domingo, novembro 07, 2010

Sessões extraordinárias #10


Determinada música tocada e cantada no concerto de Rodrigo Leão anteontem, transportou-me para um Coliseu ainda não aburguesado, sem cobertura de aço, cadeiras pindéricas a arvorar ao lírico, e a parafernália tonta de luzes que cobre o magnífico frontão de palco com as insígnias CR (coincidência). Naquele tempo, também, o camarote presidencial era para respeitar, não havia televisores nas paredes nem elevadores. Transportou-me para o cheiro da areia e da palha suja dos animais fabulosos da melhor das companhias de circo, os ursos gigantescos junto a meus pequenos pés, os felinos imensos que corriam indolentes à volta da arena, e depois se escapavam rapidamente por um túnel de grade ali a centímetros dos meus olhos, a contorcionista curvilínea, os trapezistas intrépidos e, claro, as veias inchadas do pescoço colossal do base que suportava a trupe de equilibristas. Saía-se pela rampa onde os carros e jaulas aguardavam pelos seus artistas inquilinos. Era o Circo Russo, que nunca mais voltou, nem com PREC.

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