segunda-feira, novembro 27, 2006

Shakened, not stirred?


Vamos por partes: este «Casino Royale» tem várias semelhanças (os nomes e as marcas, sobretudo) com o livrinho de Ian Fleming, que inicia aquela colecção da Europa-América que preenche um parte daquela prateleira, mas tem ainda mais diferenças: o casino não é em Montenegro, mas na Normandia; Vesper é agente da S.M.E.R.S.H. e confessa-o a Bond, e não uma vítima de chantagem; Leiter não é negro; etc., etc. Daí que a história deste filme tenha muito mais de Paul Haggis, e das suas habituais linhas cruzadas, do que propriamente do universo linearmente aventuroso da pena do ex-espião Fleming. E, depois, quem acredita que no Montenegro de hoje há pictórico como a Menaggio do Lago de Como? E casinos para milionários excêntricos?

Mas falando estritamente do que se vê, vê-se que os herdeiros Broccoli puxaram, bem, a brasa à sua sardinha, e conseguiram fazer com que o que parecia morto, voltasse a ser um filão: o agente secreto mais famoso do mundo torna-se musculado, acrobata, sempre em pé, um Action-Man louro. A canção-tema deixa de ser passível de entoação ou memorização, porque se tornou barulho moderno. Bond não quer saber se o dry Martini é mexido ou abanado, e, de metralhadora em punho, qual herói-gangster, avisa que vem aí uma sequela.

As sequências de acção estão muito bem feitas, e o filme só cai - e que tremenda queda ele tem - quando ela desaparece, na sequência do jogo de poker, por sinal naquela sequência em que nunca devia ter caído. Pouco talento de Campbell? Actores mal dirigidos? Atmosfera inexistente? Contudo, nem isso nem o facto de na sequência da derrocada da veneziana os transeuntes dos barcos estarem a olhar noutra direcção (e as discrepâncias em relação ao livro), evitam que este «Casino Royale» deixe de ser o que é: um bom filme de espionagem, acção e pancadaria.

Quanto a Daniel Craig, como vão longe os papéis de inspector da polícia em séries televisivas. É um excelente actor - até «Sylvia» praticamente sempre secundário - e só temo que se deixe estigmatizar pela personagem, agora que ascendeu ao estrelato. Eva Green está muito bem enquanto Vesper, mas daí a considerá-la uma Bond Girl, vai uma grande distância...Os vilões? Mas há algum?

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