O Quarteto está pelas ruas da amargura
Pode ler-se no Público de hoje:
"Quarteto baixa preços para atrair público ao cinema, por Diana Ralha. Jovens, estudantes e idosos passam a pagar dois euros a partir de Dezembro"
A questão é simples: o Quarteto já não é o que era, e não consegue voltar ao que era.
Era local de peregrinação de cinéfilos em demanda de cinema de autor e filmes de vanguarda. Durante metade dos seus 30 anos de vida (comemorou-os na semana passada!), o Quarteto rivalizou com os cinemas tradicionais, as grandes salas e os cinemas de bairro, apesar dos seus écrans diminutos e das escadinhas para cima e para baixo. Foi mesmo o primeiro multiplex a afirmar-se no mercado lisboeta. Tudo graças ao empenho, ao traquejo e ao bom gosto de Pedro Bandeira Freire.
O ambiente tinha uma certa fleuma urbano-depressiva, com muito fumo, discussão sobre o que se estava a ver, travo de café e mastigadelas do pão-de-ló de Alfeizerão, do barzinho do Sr.Juvenal. Os arrumadores e as bilheteiras faziam parte do mobiliário e aquilo era simpático. E assim foi sendo até alguns anos atrás, quando Bandeira Freire se cansou, farto de ser estrangulado pelo cartel dos distribuidores e por nítido cansaço físico. A crise instalou-se durante algum tempo (com direito a descontos de INATEL e tudo) , até que Bandeira Freire resolveu sub-alugá-lo à Castello Lopes, via LNK.
A coisa ainda funcionou nos primeiros tempos, com a exibição de alguns filmes em exclusividade, mas rapidamente a má influência dos herdeiros da CL se fez sentir ... CL que já tinha matado o seu bébé de sempre - o Condes - havia pouco tempo, e quase fazia o mesmo ao seu outro bébé lisboeta, o Londres; diz-se que os herdeiros dos manos Castello Lopes só pensam no dinheiro dos multimédia ...
Agora? Já não vou ao Quarteto há muitos, muitos meses. E só esporadicamente voltarei lá. Porquê? Porque não gosto de ouvir o projeccionista ao telemóvel enquanto o filme é exibido. Porque para ver os mesmos filmes que outros cinemas têm, com coca-cola e tudo, vou a outros cinemas. Porque não gosto de respirar o pó e os miasmas daquelas cadeiras. Porque fiquei sem o Sr.Juvenal e sem as minhas bilheteiras preferidas. Porque não gosto de ver os arrumadores sem uniforme, de sandálias e de camisa havaiana, como os vi da última vez. Porque não voltarei enquanto Bandeira Freire não tomar conta daquilo ...
"Quarteto baixa preços para atrair público ao cinema, por Diana Ralha. Jovens, estudantes e idosos passam a pagar dois euros a partir de Dezembro"
A questão é simples: o Quarteto já não é o que era, e não consegue voltar ao que era.
Era local de peregrinação de cinéfilos em demanda de cinema de autor e filmes de vanguarda. Durante metade dos seus 30 anos de vida (comemorou-os na semana passada!), o Quarteto rivalizou com os cinemas tradicionais, as grandes salas e os cinemas de bairro, apesar dos seus écrans diminutos e das escadinhas para cima e para baixo. Foi mesmo o primeiro multiplex a afirmar-se no mercado lisboeta. Tudo graças ao empenho, ao traquejo e ao bom gosto de Pedro Bandeira Freire.
O ambiente tinha uma certa fleuma urbano-depressiva, com muito fumo, discussão sobre o que se estava a ver, travo de café e mastigadelas do pão-de-ló de Alfeizerão, do barzinho do Sr.Juvenal. Os arrumadores e as bilheteiras faziam parte do mobiliário e aquilo era simpático. E assim foi sendo até alguns anos atrás, quando Bandeira Freire se cansou, farto de ser estrangulado pelo cartel dos distribuidores e por nítido cansaço físico. A crise instalou-se durante algum tempo (com direito a descontos de INATEL e tudo) , até que Bandeira Freire resolveu sub-alugá-lo à Castello Lopes, via LNK.
A coisa ainda funcionou nos primeiros tempos, com a exibição de alguns filmes em exclusividade, mas rapidamente a má influência dos herdeiros da CL se fez sentir ... CL que já tinha matado o seu bébé de sempre - o Condes - havia pouco tempo, e quase fazia o mesmo ao seu outro bébé lisboeta, o Londres; diz-se que os herdeiros dos manos Castello Lopes só pensam no dinheiro dos multimédia ...
Agora? Já não vou ao Quarteto há muitos, muitos meses. E só esporadicamente voltarei lá. Porquê? Porque não gosto de ouvir o projeccionista ao telemóvel enquanto o filme é exibido. Porque para ver os mesmos filmes que outros cinemas têm, com coca-cola e tudo, vou a outros cinemas. Porque não gosto de respirar o pó e os miasmas daquelas cadeiras. Porque fiquei sem o Sr.Juvenal e sem as minhas bilheteiras preferidas. Porque não gosto de ver os arrumadores sem uniforme, de sandálias e de camisa havaiana, como os vi da última vez. Porque não voltarei enquanto Bandeira Freire não tomar conta daquilo ...
2 Comentários:
Quarteto, nao é do meu tempo, embora conheca o nome...onde
é que isso?
Fica na Av. E.U.A, junto à entrada do viaduto, do lado direito de quem sobe a avenida vindo de Entre-Campos.
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