Filmes em revista sumária # 147
«Deixa-me Entrar» é, antes de mais, uma ousadíssima experiência visual, filmada quase sempre em contra-campo, se assim se pode dizer, em que o momento mais sublime, estética e "metaforicamente" falando é aquele em que um imenso poodle branco presencia estupefacto, para depois participar avidamente, na sangria humana de que a neve, as árvores e a noite são cúmplices.
Este filme sueco, que está impregnado de Dreyer e Bergman (e também Lagerlöf) por todos os lados, da fotografia e da côr e da música sabiamente conjugada com a imagem, aos grandes planos e às profundezas das personagens e à presença dos actores (como que saídos do nosso quotidiano), tem ainda uma vertente irresistível: é uma charge óbvia aos tempos da guerra fria (aqui literal), à busca por uma identidade perdida entre a Escandinávia e a vizinhança, omnipresente e absorvente a leste, naqueles idos de 70 personificados por Brejnev.
Um dos melhores filmes do ano.
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