Entre o mistral e a lavanda #9

Já bem longe da lavanda, mas tampouco do vento, que não o mistral; imaginei-me Aníbal, filho de Amílcar, liderando milhares de elefantes a caminho de Roma, e da espada de Cipião. Foi então que me vi perdido em vales profundos, de um verde sufocante, totalmente diferente do da estradinha de Lagrasse de semanas atrás, a lembrar a nossa doce Arrábida. Havia grutas com lagos interiores, aqui e ali com canoas e watershoots.

Os Pirinéus haveriam de ser mais fáceis de vencer do que os Alpes, sem dúvida nenhuma, que ficarão para uma próxima ocasião, espero que a muito curto prazo, até porque Palladio nos espera.

Seja como for, e que me perdoe o inimitável Jansenista, mas esqueci-me de levar Lodge, quando entrei no claustro sublime da Catedral de St.Bertrand de Comminges. Ainda tentei ler as folhinhas que faltavam para o fim dos «Diálogos de Roma», do holandês mais português de todos, mas aquilo era demasiado para as aborrecidas diletâncias do espião de D.João III. Confesso que fiquei embasbacado: trata-se de muito mais que um claustro; ele é todo um retiro. Por mais que tentasse, não consegui da minha lente o diafragma correcto para recolher tamanha serenidade, pelo que a melhor das fotos nem transparece um décimo do que é aquele encantamento (não tenho os dotes do ilustre colega, paciência). Ainda bem que da segunda tentativa já não havia Tour que nos bloqueasse, pois teríamos perdido a vontade.
Já bem longe de tudo quanto dá título a esta série de posts, a chuva só apareceu em Saint-Jean-de Luz íamos já bem perto das Portas do Sol. Irritadíssimos com a "simpática" concièrge do La Poste (estou-me já nas tintas para se o Lafayette lá dormiu, ora!), perdemo-nos de amores pelo Devinière, ainda por cima porque nos lembra o génio de Rabelais, e aquela sua homónima pertinho do Loire.

Fica para a próxima, está prometido, mas nunca antes de anos, que isto já são muitas vezes ao mesmo, mesmo que valha sempre a pena uma paragem (obrigatória) na igreja (aquele retábulo, aqueles balcões, aquele órgão, Santo Deus!) onde se casou Luís XIV, e umas espadrilles basques, que é como quem diz, alpergatas de corda (inventadas por Madame Sandale), para a colecção aqui do rapaz. De qualquer modo, nesta magnífica costa basca francesa não há uma única vez que não chova, tiranos dos deuses.
0 Comentários:
Enviar um comentário
Subscrever Enviar feedback [Atom]
<< Página inicial