terça-feira, maio 21, 2013

Filmes em revista sumária #399


Di Caprio não tem culpa (muito menos terá Scott Fitzgerald…) da veneta frenética com que Baz Luhrmann resolveu recuperar para o nosso tempo a personagem inacreditável chamada James Gatz, perdão, Jay Gatsby, que Redford (muito mais do que Ladd, diga-se) houvera protagonizado para a posteridade da cinefilia em 1974, apesar do filme de Jack Clayton estar longe de ser uma obra-prima enquanto tal quanto mais ombrear sequer com o fabuloso livro. Curiosa e precisamente, o melhor deste filme do autor de «Moulin Rouge» reside nas cenas deixadas de fora dos seus tiques alucinados e historicamente incorrectos e do frenesim pirotécnico em que tudo se desenrola; vejam-se, por exemplo, a belíssima cena em que Gatsby vai deitando camisa a camisa sobre Daisy, ou aqueloutra da discussão em crescendo entre os dois ‘galos’ no pré-acidente, a primeira de uma poesia à Fitzgerald, a segunda de uma tensão dramática notável, o que prova que Baz pode e sabe fazer muito melhor do que videoclips ‘marados’. As 3-D são para rir e completamente desnecessárias (já cansam…). Os rostos de agora não são os rostos dos anos 20, disso já todos nos demos conta; e aquele ambiente, pese embora todos os efeitos especiais e mais alguns, é impossível de revisitar sem o toque de um génio que Baz não é. Mesmo assim, o filme vê-se bastante bem (melhor que o passado no refúgio de Toulouse Lautrec… mesmo que no mesmo registo de cores à BD e música massacrante) e há qualquer coisa que nos continua a bater bem fundo aquando do epílogo: a culpa, claro, essa é toda de Fitzgerald. Revisite-se a versão de 74, já.

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