Filmes em revista sumária #447
Mais do que estar à hora errada no local errado, o que aconteceu ao jovem Oscar Grant naquele «réveillon» de 2008 ficou como «reality show» para a posteridade, filmado que foi em tempo real por testemunhas várias de telemóvel em punho, e registado dali para a frente como prova documental de uma tramitação judicial subsequente que resultou em nada, ou quase nada, não para ele, coitado, que foi desta para pior, mas para os seus e para todos quantos pensaram que se fizesse justiça, o que se fez mas pela rama. Mas um registo também para quem o soubesse desenvolver ficcionalmente.
Este episódio de brutalidade policial sem nexo correu mundo, mas a história das 24h que antecederam a rixa que descambou no desfecho fatídico que dá título ao filme, nem por isso, pelo que foi em boa hora que Ryan Coogler nos trouxe «Fruitvale Station - A Última Paragem», recuperando o trágico episódio e o que o precedeu. E se nunca viremos a saber se Oscar Grant quis ou não quis de facto corrigir o rumo da sua vida naquele dia, recusando viver em fio-de-navalha, ou se foi «apenas» vítima das circunstâncias, uma coisa é certa:
Este filme tem um qualquer condimento que o coloca muito para lá do filme deste género, tantas vezes panfletário, lugar-comum, em que a regra é ver quem debita mais «rap» ou profere mais palavrões. Até porque o facto de ser uma histórica comprovadamente verídica não pode explicar tudo, nem o explicam a realização virtuosa de Ryan Coogler, que não se deixa cair em tempos mortos nem resvalar para a lágrima feita, nem sequer a angústia ou o imenso remorso da personagem da mãe, incarnada por Octavia Spencer, essa extraordinária actriz.
Não, talvez seja tudo muito mais simples, talvez seja simplesmente porque o que aconteceu ao malogrado protagonista podia ter acontecido a qualquer um. É essa a tragédia humana.
2 Comentários:
Gostei imenso do filme.
Ab.
Mitu, quase ;-)
Abraço
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