sexta-feira, agosto 06, 2010

Filmes em revista sumária # 215



Aparentemente rotulado de filme de ficção científica, «Inception» é, ou pretende ser, muito mais do que isso, não fora Christopher Nolan o seu realizador, um homem capaz de nos surpreender sempre e sempre, mau grado algumas escorregadelas como a do segundo Batman, totalmente desnecessário e tonto. Alicerçado em três pilares fundamentais para que uma receita tenha sucesso: elenco de luxo (não tanto por serem estrelas, que o são, mas porque actores realmente de primeiríssima água – por ex. a interpretação de Ellen Page, a «ninfetta» de «Hard Candy», é superlativa!), uma banda sonora poderosíssima de Hans Zimmer (who else?) e, obviamente, um argumento tão original quanto intrigado e absorvente; este filme, obtusamente traduzido por um simples «A Origem», é um verdadeiro terror para quem sonha e sonha que sonha, mas nunca “desce” ao 3º grau, talvez por recear o mesmo fim que o da sempre bonita Marion Cotillard.

É, ao mesmo tempo, o território ideal para dar largas à imaginação, explorando géneros cinematográficos (policial, espionagem, «western», …) mas cruzando estádios e experiências sensoriais, na descoberta por saídas de labirintos minotáuricos e, aí, Nolan é mestre, como se sabe, jogando com a montagem e com a fotografia, mesmo que desta vez tenha a ajuda de efeitos especiais primorosos.

Não será uma obra-prima (por culpa de algumas coisas por explicar – que máquina é aquela que usam para sonhar e sonhar que sonham? A ligação é intravenosa? – e pressupostos bacocos – tanta coisa por causa de um determinado monopólio?), mas muito do tal cinema, fusão de géneros e estéticas, que há-de vir, ficará indelevelmente marcado por «Inception», e isso terá sido a grande mais valia desta obra porque parece ter conseguido “implantar” essa mesma ideia na maioria das mentes.

Pessoalmente, preferia que Di Caprio tivesse ido ter com Cotillard, e estive até ao fim a ver se os filhos se viravam ou não para o pai, pois o final do filme teria sido mais negro e adequado ao padrão Nolan, mas isso é a minha visão catastrofista desta realidade que nos rodeia. Seja como for, um excelente filme.


N.B: Também os tradutores decidiram implantar a ideia no espectador de que subconsciente é igual a inconsciente, e isso não é verdade. Um ponto que pode ser decisivo para o visionamento do filme. Coisas…

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