ilações acerca do ‘sonho americano’ e das desilusões respectivas, parece-me um tudo ou nada demagógico.

Nesse sentido, o filme de Paul Thomas Anderson torna-se muito mais interessante enquanto labirinto pela busca incansável, ‘esquizo-frenética’ (permanente delirium tremens?), que o protagonista (e aqui também divirjo: actor principal, só mesmo Phoenix) leva pelo seu ‘eu’, mas sempre contra tudo e contra todos, desde logo contra si próprio… aliás, sem as cenas de profundo e desesperado dramatismo da personagem central (na areia da praia, no ‘cesto de gávea’ do navio de guerra, fugindo nos campos arados, etc.) mais de metade da empatia com o filme teria desaparecido ao fim do primeiro sintoma de sonolência.

Joaquin Phoenix tem aqui o melhor papel da sua vida (e quanto não será da sua própria?) e está tão bem que até apetece bater-lhe (mas, infelizmente, Day-Lewis há só um…). Seymour Hoffman e Amy Adams são aqui de facto secundários, ainda que involuntariamente. E, vistas bem as coisas, este filme de difícil trago tem quase tudo dos filmes do rebelde Dean.

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