quarta-feira, junho 14, 2006

Fiquei amigo de Dean

Se é certo que a maior parte das personagens deste «Os Amigos de Dean» (do russo-canadiano estreante Arie Posin) mais parece fazer parte de sociedade americana (e não só) dos anos 60, completamente tupperwarizada, por outro lado é com renovado prazer que se vai vendo o filme, sabendo de antemão que há coisas que nunca mudam, mesmo que os anos mudem: as aparências iludem. E é por esse diapasão que alinham os habitantes de um aparentemente pacato, harmonioso e idílico empreendimento americano, escondendo verdades, encenando amizades, reprimindo sentimentos, etc.

Este é um daqueles melodramáticos polvilhados de charge social a que ninguém fica indiferente, sobretudo pela simplicidade do argumento e pela superior direcção de actores, que dão corpo, na sua maioria, a personagens muito bem achadas, com realce para as das mães-avestruzes, Glenn Close e Allison Janney, e Ralph Fiennes, como mayor que descobre um segundo eu, como artista, juntamente com uma incontornável Carrie-Ann Moss. Onde o filme cansa é no acompanhar excessivo dos jovens delinquentes, que talvez umas bofetadas bem dadas tivessem evitado tanta tensão (Camille Bell, que era levada à loucura por Daniel Lewis, em «A Balada de Jack e Rose», é a melhor das personagens juvenis). Tudo déjà vu, portanto; mas como não faz mal nenhum insistir na tecla, o filme merece amplamente a deslocação. A melhor cena do filme, essa é a do atropleamento do jovem Billy, que projectado bem alto e com o olho a sangrar, identifica o jacto no céu. A música de James Horner é sempre uma mais valia e o genérico inicial é imperdível, seja por que razão for.

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