Filmes em revista sumária # 142
Até que ponto um trauma muda uma personalidade a ponto de se ficar vazio de um momento para outro? E até que ponto um "new look" muda uma personalidade? Melhor dito: até que ponto quem quer ser outrem se socorre de um trauma ou de uma colorização de cabelo. E até que ponto essas mudanças podem ser profundas e irreversíveis. Parece que ambas as possibilidades existem de facto. E parece, também, que basta uma nova colorização de cabelo para que tudo volte a estar bem.
Que o diga «La Mujer sin Cabeza», filme desconcertante de Lucrecia Martel, feito de planos nada ortodoxos, diga-se [por vezes desenquadrados (decepando personagens, filtrados por vidros e gostas de chuva, ou mesmo pó, etc.], mas sempre belos; que dá conta exactamente de uma mulher que com um novo corte de cabelo incorre numa jornada fantástica, povoada de vazios e estranhezas, sortilégios e imperceptibilidades, algo conspirativos, numa espécie de "outro eu" saído do imaginário de Pirandello, por exemplo, mas ao mesmo tempo oco e colando a «Vertigo». Um filme diferente, de uma realizadora diferente, e de uma cinematografia distante que convém não ignorar.
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