Filmes em revista sumária #397
Havia a obra-prima no Mudo, por Murnau; fica agora a referência para o cinema sonoro: «Fausto», por Sokurov (aliás, não podia ser por mais ninguém…). Pese embora uma sonoplastia demasiado ruidosa que se faz sentir nas cenas de exteriores, por culpa da dobragem, suponho. Pese embora uma adaptação talvez demasiado livre do texto de Goethe (mais Mann, a saga pela alma, via genitais?), que troca as voltas ao que se leu há tempo demasiado e exila o nosso imaginário pré-concebido. Pese embora alguns engulhos narrativos em que o filme se deixa cair, talvez por excesso estilístico do realizador (os momentos com a lente enviesada, por ex., aquando da entrada de Fausto na ‘loja’ do diabo), mas que logo ficam para trás mal a prodigiosa câmara de Sokurov volta a decidir ‘tratar do assunto’ e seguir em frente. Pese embora isso, o filme é poesia pura; sente-se, cheira-se e saboreia-se. Tem momentos espantosos, de um deslumbramento visual e estético a toda a prova, a começar pelo da sequência onírica inicial (homenagem a Murnau, claramente), ou aquela pictórica passada com as mulheres lavadeiras, ou a da sedução de Margarida, por Fausto (ai aqueles grandes-planos!). Momento sublime, o do ‘mergulho’ dos amantes. E que o Inferno seja um imenso fiorde gelado, sim... E Que Viva Sokurov!
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