Filmes em revista sumária # 40
«non voglio fare un film su Berlusconi, sto preparando una commedia» (Moretti dixit).
Descontados o auto-plágio (a trama familiar, a cançoneta dentro do automóvel, a presença repetida da actriz que era filha em «O Quarto do Filho», etc.) e a conhecida sanha de Moretti por Berlusconi (assumida oficialmente, para evitar equívocos, e muito bem); o que sobra de «Il Caimano» é um filme desconexo, aqui e ali pontuado por momentos verdadeiramente notáveis, como que a dizer que Moretti é muito mais do que um altifalante anti-Forza. Repare-se na extraordinária direcção dos actores que compõem aquela família à beira do abismo, numa verdadeira comédia à italiana - e palmas para o actor Silvio Orlando, fazendo lembrar um Gassman ou um Sordi, de Risi ou Scola. Repare-se no modo astuto como o autor de «Caro Diário», que é um verdadeiro resistente ao cinema fácil; faz a ponte entre os políticos da encenação e o cenário da política ... e do cinema, que se desmonta facilmente, bastando para isso um bulldozzer. Repare-se também como parodia magistralmente o próprio mundo do cinema, através das personagens dos actores representados por Michele Placido e pelo próprio Moretti. A cena em que se explica a mala de dinheiro, caído do céu, literalmente, é de antologia.
Contudo, pese embora toda a beleza da língua italiana e o fôlego de Silvio Orlando (misto do nevrítico Woody Allen e do iconoclasta Almodóvar), o filme derrapa nitidamente quando tenta ser libelo mais ou menos oportunista, andando cá e lá e mais parecendo por vezes precisar de um ponto de palco, do que propriamente ajudar a limpar de cena «Il Caimano». Moretti tinha a fasquia muito elevada... e acabou por deitá-la abaixo ao querer abarcar tanto em tão pouco tempo.
Descontados o auto-plágio (a trama familiar, a cançoneta dentro do automóvel, a presença repetida da actriz que era filha em «O Quarto do Filho», etc.) e a conhecida sanha de Moretti por Berlusconi (assumida oficialmente, para evitar equívocos, e muito bem); o que sobra de «Il Caimano» é um filme desconexo, aqui e ali pontuado por momentos verdadeiramente notáveis, como que a dizer que Moretti é muito mais do que um altifalante anti-Forza. Repare-se na extraordinária direcção dos actores que compõem aquela família à beira do abismo, numa verdadeira comédia à italiana - e palmas para o actor Silvio Orlando, fazendo lembrar um Gassman ou um Sordi, de Risi ou Scola. Repare-se no modo astuto como o autor de «Caro Diário», que é um verdadeiro resistente ao cinema fácil; faz a ponte entre os políticos da encenação e o cenário da política ... e do cinema, que se desmonta facilmente, bastando para isso um bulldozzer. Repare-se também como parodia magistralmente o próprio mundo do cinema, através das personagens dos actores representados por Michele Placido e pelo próprio Moretti. A cena em que se explica a mala de dinheiro, caído do céu, literalmente, é de antologia.
Contudo, pese embora toda a beleza da língua italiana e o fôlego de Silvio Orlando (misto do nevrítico Woody Allen e do iconoclasta Almodóvar), o filme derrapa nitidamente quando tenta ser libelo mais ou menos oportunista, andando cá e lá e mais parecendo por vezes precisar de um ponto de palco, do que propriamente ajudar a limpar de cena «Il Caimano». Moretti tinha a fasquia muito elevada... e acabou por deitá-la abaixo ao querer abarcar tanto em tão pouco tempo.
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