sexta-feira, setembro 14, 2007

Filmes em revista sumária # 57


Em «Sabor da Melancia», o cinema de Tsai Ming-Liang, feito de longos planos, em que tudo parece inerte mas não é, e sons que se tornam silêncios, o tratamento é, surpresa, de choque. Choque que faria corar de vergonha Solondz ou Gallo, para dar dois exemplos. Talvez perdido num dos seus planos-sequência enigmáticos, Tsai Ming-Liang deixa, ou parece deixar, o tom taciturno, a chuva, o subliminar gay, e vai ao oposto: o espalhafato, a seca, o porno hetero; tentando, e conseguindo mesmo, surpreender o fã mais incondicional, de onde me excluo. O filme até que resulta em algumas partes, sobretudo nos gags e nas coreografias musicais, mas parece que há confusão a mais, embora o que pareça não é, pois há sempre alguma coisa mais por detrás do plano aparentemente mais óbvio. Seja como for, o protagonismo deste filme desconcertante do «Manoel aisático» é todo ele, inteirinho, para as melancias, que aqui são usadas e abusadas, como convém, é claro, pois são frutas excepcionais, gustativa e visualmente falando.

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